Titã Fêmea

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Dias se passaram, não quantos queria para a fazer esquecer dos acontecimentos passados, mas o ideal para deixar a mente de [Nome] ocupada e refletiva.
Ainda se lembrava de uma conversa em particular que tivera com alguém em específico, logo após todo o alvoroço causado pela Titã Fêmea.

[...]

— Você teme a morte? — A garota verificava se seu cavalo estava bem e pronto para o caminho de volta as muralhas. A pergunta foi dita sem ao menos perceber que palavras assim saíram de sua boca.

Assim como tão repentino a pergunta viera, tão rápido Reiner se sentia confuso sobre o questionamento que fôra direcionado á ele. - Como?

— Digo, tem medo de morrer?

Braun se encontrava surpreso. O tom usado era tão frio e não parecia sequer ter um pingo da animação ou brilho que já tivera antes.
Nunca o perguntaram algo assim, nem quando se candidatou a guerreiro. Era algo novo. Também nunca questionou a si mesmo sobre como se sentia em respeito á morte.
De fato ninguém realmente está pronto para morrer. Na maioria dos casos, morrer é algo inesperado, você não tem alguma data ou horário específico dizendo quando, com quem, a causa ou onde morrerá. Mas você está ciente de que algum dia irá morrer, não importa como, todos algum dia morrerão e sabem que esse dia chegará, e mesmo cientes, a morte sempre será algo indecifrável. A morte, de fato, é assustadora.

Tentava formular palavras racionais, mas as mesmas pareciam ter sumido de sua mente.
Se encontrava nervoso apenas por causa de uma pergunta sem fundo? Afinal, como aquilo o afetaria ou o ajudaria futuramente?

— Eu não sei... Talvez eu tenha... — Buscava as palavras certas, se arrependendo imediatamente de dizer algo tão vulnerável. Suspirou pesado observando a garota que ainda não havia o encarado até o momento. — Eu devo... Me sentir fraco?

— Não. É bom pensar que ainda existem pessoas que realmente prezam suas vidas. — A resposta foi jogada, sem nenhum tipo de temperamento. Parecia estar falando o que vinha em sua mente, sem se arrepender e isso deixava Reiner intrigado.

— E você? — Perguntou de volta.
Reiner queria entender o que se passava nesse momento na cabeça de [Nome], o que a fazia pensar em coisas assim, o por quê de estar tão indiferente do costume. Queria ir mais a fundo nisso, para então, uma tentativa de ajuda futuramente. Sem entender o que a garota sentia, expressava não poderia ajudar de forma alguma. Braun a conhecia tempo o suficiente para saber que algo havia acontecido e que isso estava interferindo em como agia.

— Não. Eu não temo a morte. — Diante das palavras cuspidas da boca de [Nome], Reiner se encontrava espantado. Não podia deixar de abrir a boca e arregalar os olhos. — Não podemos fugir dela, e agora, parece que está mais próxima ainda.

Os sentimentos eram confusos. Tudo estava uma verdadeira bagunça. Ela não entendia o que e por quê de repente estar assim, a única coisa que sabia, era que, não era bom se sentir de tal maneira, doía. Ele não sentia que ela era quem há semanas atrás o tirava algum riso.

A realidade, é que coisas assim sempre a rodearam, desde sua infância até os dias atuais. Havia presenciado fatos demais. Mortes, traumas, caos. Apenas agora, havia se tocado o quanto instável era. Um gatilho havia a feito despertar, e esse gatilho era sua mãe. Mas específicamente, a conversa que tivera há dias.

— Estamos partindo. — Ela afirmou olhando em direção a todos que já se direcionavam ao caminho de volta. — Reiner, só esqueça o que falamos, certo? Não é nada demais e prefiro que isso não atrapalhe o clima entre nós.

Um pequeno sorriso se formou no rosto de [Nome]. Fino e sem mostrar os dentes, era tão amigável e reconfortante que se Reiner não a conhecesse não saberia que era falso.
Ele devolveu o sorriso, na mesma medida, mas a diferença, é que não era falso, vinha do coração de Reiner, ele sentia-se mal por vê-la assim e queria transmitir estar tudo bem.

𝗔𝗳𝗿𝗮𝗶𝗱; Reiner BraunOnde histórias criam vida. Descubra agora