Ossaim vem dançar na festa dos homens

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Cansado, exausto, fatigado era como Marco se sentia após a sua sexta entrevista de emprego desde que o mês se iniciara, o que dava pouco menos de duas semanas. Já havia mandado seu currículo para diversos hospitais próximos e distantes também, entretanto nada surgira além de desgastantes entrevistas que no fim acabavam dando em nada. 

Não era um profissional tão incompetente assim para que nenhum mísero lugar o chamasse e o contratasse, disso tinha certeza.

Pelo contrário, o loiro era sempre muito atencioso e dedicado em seu trabalho, afinal, era seu sonho desde criança, mas agora aquele sonho infantil parecia escorrer facilmente por entre seus dedos. 

Seu pai havia tido uma queda na saúde, pego uma virose qualquer e tossia ruidosamente ora ou outra, o que sempre acabava por fazer o loiro correr em seu socorro e ficar pela proximidade, vistoriando se o mais velho estava tomando seus remédios corretamente e se alimentando com a comida que preparava especialmente para fortalecer o sistema imunológico do mais velho. 

E as coisas começavam a apertar no bolso, o dinheiro que economizara para um fundo de emergência aos poucos se esgotava e aquilo era mais um motivo para sentir-se desgastado e desesperado. 

A falta de grana era o ponto mais prejudicial de tudo aquilo, já que sem o dinheiro estava a mercê da sorte, sem condições para bancar o tratamento do pai, muito menos as compras do mercado. 

E, céus, só de pensar nessa possibilidade já sentia seu coração se apertar em agonia. 

Seu celular vibrou em seu bolso e o loiro tirou o aparelho, observando que era uma mensagem de Ace lhe perguntando como fora na entrevista, a qual Marco respondeu com um "foi aceitável na medida do possível". 

Em seguida se sentou na borda da cama, deixando o objeto um pouco de lado e apoiou o rosto em suas palmas. Ele realmente queria chorar naquele momento, botar para fora toda aquela frustração acumulada em seu peito das mazelas da vida, mas estava tão exausto que nem isso conseguia. 

Seu aparelho tornou a vibrar repetidas vezes e Marco olhou para a tela, vendo o nome e a foto alheia brilharem em um princípio de chamada. 

— Alô? — respondeu sentindo a voz falhar e a sensação de que choraria a qualquer momento parecia cada vez mais próximo. 

— Ei, Marco... Eu liguei para poder ouvir sua voz, não sei quando você está realmente bem ou mal por mensagem, mas te ouvindo falar fica mais fácil — comentou o moreno do outro lado da linha, a respiração suave fazendo um leve chiado. — Sabe, tenho uma amiga que é enfermeira no hospital aqui do bairro... Posso ver com ela de levar seu currículo, se quiser. 

— Eu... Não estou muito bem... Acho que as coisas estão mais difíceis... Seria ótimo se puder... 

— Tem algo que eu possa fazer agora para que se sinta um pouco melhor? As coisas estão difíceis agora, mas logo vão deslanchar, Marco, você vai ver... As pessoas vem no terreiro e pensam que tudo vai ser solucionado da noite para o dia como um passe de mágica, mas tudo tem seu tempo certo de acontecer... Me manda seu curriculo por mensagem, vou passar para ela. 

— Hm... Eu não sei bem... Acho que sinto falta de ter alguém fisicamente nesse momento... Me sinto cansado e se tivesse alguma força no meu corpo eu choraria o resto da noite. 

— Então me mande seu currículo e seu endereço. 

O loiro franziu levemente o cenho com aquele pedido, já era tarde e duvidava que alguém comum e são sairia naquela hora para ir a casa de alguém de súbito. 

— Você pretende mesmo vir aqui a essa hora? 

— A pergunta certa é: você quer que eu vá mesmo aí, Marco? — A voz alheia soou séria, mas de uma doçura quase palpável que estranhamente fez as bochechas do loiro se esquentarem assim como seu peito. 

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