Um

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UM.

Abri os olhos. Ainda está escuro, ouço um  galo cantando em algum quintal longe um silêncio quase palpável no ambiente que me cerca, ouço uma respiração de alguém eu tento ver mas esta tudo escuro outra pessoa se mexe no cômodo ao lado também dou uma olhada na direção do barulho mas novamente não enxergo nada e a pessoa resmunga algo sonhando, uma sensação de alívio percorre meu corpo "sei quem sou e principalmente onde estou, aquilo foi só um sonho" a sétima noite seguida que sonho com isso.

Estou em minha cama na cidade de salvador na Bahia que por sua vez fica no Brasil, moro num bairro pobre desde... que me lembro, na verdade só me lembro dos últimos dois anos, meus pais dizem que estávamos nos mudando para cá quando sofremos o acidente de carro que me fez perder a memória.

Disseram que acordei três meses depois, numa cama de hospital público. Meus pais se recuperaram antes de mim. Quando acordei não sabia quem eram e quando me contaram tudo notei que eles não tinham um arranhão sequer. 

Eles disseram que foi sorte e quem levou a pior fui eu, mas estava me recuperando bem, para a surpresa dos médicos, que fizeram previsão de um ano para minha recuperação física. E mais alguns meses para minha memória voltar. Meus pais ficaram agitados com a ideia de minha memória voltar, acho que porque assim ficaria melhor para me adaptar se lembrasse de tudo. Mas, ela nunca voltou meus pais não ficaram desapontados, e disseram q tem pessoas q podem se lembrar um pouquinho antes de morrer outros nunca se lembram. -espero que se lembre um dia- disse meu pai uma vez.

3 dias depois que acordei, recebi alta ainda, mas ainda não  estava 100%, só que não aguentava mais um minuto naquele local. Fedia a éter e tinha muitos pacientes para poucos leitos. Algumas pessoas morriam sem receber o atendimento. Nunca vi, mas sempre ouvia outros pacientes falando sobre o assunto. 

Moro com meus pais, Rômulo e Graziele Alves, meu irmão Gabriel e Samanta, minha irmã de criação. Meu nome é...

- Tom, tira esse traseiro da cama! Hora de levantar.

Meu nome na verdade é Thomas, mas eles só me chamam de tom, não lembro o motivo. O chamado dele me trouxe de volta a realidade presente, tenho treino cedo. 

- Mas hoje é domingo pai - respondo colocando o máximo de sonolência na voz - dia de acordar tarde, nós nem temos igreja dia de domingo.

- Levanta! Não quer que eu vá até aí né?

Visto que não vou ganhar nada de bom continuado a discutir levanto e vou me preparar para a manhã de treino com meu pai.

Minha casa tem três quartos, dois deles no primeiro andar, uma cozinha, banheiro, sala e a área de serviço que também fica no primeiro, divido meu quarto com meu irmão enquanto minha irmã tem um quarto só dela, o dos meus pais fica no térreo. Desço rapidamente para a cozinha, sou o único que precisa acordar cedo além do meu pai, que acorda com prazer para treinar no domingo, mas minha mãe adora cozinhar então acorda cedo para fazer nosso café.
Quando chego na cozinha, minha mãe pergunta:

- Como foi a noite?

- Bem...

- Aconteceu algo? Já sei, teve um sonho quente com alguma gatinha - ela começa a rir da piada, mas percebe que eu não a acompanhei - Vai, pode contar, não vou brincar com sua cara.

- É que... Eu tive aquele sonho de novo.

Uma sombra de preocupação passou rapidamente pelos olhos dela.

- Aquele que você foge de uma base militar estranha com uma garota e acontece um acidente? 

- É... Esse mesmo.

O experimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora