CAPÍTULO 05: Baile de noivado, Parte 2

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Quando o casal chegou à mesa, Wiliam afastou a cadeira para que a noiva sentasse. A maioria das mesas ao redor estavam vazias por conta das pessoas na pista de dança. Phillip também não se encontrava próximo, provavelmente tendo se entretido com algum rabo de saia, então os dois estavam praticamente a sós. O mais a sós que poderiam estar em um salão com cem pessoas.

Era engraçado, pensou Isabelle, observando o noivo tomar o lugar à sua frente. Fazia meses desde que seu pai lhe contara sobre a maldição envolvendo sua família, meses temendo-a e repudiando-a. E tudo isso apenas para de repente perceber que talvez aquilo fosse a única coisa capaz de devolver-lhe seu amor.

Ela ouviu o coração batendo em seus próprios ouvidos ao se dar conta de que aquela era a oportunidade perfeita para colocar em prática o seu objetivo.

— Como tem lidado com as críticas, Lorde Willard? — perguntou, como quem não queria nada.

— Quais críticas?

— Ah, o senhor sabe — ela fez um gesto com a mão. — Daquelas pessoas que acreditam que o senhor está cometendo um grave erro.

— Não costumo dar importância para a opinião pública — respondeu o duque, indiferente.

— Ainda assim é algo a se pensar, não? — insistiu Isabelle, fingindo estar muito distraída com uma pétala do arranjo de rosas vermelhas sobre a mesa. — O senhor compreende que se desistisse do noivado neste instante ainda seria menos julgado do que se desse seguimento a ele?

O semblante tranquilo do duque foi substituído por um ligeiramente surpreso, e só então Isabelle se deu conta de que talvez tivesse acabado sendo objetiva demais. Ele apoiou os cotovelos na mesa, cometendo o que só poderia ser considerado um crime de ódio contra meia dúzia de regras de etiqueta, e arqueou uma sobrancelha para ela.

— Voltamos à estaca zero, então?

A jovem piscou.

— Perdão?

— Perguntei se nós voltamos ao nível em que a senhorita tenta me persuadir a desistir do noivado.

Isabelle nem mesmo sabia dizer porque tinha tocado naquele assunto de maneira tão brusca, então tratou de atribuir a culpa no uísque que a condessa tinha lhe feito beber. Ela já estava pensando em uma maneira mais sensata de voltar a abordar o assunto quando foi interrompida pelo noivo.

— O que há de errado comigo, Srta. Green?

Isie enrugou a testa, estranhando a pergunta.

— Com o senhor? — inquiriu, confusa e desconcertada. — Creio que não há nada, milorde.

Ele não se mostrou muito convencido. Entrelaçou as mãos e apoiou o queixo sobre elas, inclinando-se sutilmente em sua direção.

— Então diga-me o porquê de sua aversão à ideia de se casar comigo.

Isabelle engoliu seco, pensando no quanto os olhos dele estavam brilhantes à luz de velas, e no quanto pareciam enxergar muito além de seu exterior.

— O senhor é um duque — respondeu, mantendo a pose de indiferença com um descompromissado dar de ombros. — Seria muito mais apropriado que desposasse a Srta. Linton.

— É mesmo? — indagou o homem, muito interessado. — E por quê?

— A mãe dela gerou nove filhos.

O duque pareceu querer rir daquilo, mas no fim acabou apenas desviando o olhar para o lado e balançando a cabeça em negativa, como se não acreditasse no que estava ouvindo.

Com amor, IsabelleOnde histórias criam vida. Descubra agora