Sombras do Passado

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Um turbilhão de emoções distintas me engoliam e, inicialmente, eu não conseguia distinguir qual sentimento era o mais intenso. Talvez apenas as minhas atitudes pudessem revelar. Jun agarrou meu braço.

— Hwa...

Eu estava tão paralisada e chocada que mal conseguia pensar. Me abaixei, deitando seu corpo sobre a minha perna, e coloquei a mão em seu rosto. Um sorriso nervoso brotou em meus lábios, acompanhado por uma nuvem branca devido ao frio.

— Eu estou aqui... Estou aqui com você. Como sempre estive. — falei baixinho. — O que está sentindo?

Ele tossiu e sangue escorreu de sua boca, dilacerando meu coração lentamente. O homem riu fraco.

— Estou sentindo frio, mas é inverno, né? — Ele lutou para respirar.

Tentei engolir, mas minha garganta travou.

— É só por causa do frio, não é, Hwa? — Seu olhar suavizou quando ele me encarou. — Não vá embora, tá bem?

Eu apenas consegui concordar freneticamente com a cabeça, enquanto meu coração pulsava forte. Coloquei meu rosto contra seu pescoço e pude sentir sua pulsação desaparecer. Uma dor insuportável me dominou, e cerrei os dentes, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas. Escutei passos se aproximando e olhei rapidamente na direção deles.

— Doi, né? — Moon me olhava com frieza.

Naquele momento, consegui definir qual era o sentimento que prevalecia: raiva. Ódio, desespero, todos incontroláveis. Um som vindo dos alto-falantes e sirenes enchiam o ambiente. Moon olhou assustado e logo começou a correr em direção ao carro preto. Num impulso que não sei explicar, levantei-me e corri atrás dele.

O vento cortava meu rosto e minhas emoções pulsavam em minha mente e em meu peito. Não sei como, mas consegui alcançá-lo. No impulso, o puxei, e ambos caímos no chão. Rolei por cima do seu corpo e o pressionei contra o chão. Com as mãos em punho, acertei seu rosto diversas vezes. Meu cabelo tentava atrapalhar, mas a eletricidade e a raiva que consumiam meu corpo naquele momento eram mais fortes. Seu nariz já estava sangrando quando parei minha mão no ar, respirando rápido e ofegante.

— Doi? — quase grunhi a pergunta.

Ele tentou se mexer, mas eu pressionei minha perna contra seu corpo. Quando meus olhos viram a arma que ele deixou cair, minha mente me obrigou a pegá-la. Porém, quando fui fazer isso, os gritos dos policiais aumentaram e se aproximaram. Dois homens desceram do carro preto que Moon tentava alcançar. Ao pegar a arma, senti braços fortes agarrarem minha cintura.

— Fica quieta! — Os braços do policial prenderam meu braço.

Enquanto Moon se levantava rapidamente, mais dois policiais correram em sua direção, mas os homens que desceram o ajudaram. Não demorou muito para, em questão de segundos, eles desaparecerem no carro. Observei a cena atônita, possuída. Eu queria matar, matar qualquer um que aparecesse no meu caminho.

— Fica quieta, você está presa.

Me contorci, sentindo meu ódio aumentar. As algemas frias prenderam minhas mãos nas costas. Num rápido impulso com a cabeça para trás, acertei o rosto do policial, que gritou de dor e se agachou no chão.

— Me solta, droga! — Quase gritei. — Eles fugiram!

O outro policial veio em minha direção e segurou meu braço com firmeza. Eu estava prestes a cuspir em seu rosto quando uma voz cortou o ar.

— Solta ela!

Virei-me na direção dele. Era Taehyung, vestido e armado como um verdadeiro detetive do FBI. Apertei os lábios com raiva.

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