Rendição

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Taehyung me levou até a praça onde Jun costumava passar seus dias, nós nos sentamos inicialmente calados. Ele me entregou um bolinho que costumava comprar quando estudávamos, eu não estava com fome então apenas o segurava enquanto fitava o chão frio. Eu não iria ali por vontade própria novamente, e quando eu penso que tive a oportunidade de matar o assassino me sintia ainda pior por não ter feito.

— Gi, porque... — Eu o interrompi antes que continuasse.

— Até quando vai ficar me chamando assim? Nós já crescemos.

O rapaz pressionou os lábios e me olhou antes de responder.

— Porque eu gosto de " Gi ". Se lembra porque eu te chamava assim?

Eu não me lembrava, na verdade nem sei se algum dia ele me explicou o motivo disso, ele apenas dizia e parecia se sentir bem com isso.

— Não.

— Porque quando você diz " Gi " com bastante vontade, você automaticamente sorri.

Eu olhei para o seu rosto que parecia inocente e feliz enquanto ele mantinha um sorriso posado no rosto. Era um bom argumento, porém eu não sabia como reagir.

— O que você quer?

— Porque seu pai vivia aqui? O que aconteceu com vocês?

Me senti estranha, eu não queria falar sobre essas coisas, e nem mesmo sobre meu passado, mas ao mesmo tempo era isso mesmo que eu queria.

— Meus pais se divorciaram, minha mãe foi embora. Meu pai parou de trabalhar e começou a beber, gastou todo dinheiro que tinha nisso, e até pegou emprestado.

Fiz uma pausa enquanto encostava no banco e olhava para o céu. Não tinha muitas estrelas naquele dia, uma neblina fina cobria quase todo o céu.

— Eu tive que me virar pra sobreviver. Meu pai disse que só voltaria pra casa quando minha mãe voltasse, e então começou a morar aqui. Até um certo ponto eu tentava levá-lo de volta, mas desisti.

O olhar piedoso do agente pra mim fazia eu me sentir a mesma criança do passado, sem uma família, sem pais, vivendo apenas da caridade de pessoas ao meu redor.

— Não tenha pena de mim.

Ele negou com a cabeça.

— Não tenho. Te admiro.

— Também não quero que me admire. — Eu disse- lhe entregando o bolinho que eu nem mesmo toquei. — Agora que está atualizado sobre a minha vida, posso ir embora?

Taehyung hesitou por um momento e logo desviou seu olhar de mim.

— O que você fez para sobreviver?

Sua pergunta repentina era estranha, seu tom estava diferente de alguns segundos atrás.

— Trabalhei.

— Com o quê?

Bufei irritada e me levantei em seguida.

— Se você se importasse de verdade...

— Hwa, porque mataram o seu pai? — Seu tom firme e repentino me atropelou enquanto ele se levantava posicionando-se na minha frente. — Uma Máfia, eles não matam por matar. Aquele homem era uma das testemunhas da morte do ex mafioso.

Tae deu alguns passos na minha direção, prendi minha respiração observando seu jeito, eu estava diante de um dos meus maiores inimigos.

— Porque você estava naquele hotel? Porque salvou aquela criança? Você era uma das testemunhas daquele assassinato, ou Você.....

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