Londres, Inglaterra. 01 de Agosto de 1810.
Isabelle estava prestes a descobrir que sua vida em breve iria mudar para sempre, e que talvez isso não fosse tão ruim quanto parecia inicialmente...
O barulho discreto dos sapatos da Srta. Green contra o piso de mármore ecoava por todo o vestíbulo, o que era bom, pois isso distraía-lhe das batidas desesperadas de seu coração.
O mordomo abriu as portas duplas de entrada e deixou-a passar. Os tímidos raios de sol das três da tarde se abateram sobre a pele alva e sem vida da jovem, e ela já nem se lembrava que isso era capaz de causar uma sensação tão agradável. Quando seus olhos se adaptaram à claridade repentina, ela foi abençoada pela imagem exuberante de uma mulher.
— Milady — Isabelle cumprimentou, curvando o corpo em uma reverência.
— Isabelle — respondeu Stella com um sorriso amável. — Está ansiosa?
Absolutamente desesperada me parece uma descrição mais fiel de meu estado, pensou Isabelle, mas ao invés de dizer isso ela se contentou em abrir um sorrisinho amarelo e murmurar:
— Um pouco, milady.
— Na missiva ele informou que chegaria por volta deste horário — comentou a condessa, voltando os olhos azuis para os portões da propriedade.
Isabelle a conhecera no dia anterior. A mulher apareceu pessoalmente em seu quarto para convidá-la para o jantar e não aceitou uma recusa. Foi muito gentil e atenciosa, não fez nenhuma pergunta difícil de responder e introduziu-a em todos os assuntos durante a refeição. Nos primeiros momentos, Isie se recusou a acreditar que uma alma tão doce e bondosa pudesse habitar aquele lar maldito, e no entanto havia não só Stella como também o pequeno Anthony, um adorável bebê de pouco mais de um ano.
Isabelle viu pelo canto do olho quando o mordomo fez uma reverência em direção ao interior da mansão, e um segundo depois Enrico apareceu em seu campo de visão com o filho no colo. Mesmo sem sequer ter visto de quem se tratava, Isabelle notou toda a postura da condessa se alterando, como se ela fosse capaz de sentir a atmosfera mudando de acordo com que seu amor se aproximava. Seus olhos adquiriram um brilho capaz de trazer uma delicada alegria àquele dia sombrio. E quando Enrico se curvou para beijar-lhe o rosto, a maneira como os olhos dela se fecharam como se quisessem guardar a sensação dos lábios dele contra a pele foi estranhamente acalentadora.
Anthony estendeu as mãos para a mãe e ela não demorou a pegá-lo nos braços e plantar um beijinho na bochecha gorda e rosada. Distraída com a esposa e filho de seu algoz, Isabelle quase teve um ataque de nervos ao avistar uma carruagem negra se aproximando dos portões de prata.
Enrico percebeu sua agitação e lançou-lhe um olhar crítico.
— Corrija a postura, Isabelle.
Ela obedeceu ao pedido de imediato, engolindo em seco para fazer descer junto da saliva o coração, que por algum motivo curioso havia se alojado em sua garganta.
— Não precisa ficar nervosa — Stella tentou tranquilizá-la.
— Esse casamento será muito vantajoso para a nossa família — o tio retomou. — É fundamental que você consiga agradá-lo e corresponder às expectativas.
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Com amor, Isabelle
Historical FictionApós a morte do pai, Isabelle Green é forçada a se casar com o imponente Duque de Deville. Tudo estaria perfeitamente bem se não fosse por um pequeno inconveniente: Isabelle é apaixonada por Leonard Albers. Esse casamento estaria destinado ao eterno...