II - Em chamas

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-MANTENHAM A FORMAÇÃO!-Gritou o general na linha de frente.

Jimin puxou a corda de seu arco até o ombro. A flecha, do tamanho de seu braço, logo atingiria alguém. Com a velocidade que ela viajaria até o seu alvo e a poderosa ponta de metal, certamente a vítima teria seu corpo atravessado. E Jimin nunca errava um alvo. Os inimigos surgiram da floresta, correndo furiosos em direção ao regimento de pouco mais de 300 homens. O jovem arqueiro fixou sua atenção em seus "presas" e começou a atirar. Era preciso, implacável, mortal. Acertava sempre o peito ou a cabeça. Não piscava, respirava minimamente, tudo para manter a concentração. Acertou uma mulher grande e loira, no peito. Depois o homem que tentou ampará-la. Depois um jovem que correu na direção das duas últimas vítimas. Todos eles vestiam trapos, rugiam e rosnavam, mas não importava de onde vinham ou quem eram. Suas ordens eram claras: Matar. Ouviu uma movimentação a sua direita, apontando o arco imediatamente. Encontrou um par de olhos familiares. O homem estava com as mãos para cima, sua expressão era assustada. Atirou no meio do amplo peito. Sangue escorreu de sua boca e seus olhos foram tomados por uma tristeza tão profunda, que Jimin arregalou os olhos em desespero. O havia atingido.

-Ti...Miin...-Seu nome escorreu de seus lábios tão baixo, que só o próprio Jimin ouviu. Jeongguk caiu aos seus pés.

O castanho pulou da cama. Suado e ofegante, ficou desorientado por alguns segundos até constatar que estava em seu quarto.

-Foi um sonho...um...pesadelo-Colocou a mão no peito que subia e descia fortemente.

Passa a mão pelo suor da testa e se levanta. Apanha seu blusão bege aos pés da cama, vestindo-o. Suas roupas eram simples, velhas e gastas. Tinha apenas três hanboks, mas todos de cores escuras como marrom e preto. Só os usava quando precisava sair da fazenda. Enquanto estava ali, usava calças de tecido grosso e blusões de algodão. Abriu o armário de madeira para apanhar suas botas. Parou e olhou fixamente para o único traje mais refinado que tinha. Pendurado no canto direito do armário estava seu uniforme do exército. Era verde escuro com detalhes dourados, as botas eram pretas. Não usava nenhuma peça desde que voltou para casa. As memórias trouxeram o cheiro da guerra de volta a suas narinas, seu estômago se revirou imediatamente. Pegou o que procurava e fechou a porta do móvel. Abriu a porta do quarto, pouca luz iluminava a cozinha. Procurou por Jeongguk e o achou deitado no chão, ao lado do banco em que havia se sentado na noite passada, estava de costas e encolhido. Yeontan estava deitado próximo a ele, levantou a cabeça e abanou o rabo quando avistou Jimin. O castanho ficou confuso, pensou ter dito ao maior que dormisse no sofá de peles. Então se lembrou que não deve tê-lo feito porque não falava sua língua, não havia entendido o que queria de si. Lembrou-se das palavras estranhas que saíram da boca do maior. Nunca tinha ouvido falar que existiam outros idiomas, além da língua comum, como os tutores de seu país designavam seu idioma. Aprendeu que todos as três nações falavam, basicamente, a mesma língua. Algumas alterações de pronúncia as diferenciavam. A língua de Jeongguk era tão estranha para si, que não conseguiu identificar nenhuma palavra parecida com as que tinha em sua língua. Então lembrou-se que ele não era comum, e mais uma vez...seu estômago se revirou.

Jeongguk se remexeu e se sentou, virando para Jimin imediatamente.

-Ti-Min!-Disse seu nome de um jeito engraçado e sorriu.

O menor sentiu suas bochechas esquentarem.

-Devia ter dormido no sofá.- Apontou para o móvel coberto de peles e juntou as mãos em concha, encostando-as na bochecha. Esperava que ele entendesse seus gestos.

O maior continuou olhando-o inocentemente. Jimin deixou os braços caírem ao lado do corpo.

-É... não tem jeito.- Andou na direção da lareira.- Comida! Sim? Comida?-Sorriu para ele, pronunciando as palavras da maneira mais clara possível.

BEASTS [ABO]Onde histórias criam vida. Descubra agora