O fim daquele evento, mais que insano, foi seguido de um necessário descanso.
Acompanhado de Kaio, fui levado por alguns dos membros da tribo até uma das tendas próximas da arena — não era diferente da mesma que acordei pouco tempo atrás, a diferença que possuía era mínima, como espaço, comida e assentos mais "confortáveis". Sinceramente, era aquilo que precisava. Meu amigo ainda mais.
Ele estava acabado. Estávamos de frente um para o outro, e assim conseguia ver claramente sua expressão cansada e quieta refletindo. Fazia aquilo enquanto apoiava um saco de gelo sobre sua testa, lugar onde seu mais novo ferimento de combate repousava — sangue e um edema avantajado acompanhavam-o.
– Pare com isso. – Ele percebeu meu olhar curioso.
– Parar com o quê, exatamente?
– Com esse seu lance que você faz com os olhos – Fez uma pausa e interrompeu as aplicações da bolsa de gelo, livrando-se do objeto. – Eu sei que você está me analisando. Pare já com isso!
– Sinto lhe informar que não estou te analisando. E mesmo se tivesse, não deixaria tão óbvio assim. – virei a cara.
– Tô ligado. Tipo como você faz com a Lydia…
– O que você disse?!
– Ah, você sabe… Falo do jeito travado como você age com ela, que mesmo querendo ser discreto, ainda dá para entender tudo o que sente. – Ele arqueou a sobrancelha direita e deu um meio sorriso.
Bufei surpreso, e retornei:
– Fale por você mesmo, garotão. Tá escrito na sua testa que você gosta do Edu.
– Como você sabe que eu… – Ele ficou sem reação. Estava vermelho e piscava em excesso, características específicas que definiam seu “estado vergonhoso”.
– Kaio.
– Q-Quê? – focou na minha voz.
– Relaxa! Não estou te zoando por ser gay.
– Aham. Eu sou bi, na real.
– Que seja! Somos amigos apesar de tudo. Se você gosta dele, diga isso pra ele, ué. Tenho certeza que ele sente a mesma coisa, eu sinto isso. Enfim, só diga. – desconversei, indo até a mesa preparada a nossa frente que estava repleta de guloseimas.
Notei ele se aquietar e, em seguida, aproximou-se da mesa em que eu estava; pegou uma fruta qualquer e disse:
– Sabe, você deveria pôr em prática essas suas frases motivadoras. Além do mais, parece que as vê como tarefas fáceis.
– E não é? – rebati com a boca cheia.
– Claro que não! É difícil, mano. Chegar perto dele já me falta ar, imagina dizer o que sinto. – mordeu a fruta.
– Falou o cara que derrubou um gigante raivoso há meia hora atrás! Sejamos lógicos. O único capaz de conquistar alguém aqui é você, amigo. Coitado de mim que irei para o fim da fila do cupido.
Rimos quase em uníssono. Só paramos porque Kaio interrompeu bruscamente sua crise de riso. Isso me deixou intrigado.
– Qual o problema, cara? Você ficou calado do nada. – perguntei.
– Não vou mentir. Isso tudo é legal, esse lugar…
– Isso é incrível! – exclamei gesticulando. – Você teve muita sorte de ser achado por essa tribo. Eles são malucos? Com certeza! Mas parecem ser gente boa.
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SPAM-FANTASY - Livro I
FantasíaSelecionados para cumprirem um destino premeditado, jovens são transportados para um mundo virtual, bem semelhante ao nosso, com um propósito de impedirem uma ameaça de nível catastrófico, capaz de afetar também o mundo real. A história acompanha He...