Quanto custa uma Mãe.

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Min passou o dia todo com uma expressão carrancuda, recusando-se a comer ou a tirar uma soneca à tarde, para descansar. Sempre que mencionávamos sua mãe, ela ficava irritada e saía correndo. Fiquei surpresa com seu jeitinho mal-humorado. Essa menina tinha a capacidade de adotar várias personalidades difíceis de lidar, e eu não sabia o que fazer. Já eram quase oito da noite e ela ainda não havia comido nada. Estava chocada e queria gritar ou brigar com ela, mas sempre que olhava para o seu rosto, me desfazia de compaixão.

— Min, isso é sério. Você não precisa querer comer, você precisa comer. — Falei mais séria, me abaixando na sua frente.

A menina virou o rosto, evitando me olhar. Suspirei e segurei sua mão, mas ela puxou bruscamente, se afastando.

— NÃO. — Ela gritou, com os olhos brilhando de lágrimas. — Você não manda em mim! Por que você não vai embora?

Sua explosão me chocou. Por mais séria que essa garota fosse, ela nunca agiria assim se não estivesse realmente incomodada com algo.

— Min...

A menina saiu correndo em direção à escada e subiu as escadas o mais rápido que pôde, indo para o seu quarto. Fiquei parada, ainda pensando na expressão dela. Estava confusa sobre ela ter ficado assim do nada, quando o som da porta se abrindo chamou minha atenção. Virei-me e vi Jungkook entrando.

— Você chegou cedo? — Perguntei, observando-o de cima abaixo.

— Sim?

— Sabe, você poderia falar com a Min. Ela não quis comer o dia todo e, toda vez que eu tentei forçar, ela começou a chorar e...

— Mas isso é o seu trabalho. — Ele me interrompeu, tirando o blazer sem nem olhar na minha direção.

Apertei os lábios. O homem educado de hoje cedo havia desaparecido.

— Meu trabalho? Ela é sua filha!

Ele fechou os olhos, olhando na minha direção e depois levantando as mãos.

— Presta atenção, Hwa. Minha mãe e a Hyu me dizem coisas parecidas. Eu não preciso ouvir um sermão de uma empregada.

As palavras dele me deixaram furiosa. Se olhares matassem, aquele homem à minha frente estaria desmaiado. As pontas dos meus dedos começaram a formigar e dei passos firmes em sua direção. Para minha surpresa, ele nem se mexeu, apenas colocou as mãos nos bolsos. Cheguei perto o suficiente e agarrei sua gravata pela blusa, puxando-o com força, fazendo seu corpo inclinar levemente para frente. Ele encarou meu rosto, surpreso. Quase franzi as sobrancelhas enquanto lançava o olhar mais mortal e cheio de ódio que eu conseguia.

— Escuta aqui, seu desgraçado. Você acha que o mundo gira em torno de você? Quantas vezes você vai humilhar alguém só para alimentar seu ego? — As sobrancelhas da figura alta começaram a se estreitar. — De quem você acha que é a culpa por sua filha ser uma criança traumatizada e de mau humor?

Eu estava apertando sua gravata tão forte que sentia minha unha perfurar minha pele. Lágrimas começaram a encher meus olhos contra minha vontade.

— Se alguém tem obrigação com aquela menina, é você, e não a "empregada" que poderia acabar com a sua vida agora.

Jungkook permaneceu imóvel, olhando fundo nos meus olhos, como se pudesse ver minhas memórias através deles. Foi só então que percebi o quão perto estávamos um do outro. Soltei sua gravata para me afastar, mas antes que pudesse me distanciar mais, ele segurou minha mão e deu mais um passo em minha direção, me fazendo recuar. Antes que eu pudesse reagir, ele puxou meu braço, não me permitindo afastar.

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