Quatro

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QUATRO

- Professora, preciso ir ao banheiro - falo enquanto levanto e vou na direção dela esperando a autorização.

A professora me olha, o nome dela é Vilma, ensina artes, tem olhos verdes, cabelos loiros lisos, alta e com um olhar que pode ser severo ou delicado quando quer. Passa os olhos pela turma parando rapidamente num ponto atrás de mim e volta a me olhar.

- Não posso Thomas já tem alguem la fora e vc sabe...

- É urgente pró - minto "eu sei que é contra as normas liberar dois alunos de uma só vez a menos que seja realmente urgente, mas preciso saber quem era a pessoa no telhado" coro, se é que é possível um negro corar, mas me sinto queimando quando sinto a atenção de todos voltadas pra mim.

- Sendo assim pode ir.

Saio em disparada da sala, atravesso o corredor que dá pra uma divisória, para o banheiro feminino, para a escada e para uma passagem ate o outro lado do patio onde tem mais salas, paro ali, naquela divisória e olho para o telhado onde segundos antes tinha visto uma silhueta se esconder, me esgueiro pela parede tomando cuidado de não aparecer ao alcance da visão das janelas que dão pra minha sala fico mais ou menos dois minutos parado ali, tão imóvel como uma pedra, então lembro que tenho que voltar pra sala antes que pensem que estou matando aula, volto encostado na parede, quando estou fora do alcance de possíveis olhos atentos perto das janelas me viro em direção ao corredor me assusto. parada em frente a mim esta Izabelly me olhando com curiosidade mas sem surpresa apenas uma leve timidez nos olhos tentando se desviar dos meus, mas a curiosidade parece vence-la e ela mantem o olhar no meu. Perguntas fervilham na minha mente mas me mantenho calado por alguns segundos sem saber o que fazer.

- Você viu não é? - enfim pergunto.

- Você também? Meu Deus, não tô louca. Vi sim, mas não sei o que era, ou melhor, quem era.

- Eu também não...

- Melhor voltarmos pra sala já estou ha mais de cinco minutos fora.

- Tem razão. Nos falamos no intervalo.

Voltamos para sala em silêncio e me arrependo de não ter sugerido que ela fosse na frente, exceto pela professora que esta a escrever, a sala toda nos olha ao entrarmos, como se algum segredo tivesse sido revelado a eles, meu rosto queima e percebo que ela morde o canto do lábio inferior ficando vermelha e me obrigo a não olhar pra mais nada enquanto vou ate minha carteira, minutos depois o sinal bate.

- Então o que rolou nesse banheiro? - pergunta Taianí me pegando de surpresa com um sorriso malicioso.

- Hã?! Nada...

- Sei! Pode contar. - Kyn se junta a ela.

- Nossa se dizem meus amigos e não acreditam em mim quando digo que não é nada.

Encerro o assunto e levanto, olho em volta a procura da Iza mas não a vejo "droga. Ela deve ter saído quando eu estava sendo interrogado por aqueles dois" olho de volta pra eles e penso em voltar pra ficar conversando mas sei que vão tentar voltar ao assunto da minha chegada com a outra garota nova então decido sair da sala sozinho quando alguem me abraça por trás. Minha primeira reação é pegar o braço dela e usar meu corpo para derrubar quem quer que seja, mas seguro o impulso no instante em que pego o braço da pessoa e ouço a voz.

- Onde pensa que vai sozinho? - Tharsy fala no meu ouvido alto o suficiente para apenas eu ouvir.

- Se vai começar a falar sobre mais cedo perdeu seu tempo e é melhor eu...

O experimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora