Exú não consegue vencer a Morte

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Marco podia sentir as temíveis (ou amáveis) borboletas dançarem freneticamente em seu estômago. A ansiedade parecia uma companheira de longa data que viera e se sentara à mesa da cozinha, as pernas cruzadas enquanto estava sentada lindamente na cadeira confortável. 

Nem em sua adolescência se lembrava de ficar tão ansioso para um encontro, mas era um encontro com Ace, como poderia não ficar de tal maneira? 

Não só isso, era o sexto que teriam, o que significava que era sua penúltima chance de conquistá-lo e estava empenhado em fazê-lo. 

Ainda se recordava vividamente de quando o menor lhe contara sua semelhança com peixes e se dedicou ao máximo em decorar uma receita diferente, vendo diversos tutoriais pela internet para que ficasse perfeito. 

Comprara os ingredientes mais bonitos que tinha no mercado e se dedicara em preparar absolutamente tudo que estivesse em seu alcance para agradá-lo. Era tudo ou nada e estava apostando todas suas fichas naquilo. 

Já não mais podia dizer que não caira nos encantos do jovem ogã, muito menos que não tinha se entregado ao feitiço que habitava naqueles olhos gentis e cativantes. Duvidava que teria forças o suficiente para não se render a ele de qualquer maneira. 

Estava sozinho em seu lar já que seu pai havia decidido visitar um velho amigo para deixar os dois a sós para o encontro, mesmo que o loiro tivesse insistido para que ficasse com a desculpa de que o mais velho poderia precisar de algo. Quem o lembraria de seus remédios afinal? 

Newgate apenas riu da preocupação sempre tão presente do filho e convenceu-o de que se lembraria e colocaria um despertador em seu celular para se recordar. 

Estava preocupado com a figura paterna, já que sua saúde estava em um estado de risco, apesar de não aparentar. A idade avançada e a doença não eram algo ao qual poderiam regredir ou estancar, era só uma questão de tempo e os dois sabiam disso, mesmo que não dissessem com palavras e em voz alta. 

Entretanto, os últimos dias haviam sido de uma enorme estabilidade e Marco se permitiu tranquilizar sua mente, ao menos um pouco, para que pudesse aproveitar aquele dia. 

Sabia que o pai estaria em boas mãos e que se algo errado acontecesse seria avisado imediatamente. 

Dessa forma podia se empenhar naquela missão de cozinhar para o sardento e tentar fisgá-lo pela boca, tal qual um peixe. O cheiro delicioso e perfumado de ervas frescas e da comida no forno já começava a preencher toda a cozinha. 

Marco inspirou orgulhoso, se o sabor fosse tão bom quanto o aroma suas chances de conquistá-lo com certeza haviam triplicado. 

O som do motor da moto alheia se aproximou e o loiro deixou as coisas de lado para recebê-lo. Ao abrir a porta pode vislumbrar o menor retirando o capacete e o encarando em seguida, o resplandecente sorriso surgindo em sua face. 

Ace era a própria definição de beleza e tinha um charme natural que fez o maior suspirar apenas em bater os olhos em si. Céus, estava irrevogavelmente apaixonado por ele e não queria voltar atrás. 

— Demorei? — questionou o menor com um sorriso de lado, se aproximando em passos saltitantes e deixando um longo selar na bochecha alheia, bem perto de seus lábios. 

— Não, chegou mais rápido do que o planejado... A comida deve ficar pronta em uns dez minutos... Entre — pediu abrindo espaço para que o moreno entrasse e assim ele o fez. 

Ace caminhou tranquilamente pela casa e inspirou o ar, seguindo o cheiro até a cozinha e se sentando à mesa. O sardento lambeu os lábios instintivamente e encarou o forno, sua barriga rugindo ruidosamente só de pensar no quão bom a comida deveria estar. 

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