31. Memórias

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O clima gélido fez o corpo de Barry estremecer de frio, o nervosismo também colaborou para que isso acontecesse.

—Este é o meu lugar especial. — Íris disse totalmente pensativa  —Foi onde eu me encontrei com o Flash pela primeira vez. Todas as vezes, você estava na minha frente e eu não fazia a menor ideia. —Ela sussurou inconformada.

Os olhos do velocista fecharam com calma, ele tinha tantas lembranças de terraços. O encontro do Flash com Íris. O primeiro beijo com Kalya. Eram muitas lembranças.

—Eu nem ao menos o conheço mais, Barry. —Um suspiro fundo saiu da boca da garota de forma lenta.

—Mesmo que você não soubesse nada da minha vida nesse último ano, isso não significa que você não fez parte dela. Todos os dias você estava lá — Barry a encarou, sentido a coragem o tomar por inteiro —Foi você quem criou o Flash com o seu blog. —Os olhos esverdeados encararam o par de olhos em tons terrosos.

Um silêncio perturbador preencheu o local, o vento gelado soprou com força, quase que impiedoso e as luzes da cidade começaram a acender-se.

—Mas ainda acho que os brownies seria muito mais legal....e seguro. —Barry comentou de forma divertida.

—Cala a boca, seu idiota — Íris riu do comentário do amigo e encarou seus pés tomando coragem — Sabe, eu andei pensando muito e cheguei a conclusão que o que mais me irritou não foi o fato de você ter mentido pra mim e sim que eu fui a única que não sabia. Pensei no por que de ter sido a única que você não contou e então, quando Kalya  conversou comigo, percebi que sou mais importante do que imaginava.  — A garota encarou os olhos esverdeados enquanto falava.

Barry mordeu o canto interno da bochecha, seu corpo estava inquieto e seu coração pulsava ansioso.

—Talvez você esteja certo. Nada é simples entre a gente, nunca foi e acho que nunca será. Mas, eu tenho pensado muito em você, bem mais do que deveria. — Ela engoliu o seco e encorajou-se para prosseguir

—Íris, agora não é um bom momento. —Barry a interrompeu mas a garota continuou.

—Sei que é errado, tudo isso. Eu até travei uma guerra interna comigo. Tentei encontrar formas para não estragar o que construí com Eddie mas se tornou impossível....eu amo você, Barry. —As palavras saíram de forma melancólica.

—Íris, não tem como funcionarmos juntos. — Barry virou seu rosto para as luzes da cidade. O olhar oblíquo e dissimulado ocupou sua mente.

Íris havia se dado conta do amor de Barry tarde demais. Agora, havia outra garota ocupando o coração do velocista. As lembranças dos toques quente de Kalya invandiram seus pensamentos.

Cada lembrança com a brasileira era como uma paisagem vasta e clara intocada pela realidade. As memórias eram imunes a isso. Por mais que fossem doloridas demais para serem guardadas e agradáveis demais para serem esquecidas.

—Você vai ver, quando Eddie voltar vou ir no casamento de vocês, vamos comemorar muito e comer bastante bolo, e então você vai esquecer que um dia já sentiu isso por mim. — Ele respondeu com um sorriso amarelo em seus lábios.

—Eh...eu espero. — Íris sussurou triste enxugando as diversas lágrimas que escorriam em seu rosto.


Barry sabia bem como era perder alguém, ele já havia perdido tantas pessoas. Sua mãe. Seu pai por boa parte da sua vida, já que estava na prisão. Alguns amigos. Wells.  Kalya. Íris.

Quando se perde alguém, seja por a morte, por essa pessoa ter ido embora ou por ter tornado-se uma outra, um dos passos mais difíceis é seguir em frente e superar.

Havia tristeza no olhar de cada um da equipe. Barry percebeu isso. Kalya também parecia saber muito sobre perdas. O olhar dissimulado escondia dores inimagináveis.

O velocista havia perdido tantas coisas e ainda tinha muitas outras a perder até conseguir o que era seu por direito.

Naquele momento, Allen percebeu a perda nos olhos de Cisco, ele encarava a cadeira de rodas de Wells no canto da sala tentando se convencer que era tudo um terrível pesadelo.

—Tantas coisas perdidas. —Cisco sussurou lembrando de todos os momentos com Wells

—Mas as coisas perdidas podem ser reencontradas. — Barry aproximou-se do amigo tentando o confortar de alguma forma.

—Nem todas as coisas. —Kalya murmurou baixo mas em um tom entendível.

—Eh...eu estive me perguntando por que Wells fingiria precisar de uma cadeira de rodas? Bem, ele é um velocista, então, uma cadeira de rodas seria a última coisa em sua lista. —Cisco falou alto recebendo a atenção da equipe.

—Simpatia. — Caitlin disse como se fosse algo óbvio.

—Ele é o Flash reverso. Ele é mais esperto do que isto, então simpatia não pode ter sido a única razão. — Cisco prosseguiu o que estava falando.

—Era apenas uma distração. Afinal, quem iria suspeitar de um cadeirante? —Joe West complementou após alguns segundos. Finalmente alguém além do gênio da informática estava entendendo a linha de raciocínio.

—Exatamente. Mas ainda assim, ele sempre esteve uns dez passos na nossa frente. Por este motivo, eu comecei a mexer na cadeira dele. Foi quando eu encontrei isso. — Ramon andou até a cadeira e apertou algo fazendo um compartimento abrir mostrando um dispositivo.

Aquilo brilhava como um diamante e emitia uma luz em tom azulado. A equipe olhou com receio, todavia acharam um tanto familiar.

—Parece a tecnologia dentro da Gideon. Talvez seja do futuro. —Barry disse após aproximar-se e analisar com cuidado o dispositivo.

—Sim, é o que pensei também. Eu fiz uma medição, e essa coisa está emitindo tipo, muita energia.Muita energia mesmo. Energia suficiente para suprir toda a Central City por sei lá quanto tempo. — Cisco disse animado com a descoberta.

—Mas tem que ter um porque do Wells guardar algo assim tão perto. Será que ele queria carregar algo?? Isso pode ser uma bateria já que emite tanta energia. —Kalya cruzou seus braços com dúvidas olhando de relance para o objeto.

—É justamente isso, acho que ele usava isso como uma bateria para ganhar mais velocidade. Explicaria o porquê dele ser tão rápido. Mais rápido do que o nosso Flash. — Cisco comentou mas foi interrompido por uma voz robotizada.

— Protocolo de libertação de prisioneiros iniciado. —A voz soou por todo córtex causando pânico.

Os olhos pretos arregalaram-se com medo, todos os prisioneiros logo iriam estar libertos. Isso não era nada bom.

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