Na mira da Máfia

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O giroflex das viaturas iluminava quase todo o quarteirão, e a casa do Jeon estava lotada de policiais. Eu me encontrava no quarto, observando discretamente toda a movimentação pela janela, com medo de sair ou dizer algo errado. Tudo aquilo estava acontecendo por minha causa e eu me sentia impotente, a única coisa que eu conseguia pensar era em uma vontade inexplicável de fugir.

Me agachei, encostando na parede logo abaixo da janela. Ao passo que repetia o movimento de passar a unha diversas vezes pelo mesmo local, acabei ferindo meu dedo. A ansiedade e o medo me consumiam. Eu não queria viver dessa forma, nunca tive que passar por isso antes. Talvez, se meu ex-chefe não tivesse pronunciado seu nome com maldade antes de morrer, eu ainda estaria vivendo tranquilamente, trabalhando na máfia. Talvez não precisaria passar por tudo isso.

Enquanto pensava no Jeon, começava a invejar a vida dele, uma pessoa bem-sucedida que chegou onde está através de trabalho e dignidade. Eu queria poder viver como uma pessoa normal. Mas, sinto que, se a máfia não me matar, minha ansiedade irá me destruir antes.

Apertei os olhos sentindo um calafrio, quando batidas na porta me assustaram. Levantei-me imediatamente, olhando diretamente para a janela e as luzes desapareceram. Arfei, cansada, peguei meu celular e vi que já passava das três da manhã. Arrastei-me até a porta e as batidas se repetiram, abri e meu chefe estava do outro lado.

Seu rosto estava transformado, ele parecia cansado, sonolento e preocupado, muito diferente de todas as vezes em que o vi até agora.

— Os policiais foram embora. — ele disse, passando a mão no rosto. — Você tem um cigarro?

Seu rosto me deu pena, mas sua pergunta me pegou desprevenida.

— Você...

— Você faz isso para se acalmar, né? Então me dá um. — Ele disse, empurrando meu ombro e entrando no quarto, indo em direção à cama e sentando-se lá.

Me aproximei, colocando as mãos nos bolsos da minha blusa. Ele me olhou por alguns segundos.

— Você está bem?

— O que a polícia disse? — Ignorei sua pergunta e fiz a minha.

Ele pareceu perplexo inicialmente.

— Eles disseram que... estamos em Gangnam, e que a morte de um ex-mafioso pode ter gerado revolta, fazendo-os atacar civis inocentes. — Ele disse, cruzando os braços. — Também falaram sobre uma briga feia e um tiroteio em um antigo pub da cidade, tomei todas as medidas para nos manter protegidos.

Engoli em seco, a briga e o tiroteio no pub foram causados por minha culpa, assim como o tiroteio de ontem. Uma forte dor atingiu meu peito, impedindo-me de respirar corretamente por alguns segundos. Estava ansiosa, sentia minhas mãos tremerem e, quando fico assim, geralmente preciso de um cigarro.

— É só isso? Foi um ataque muito específico, você tem uma criança aqui, acho que o mais inteligente seria se mudar, ir para bem longe, fora de Gangnam.

Ele ergueu as sobrancelhas para mim, como se estivesse me analisando.

— Também achei específico...

Talvez eu tenha falado demais, mas minha preocupação falou mais alto neste momento.

— Acha que adianta fugir? — Sua pergunta me deixou paralisada por um momento.

— Vocês são inocentes, faça isso pela sua filha.

Ele parecia pensar, mas logo sua mente pareceu ir para outro lugar, seus olhos cansados o denunciaram. Respirei fundo, colocando o capuz do meu moletom.

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