4. A Tribo dos Domadores de Feras, Parte I

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Assistindo-o se contorcer de dor, meu desespero só aumentava.

Kaio gritava muito e, periodicamente, reclamava que a dor só piorava. Segundo ele, era como uma britadeira descontrolada demolindo sua cabeça. Depois de alguns instantes, naquela horrível sensação de medo e inutilidade, o vi perder a consciência.

Era como se estivesse morto, pois ao conferir, ele não demonstrava ter sinal algum de vida em seu corpo — sem pulso, sem circulação de ar em suas vias aéreas. Seu coração, aparentemente, havia parado. Foi aí que, diferente do que aconteceu com o Edward mais cedo, antes que eu entrasse em desespero, senti que deveria apenas esperar. Imaginava que o que rolou anteriormente pudesse novamente estar se repetindo.

E por um curtíssimo período de tempo, e uma parcela de sorte, aconteceu.

Kaio novamente abriu seus olhos, e semelhante aos de Edward, eles chuviscavam como uma TV sem sinal, na qual, em questão de segundos, não demorou muito para aquilo cessar, o fazendo retornar ao seu estado natural. Ele havia acordado, e, mais uma vez, outra teoria maluca minha comprova-se.

– Ai, que dor de cabeça é essa! – Ele reclamou, após acordar.

– Como tá se sentindo, quer dizer, além da dor de cabeça? – ajudei-o a levantar.

– Um pouco tonto, mas vou sobreviver...

– Legal... Escuta, você lembra quem eu sou? Digo, quem realmente eu sou? – Estava mesmo repetindo aquele questionário?

Ele fez uma careta, e disse:

– Quê? Que pergunta mais idiota! Você é, ou não é, um mago vidente?

– Vixi. Fudeu! Ele ainda não lembra quem sou. – balbuciei, preocupado.

Kaio me encarava sério, mas depois soltou uma gargalhada.

– Do que tá rindo? – perguntei, sem entender.

Ele cessou seu momento de alívio cômico, e respondeu:

– Sua cara é hilária quando está preocupado. Você precisa ver.

– Ah, seu sacana. Você sabe quem eu sou, não é?!

– Claro. Tava te zuando.

– Idiota. – inspirei, aliviado.

De repente, vindo do fundo da floresta, um lobo com uma pelagem acinzentada pulou em cima de Kaio. Seus olhos esverdeados que brilhavam feito faróis, onde só em fitá-los já sentia um aspecto curioso nele, me fez ficar intrigado.

– Quem é ele? – perguntei, intrigado.

Kaio fazia carinho nele como se fosse um cachorrinho manso. A criatura rolava de um lado para o outro alegre com o toque gentil dele.

– É o Matt, abreviação de metamorfo. Ele é meu fiel parceiro.

– E aquele pássaro de antes, é seu "parceiro" também?

– Então... ele era o Matt também.

– Quê?! Calma, agora fiquei confuso. – franzi o cenho.

Kaio interrompeu a sessão de carinho no lobo, e explicou:

– Matt é uma espécie rara de metamorfo. Ele consegue se transformar em vários tipos de criaturas mágicas, contando que tenha energia e já tenha as visto.

Enquanto ele explicava, Matt parecia bem agitado, rolava e cruzava por entre as pernas de Kaio, no entanto, ao decorrer daquela sapequice, ele alternava sua forma entre a de lobo com a de um coelho branco. Chegava a ser fofo. Tentei tocá-lo, mas o Caio me interrompeu.

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