7. A Intervenção da Administradora

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Conforme seguíamos caminho até o castelo, eu observava o fato do nosso redor estar estranho e assustador — especificamente o céu. Nuvens escuras pairavam, e estavam cada vez mais carregadas, era possível ver feixes rosa surgindo em instantes. Aquela atmosfera caótica junto ao ambiente hostil que percorremos, nos preparava ansiosamente para o que viria a seguir.

Andreas nos guiava, estava a passos à nossa frente. Já Kaio, caminhava ao meu lado calado e distraído com seus próprios pensamentos. Provavelmente, deviam ter haver com o fato de seu parceiro espiritual, o Matt, ter desaparecido misteriosamente após a sua vitória na arena. Sinceramente, não tive disposição pra entender o mistério que envolvia o seu avatar, ou qual sua relação com a magia daquele lugar. Levando em conta da experiência que tive em outros jogos, nunca busquei me aprofundar em nenhum deles; meu foco sempre foi a diversão, então, o que estivesse rolando com o meu amigo, era também uma novidade pra mim.

– Pessoal, chegamos. Vamos entrar. – indicou Andreas, avançando para a entrada do castelo.

Depois de darmos alguns passos, finalmente havíamos visto a frente do mesmo, e lá se encontrava um pequeno pátio. Enquanto nos dirigimos para a porta central, o ambiente do lugar estava carregado de tensão, mesclado a uma trilha sonora horripilante devido às notas arranhadas dos cantos dos corvos e o ranger dos trovões. Após passarmos por alguns degraus, cruzamos uma enorme porta. Nesse momento, sentimos uma luz ofuscante sobre nossos olhos que, em instantes, nos consumiu. Mais tarde, eu abri meus olhos e percebi que estava dentro de um lugar completamente diferente do que a entrada do castelo sugeria. Era enorme e sem cor.

Meu instintos se aguçaram no momento que percebi que estava sozinho e, aparentemente, em um laboratório científico, que, como qualquer outro, haviam aparelhos de diversos tipos ligados em cada canto, bugigangas complexas, e entre algumas delas, poucas semelhantes a projetos toscos de uma criança de cinco anos.

Se aquele era o covil da mente por trás da nossa vinda aquele mundo, era provável que ele deveria ser um aspirante a Albert Einstein, ou, sarcasticamente, mais um daqueles idiotas que se sentem “O Gênio” após assistir dois episódios da série The Big Bang Theory.

– Que viagem.. É ESSA? – disse impressionado. Rodeava pelos cantos tentando achar alguma explicação lógica para o que estava vendo.

E bem no centro desta zona que me cercava, algo sobre uma das mesas recheadas de ciência me chamou atenção. Era um globo de neve — não tinha nada mais aleatório que isso, claro, sem mencionar o próprio jogo em si. O objeto, que representava um item do mundo real, parecia mais comum do que qualquer outro. A cada chacoalhada que dava nele, esperava ansiosamente para presenciar algo mágico (típico para aquele mundo). No entanto, nada desse tipo aconteceu. 

Isso me fez refletir que existiam sim detalhes do nosso mundo, além da pura fantasia habitual que o jogo nos proporcionava. Mas isso era bom ou ruim? Pois, já que também somos intrusos, qual era o verdadeiro motivo para sermos mandados para lá? Um grande mistério que esperava desvendar naquele lugar.

Observava os floquinhos de neve do globo que continuavam a cair sobre a pequena miniatura de uma cabana, e nesta linda imagem, algo intrigante me fez viajar na mais profunda brecha do meu subconsciente; lá estavam alojadas as mais melancólicas e sombrias lembranças, nas quais escondia de todos e até de mim mesmo. Dentre elas, algumas descreviam acontecimentos passados que, naquele instante, surgiam com facilidade, como se estivessem caindo como os pequenos floquinhos daquele globo. Eles eram difíceis de lidar. Me faziam se martirizar, tornavam a dor por trás deles a mais horrível de todas. E agora, meus grandes esforços para bloqueá-las, pareciam ter sido em vão.

Dor de cabeça e um nó apertado na minha garganta, surgiam como sinais involuntários do meu corpo, dando ênfase a tamanha tensão emergida.

– Isso te lembrou algo? – pronunciou uma voz suave em minha frente. Era uma garota aparentemente da minha idade, negra, vestia um jaleco branco, usava óculos com uma linda armação branca. A forma com que ela me olhava, fazia-me sentir confortável em sua presença.

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