1.0 Confiança

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O garoto cujo tinha olhos tão pretos como a noite corria observando cada mínimo detalhe do Jitters.

—Mamãe, olha o meu lelógio do Ben 10Bryan ergueu os pequenos braços mostrando o presente que havia ganhado do tio Cisco. —Você nem me pega, mamãe. — Ele riu travesso correndo por a cafeteria.

—Bryan, não corra tão rápido, você vai acabar se machucando. —Kalya correu atrás do filho guardando o seu distintivo de policial forense dentro do seu sobretudo.

A brasileira segurou o filho mas não pôde evitar de esbarrar em alguém que passava naquele mesmo momento. Ela abaixou-se ficando na altura do filho e certificando que ele não havia machucado-se com o pequeno tombo.

—Oh, me desculpe. Ele não para quieto. —Ela falou após levantar-se e segurar o filho nos braços.

Estava de passagem por Central City e havia parado apenas para esperar Nicklaus enquanto tomava um pouco de café.

—K-Kalya? —A voz familiar saiu carregada de surpresa na entonação. —É você mesmo? — Os olhos esverdeados ampliaram-se desacreditados.

—Barry? — Kalya engoliu o seco e abraçou o filho com mais intensidade.

Seu coração errou as batidas e sua respiração desregulou. Mesmo após 3 longos anos desde que não o via mais, o velocista ainda exercia grande influência nos sentimentos da mulher.

—V-Você sumiu, eu nunca mais a vi. E-e você agora já tem até um filho. E-eu procurei por você...—O velocista falou totalmente atordoado tentando assimilar toda a situação.

—Mamãe, eu quelo aquele café, ele vem com o blinquedo do flash. — O garotinho murmurou interrompendo a conversa e apontando para as telas onde passavam o cardápio especial destinado ao herói da cidade.

—E-Eh eu comecei a minha vida longe daqui. —A brasileira respondeu após um tempo procurando por alguma resposta.

—Ele tem seu olhos. — O velocista murmurou baixo observando Bryan enquanto Kalya permanecia quase estática.

Os olhos de Barry a encaravam de forma penetrante, já fazia tanto tempo que não o via pessoalmente que havia esquecido o quanto a beleza dele era de certa forma atordoante.

—Sabia que quando eu clescer eu vou ser o flash? —Bryan perguntou para Barry enquanto assistia o comercial onde mostrava o herói correndo por toda a cidade.

—Kalya? Bryan?. Desculpem a demora, o trânsito de Central City ta cada vez pior. —Nicklaus suspirou passando a mão pelos fios loiros e depositando um selinho nos lábios de Kalya. — Ô, me desculpe. Eu não percebi que estavam conversando. — Ele desculpou-se quando notou que Kalya e Barry ainda estavam se entreollhando atônicos com o reencontro.

—Você chegou na hora certa, não se preocupe. Eu preciso ir, Barry. Foi bom o ver depois de tanto tempo —A voz de Kalya saiu um tanto trêmula e antes de sair do Jitters, a mulher encarou uma última vez o par de olhos verdes que a observavam totalmente assustados.

Barry correu até que conseguisse alcançar a brasileira no estacionamento da cafeteria e observou de longe o garotinho correr ao redor do carro com um sorriso travesso nos lábios.

—Lya? Você esqueceu isso. —Allen gritou erguendo o copo de café em tom vermelho com o símbolo de um raio e o brinquedo do flash.

—É meu, mamãe. É meu. —Bryan correu em direção ao homem de porte alto e agarrou as pernas dele. —Obligada, tio. A mamãe é um pouco esquecida. — O menino sussurou agradecido e pegou o brinquedo totalmente empolgado.

Uma corrente elétrica percorreu pelo corpo do velocista quando as pequenas mãos de Bryan encostaram nas mãos dele.

—Muito obrigada, Barry. —Kalya respondeu sem jeito e então auxiliou o filho a entrar no carro. Um sorriso singelo prencheu o rosto da mulher e antes de adentrar no veículo, ela acenou para o velocista o dando tchau.

Nem a arma de gelo de Snart havia conseguido congelar tanto o Flash quanto a mulher de cabelos pretos que havia partido agora.

Ela estava diferente, todavia permanecia igual. Seu cabelo continuava longo e em tonalidade preta, seus olhos continuavam emitindo mistério e seu cheiro frutífero ainda exalava por onde ela passava.

Ainda estava em um estado de choque, sem racionar com clareza tudo que havia acontecido.Aos poucos, a mente acelerada do velocista processou cada mínimo detalhe do que havia acontecido.

Havia procurado por Kalya por tanto tempo e não encontrado, que já estava perdendo a esperança de um dia poder ver-la novamente. Então, em um dia totalmente inusitado, a reencontrou na cafeteria que tanto costumavam se encontrar.

Não imaginava a reencontrar dessa forma, muito menos que agora ela estaria com uma família formada. Que tinha um filho tão bonito quanto ela.

O garotinho era esperto demais para a idade que aparentava ter, tinha os cabelos no mesmo tom dos que o de Barry, olhos pretos e puxados como o da mãe e a pele branca como a do loiro que havia interrompido a conversa entre os dois.

—Eu já vi aquele relógio antes, o relógio no braço do garotinho é do laboratório. —Barry murmurou após relembrar do toque suave da criança quando recebeu o brinquedo. — E Cisco só fez 2 unidades daquele relógio, um que é meu e supostamente esse outro. —Ele comentou para si pensando em diversas hipóteses. As informações juntaram-se formando um quebra-cabeça na cabeça do velocista que em segundos estava no S.T.A.R Labs.

O homem de olhos verdes procurou pelo melhor amigo em todo o laboratório o encontrando na oficina.

—Oi, Barry. Não me diga que trouxe meu café preferido? Ah cara, você é meu melhor amigo mesmo. —Cisco disse risonho virando-se para o velocista que o encarava com um semblante nada bom.

—Você sabia, Cisco. Sabia onde ela tava esse tempo todo. Sabia que ela tinha um filho. Sabia de tudo. —A voz rouca soou cheia de indignação causando medo no cabeludo.

—Do que você tá fa-falando?—Ramon tentou disfarçar mesmo sabendo bem do assunto mencionado.

—Eu a encontrei hoje e ela estava com um garotinho, o menino tinha um dos relógio que você criou. Você só fez duas unidades daquele relógio, Cisco, e uma delas foi pra mim. —Ele lamentou tentando não acreditar no que dizia. —Por que escondeu isso esse tempo todo? Por que não me falou onde ela tava? Porque não me disse que você mantinha contato com ela? Por quê? —Os olhos verdes imploravam por respostas, o sentimento de enganação vindo de alguém cujo ele tanto confiava era algo difícil de lidar.

—Porque ela não queria que você soubesse. —A voz de Cisco soou baixa e cheia de ressentimento. —Me desculpas, Barry. Eu errei quando escondi isso de você, mas era algo que ela decidia e ela quis que você não soubesse.Eu tinha que respeitar a decisão dela, era algo que não desrespeitava somente a mim. — O cabeludo engoliu o seco sentindo que naquele momento a confiança com o seu melhor amigo havia sido rompida.

Naquele momento, tanto Cisco quanto Barry perceberam que haviam diversas coisas na vida que depois de perdidas era quase impossível recuperar-las, dentre elas estava o tempo e a confiança.

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