I - Noite de feras

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Quem é vivo... sempre aparece.
Eu tinha retirado todos os capítulos e pretendia reescreve-los. Mas já se passaram 2 anos, muita coisa mudou e, mesmo depois de tudo, não queria desistir da fic. Aliás, nunca desisti dela, nunca apaguei os textos originais do meu drive. Então, vou repostar tudo como tinha feito e seguir de onde havia parado originalmente. Espero que possa me perdoar.

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Um estrondo rasga a noite. Vozes desesperadas confundem os sentidos. A confusão se instaura nos estábulos. Vacas e cavalos derrubam as porteiras e correm para os campos. Os tratadores e pastores correm para tentar contê-los. Os guardas correm para os estábulos. Param em formação na frente da entrada. Arcos apontados na direção da escuridão do interior. Um uivo ecoa de dentro do lugar. Alguns guardas cambaleiam de susto. Um deles dá um passo à frente e joga uma lamparina no monte de feno, que se incendeia imediatamente. Um uivo mais alto é ouvido. As paredes de madeira do estábulo também se incendiaram. Outro uivo, mais próximo da entrada, faz os guardas recuarem. O fogo forma uma cortina à frente do estábulo. Os guardas abaixam seus arcos, acreditando que a ameaça havia sido neutralizada. De repente, a parede lateral explode e algo salta para fora da construção em chamas. Rola na grama e para de quatro, parecia um grande animal. Os guardas tentam posicionar suas flechas nos arcos, tremendo de pânico. Alguns desistiram e desembainharam suas espadas. A criatura fica em pé, o fogo alto revela sua aparência. Era um homem. Alto, provavelmente mais de 2 metros, longos cabelos pretos caíam sobre seus ombros, uma franja comprida e desgrenhada cobria sua testa. Usava uma calça imunda e rasgada, seu peito largo e musculoso era cheio de cicatrizes de tamanhos e formas diferentes. Uma coleira grossa de metal envolvia seu pescoço, iguais as que tinha nos pulsos e tornozelos.

-É um Bestial!-Um dos guardas exclamou alarmado.-Peguem-no!

Os homens se entreolharam exitando. O homem ouviu e começou a correr em direção ao grupo. Todos se desesperaram, um caindo por cima do outro, os poucos que conseguiram armar o arco erraram ao atirar, dois deles se prepararam para atacar com as espadas, mas o homem derrubou ambos com um chute poderoso no peito de um deles. Os dois caíram no chão arfando. O gigante continuou correndo, ganhando mais velocidade e se distanciando da mira dos arqueiros. Logo sumiu na escuridão da floresta.

(...)

-Uma boa caçada hoje, Yeontan! Conseguimos muita carne. Mais um pouco e o nosso estoque para o inverno estará completo.-Disse Jimin animadamente para seu cão.

Jimin era um pastor, morava a mais de 20 quilômetros da aldeia Kwangju, sua terra natal. Seu único companheiro era Yeontan, um cão de pelagem negra da raça Kai Ken. Ficou sozinho na velha cabana aos pés da montanha, quando seu pai faleceu a quatro primaveras. Cuidava do rebanho de ovelhas e plantações de legumes. Sobrevivia da caça e da troca de mercadorias pela carne e pele das ovelhas.

Jimin para de caminhar subitamente. O sol havia se posto a algumas horas. Mas a floresta estava quieta demais. Yeontan fareja o ar e rosna baixo, chegando mais perto do dono. Tanto silêncio só poderia significar a presença de um predador. A natureza sempre se cala ante o perigo. O suor começou a escorrer na está do rapaz, para seu azar, estava numa clareira. O que quer que o estivesse espreitando tinha visão total de si. Yeontan emitiu um choro baixo e se encolheu, indo para trás de Jimin, que ficou ainda mais apreensivo. Não poderia usar o arco, estava escuro e o esforço em seu manuseio retardaria seu tempo de ataque. Tirou o punhal da cintura e jogou o saco de caças para o lado. Separou mais as pernas, firmando os pés, levantou os braços na altura do peito em defensiva. Concentrou-se em sua audição. Ouviu um farfalhar a sua direita, olhou imediatamente, mas constatou que era apenas o vento. Olhou mais atrás e girou a cabeça para olhar por toda a volta. Congelou imediatamente quando viu uma sombra grande nas árvores à sua frente.Yeontan soltou um ganido e colocou a cabeça entre suas pernas. Nunca viu o cão tão aterrorizado desde seu infeliz encontro com um leão da montanha a muito tempo atrás. Mas aquilo com certeza não era um leão da montanha. Poderia ser um urso, mas para se apoiar em duas patas o animal teria urrado para si com a intenção de declarar território. A criatura o observava pacientemente em silêncio. Engoliu em seco, mexeu os pés, recuando alguns centímetros. Foi o suficiente. A criatura lançou-se das sombra com uma velocidade absurda, correu com as quatro patas na sua direção, vencendo a distância em segundos. Só pode ver seu longo pelo negro reluzir sob a luz da lua. Mas ao chegar a ele, o animal ergueu-se novamente em duas patas. Agarrou-o pelo braço que segurava o punhal e elevou-o do chão. Seus pés a mais de 30 cm do solo, a dor explodiu por seu braço e ombro pelo movimento súbito. Choque o percorreu quando voltou-se à criatura à sua frente. O sangue foi drenado de sua face. Era um homem. O homem mais alto que já tinha visto na vida. O pelo negro que viu era seu cabelo, comprido e bagunçado. Sua expressão era assustadora. Mostrava seus dentes, longos caninos afiados se destacavam na arcada dentária muito branca. Nariz e cenho franzidos pela fúria. Suas pupilas estavam contraídas e pareciam minúsculos pontos pretos contrastantes com a íris amedoadas com borda dourada. Jimin recuperou um pouco de sua sanidade e conseguiu reagir. Usou o braço livre para agarrar o braço do agressor que o segurava no ar. Conseguiu elevar as pernas, dobrando ambas a frente do abdômen para depois acertar os pés juntos no peito do homem, obrigando-o a soltar seu braço. O impacto fez o homem recuar alguns passos. Jimin conseguiu girar no ar com o impulso do golpe, parando em pé no chão. Mas perdeu o punhal quando foi agarrado. Teria que lutar de mãos vazias. Yeontan latia incessantemente. O homem esfregou o peito onde foi atingido. Jimin o viu lançar um olhar para si e um sorrisinho desenhar seus lábios, confusão o atingiu. Será que ele era inteligente? Resolveu tentar falar com ele.

BEASTS [ABO]Onde histórias criam vida. Descubra agora