VOLTEI 🥳🥳🥳 (Não me machuquem)
Após o chão de terra e lama ser substituído por pedras e posteriormente por concreto, não tardou para que as rodas da carruagem parassem de girar, anunciando a chegada ao destino. Ao descer do veículo, Isabelle não teve muito tempo para se assustar com o cenário caótico e ruidoso que era o porto, pois logo sentiu os dedos do marido se fechando em torno de sua mão e no momento seguinte estava sendo guiada por ele.
O cais era um amontoado de homens realizando o carregamento ou descarregamento de enormes embarcações. Apesar do barulho estridente dos trabalhadores, havia também o som agradável das ondas batendo contra o mole e do ranger compassado dos mastros.
A jovem duquesa achou algo intrigante de se ver, as pessoas se apartando de seus próprios afazeres por um momento com o simples intuito de abrir espaço para o duque sem que ele precisasse lhes dizer uma palavra, ou sequer lhes dirigir o olhar. Pensou que talvez fossem as roupas dele. Ou o porte. Concluiu que se estivesse no lugar daquelas pessoas, também não gostaria de ficar no caminho de um homem como aquele.
Quando pararam diante de um navio mercante, uma dupla de homens os reverenciaram com a elegância de marinheiros e deram as boas-vindas. Seus olhos curiosos esquadrinharam o local enquanto caminhavam sobre a rampa até chegar ao convés. Havia cerca de uma dúzia de homens se movendo com rapidez, desempilhando sacos e carregando-os para fora do barco continuamente.
Um homem aproximou-se, cumprimentou-os com cordialidade, prestou suas felicitações pelo casamento e informou que o navio estaria pronto para zarpar dentro de 15 minutos. Ele trajava roupas de tecido fino e seu modo de falar era mais requintado, se comparado aos demais marinheiros. Distraída, Isabelle deduziu se tratar do capitão.
Terminada a conversa, o capitão retornou aos seus afazeres e o duque se encaminhou junto à esposa em direção à proa do navio. Abriu a porta ao lado da escada que levava à cabine de comando e indicou a ela que entrasse.
Lá dentro, a história era outra. Não havia uma única partícula de poeira no ar, apenas um aposento que se assemelhava muito a uma sala de estar. As pesadas cortinas de veludo azul-marinho estavam fechadas, a única iluminação provinha de candelabros dispostos ao longo das paredes de madeira avermelhada. Um tapete persa se estendia no centro do chão impecavelmente encerado. Próximo à lareira havia um jogo de mesa com seis cadeiras. No outro extremo da sala, um aparador; dentro da vitrine havia bebidas de diversas cores e em uma quantidade mais que suficiente para embebedar a tripulação inteira.
Quando o duque fechou a porta, aquilo se pareceu ainda mais com um santuário à parte de toda a bagunça exterior. Se ainda não estivesse ouvindo o som abafado dos homens gritando ordens no porto e das ondas a agredir incessantemente o casco do navio, Isabelle seria capaz de pensar se tratar de uma estalagem.
— Ele é seu? — perguntou, se desprendendo da mão dele para perambular pelo ambiente.
— Sim.
— Você não me parece ser do tipo navegador — ela observou, passando o dedo sobre a superfície lisa do aparador.
O duque ergueu os ombros.
— É prático e eficiente para transportar mercadorias para a capital.
Isabelle assentiu, voltando a explorar o local. Se aproximou de uma das portas e, lançando um olhar ao marido para se certificar de que não estava invadindo nenhum espaço pessoal, ela girou a maçaneta. A porta se abriu em um ranger discreto, exibindo uma cama, um armário e uma poltrona.
— Pode se acomodar aí, se desejar — a voz do duque soou em suas costas, ainda no mesmo lugar em que o havia deixado. — Embora a viajem seja curta demais para qualquer coisa além de um cochilo.
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Com amor, Isabelle
Historical FictionApós a morte do pai, Isabelle Green é forçada a se casar com o imponente Duque de Deville. Tudo estaria perfeitamente bem se não fosse por um pequeno inconveniente: Isabelle é apaixonada por Leonard Albers. Esse casamento estaria destinado ao eterno...