- Lugares.
- Isso não é uma resposta.- para de insistir nisso João. Ela tá tentando cortar o assunto.
- Na verdade eu não fico João.- ela evitava me olhar- eu fico na rua. Claro e frio para caramba mas e simplesmente mais fácil do que .............do que ficar na casa de alguém e ele se achar no direito de fazer coisas que eu não estou disposta a fazer por um lugar pra dormir. Então e melhor dormir em um banco de uma praça. E é claro tem abrigos para pessoas....... pessoas como eu. Mas eu não posso voltar lá. Não desde .........- ela suspirou bem baixo.
- Tá, eu acho que não deveria me meter mas não estou conseguindo segurar minha curiosidade. Como você foi parar na rua?
Seus olhos sempre eram tão brilhantes. Agora eles estavam meio embasados e opacos. Ela ficou ali e fitou o nada por alguns minutos. Parece que um furacão estava passando pela sua cabeça. Ela parece estar tão ........quebrada.
Depois de quase 10 minutos assim eu fui tentar começar a falar
- Olha.........não precisa falar se não quisesser.
Ela não respondeu. Esta muito desconfortável ficar assim. Eu estou pensando em levantar quando ela me abraça. Ela está com a cabeça no meu ombro e está abraçada com meu braço. Ela suspirou bem baixo e começou a chorar. Meu Deus eu não tenho ideia do que fazer.
- Eu não tenho pai.- ela disse bem baixinho. Acho que mais para ela mesma. - quando eu era pequinininha minha mãe costumava dizer que ele me abandonou porque eu era insuportável e chorava muito quando era bebê. Por uns anos eu cheguei a sonhar em encontrar meu pai para ele me "salvar". Minha mãe bebia muito. Ela foi muito negligente e apesar de não me agredir físicamente ela me torturava verbalmente. Ela quase nunca ficava em casa mesmo eu sendo muito pequena. Eu tinha uns 4 anos e tinha a mania de, quando ela me "abandonava" eu ia para a casa de uma vizinha que era bem velhinha. A netinha dela tinha mudado de cidade e ela sentia muito a falta dela então ela me "adotou" como neta. Ela fazia muitos doces para ficar me esperando, lia histórias para mim, e me colocava para dormir na cama da neta dela. Como minha mãe sabia que eu sempre ia para lá ela parecia nem se preocupar em me abandonar. Na cabeça dela eu estaria bem porque a dona Lívia iria cuidar de mim. Eu comecei a frequentar a escola porque a avô Lívia me matriculou. Ela me levava andando pra escola para eu não ir sozinha ou pedia o Vó Sebastião para me levar no carrinho dele. Era bom, eu tinha pessoas que se importava comigo. Mas quando eu tinha uns 9 anos, a vô Lívia morreu em um acidente de carro. Eu comecei a ir ajudar o vó Sebastião a coisas do tipo cozinhar. Quando ela morreu eu estava aprendendo. Ele sempre dizia que eu lembrava muito ela, ele me elogiava muito. Ele foi o pai que eu nunca tive. Ele morreu uns 4 meses depois que ela. Eu passei a ficar mais em casa. Como eu já e como eu estava alta e estava bem desenvolvida pela puberdade, minha mãe desconsiderou que eu era sua filha e começou a me tratar como uma amiga. Eu adorei isso. Não era o recomendo para uma criança mais, ela prestava atenção em mim sabe? Por isso eu fiquei bem maldosa com 10 anos de idade. Quando tinha 13 ela começou a namorar um cara e mudou completamente. Ela virou minha mãe. Dona de casa. Cuidava de mim e do Carlos, o namorado dela. Ele demostrava que gostava de verdade de mim, então me apeguei a ele muito rápido. Ele inclusive começou a juntar dinheiro para fazer minha festa de 15 anos na Disney. Ele era fofo e atencioso. Depois agente realmente foi a Disney nós meus 15 anos, minha valsa foi com ele. Tudo começou a mudar quando agente voltou dessa viajem.
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Meu Lar
RomanceJoão e um cara normal que trabalha em uma cafeteira, não sai muito está cursando uma faculdade de Engenharia...... até que vê sua vida mudar quando se apaixona por uma garota que toca em frente a cafeteria que ele trabalha Adaptação "only place"