Na cor dos seus olhos - Yeonbin

1 - დ

A maioria das pessoas consideram a adolescência a pior fase da vida. Não por marcar a passagem da infância para a vida adulta, mas por todas as mudanças que vem com isso. Hormônios, espinha, personalidade, temperamento, primeira paixão, magoa. Tudo vira um completo horror. Imagina então, ter que passar por tudo isso e por outra mudança que literalmente mudará sua vida por completo.

Soobin está mudando de sua cidade natal, Asan, para Seul. Seu pai foi promovido de cargo na empresa e terá que representar uma das filiais na capital. Assim que soube quase chorou implorando sua mãe para que convencesse o marido de não irem. Só de pensar que passará a morar em uma cidade, que é quase quinze vezes maior do que onde morava, seu estomago embrulha, sem contar que, está deixando todos os seus amigos de infância para trás, não que ele tenha muitos. Nunca foi de fazer muita amizade, é bastante tímido, e isso o faz ficar mais nervoso ainda com a mudança. Terá que fazer novos amigos. Péssimo.

Pensou em fazer greve de fome, mas desistiu porque isso deixaria sua mãe triste e Soobin é um filho muito bom para isso. Pensou em fugir de casa, mas isso também ia contra a parte de ser um filho muito bom, pensou em muitas outras coisas, chegou até a pesquisar na internet Como fazer algo errado sem deixar os pais chateados?, mas nada parecia certo.

Por isso que está exatamente agora parado em frente ao aeroporto de Seul com seus pais, e todas as suas malas em volta, esperando o taxi.

No caminho até sua futura nova casa, aproveitou para observar a cidade, é bem bonita, isso não pode negar, e o trânsito é bem mais caótico, não que em Asan o trânsito não fosse ruim as vezes, mas Seul está em um nível a mais. A ponte sobre o Rio Han é tão bonita quanto passa na TV, tenho que voltar aqui outra vez para ver mais de perto.

-O que achou? – Sua mãe apareceu animada na porta do seu novo quarto.

-Hm? – A olhou e pela sua animação soube que mais uma vez estava tentando lhe agradar, é tão grato por tê-la em sua vida, então deu um sorriso mostrando suas covinhas antes de responder – Legal. – Olhou em volta – É maior do que o meu antigo.

-Agora que seu pai está ganhando um pouco mais pudemos pegar uma casa maior, mesmo que ainda simples. – Adentrou o quarto – Desculpa fazermos você mudar de cidade e deixar seus amigos para trás, espero de verdade que se sinta em casa aqui também.

-Mãe! Já falei para não se preocupar, posso fazer novos amigos. – Abraçou sua mãe, que é consideravelmente menor, a fazendo sumir em seus braços.

Sobre a parte de fazer novos amigos não teve outra opção a não ser mentir, sabe que não vai ser fácil recomeçar, mas sua mãe sempre foi muito protetora e sabia também que ela estava se culpando pela mudança, então não quer preocupa-la.

No outro dia, depois de conseguir organizar quase todas as suas coisas pelo quarto e fazê-lo parecer um pouco mais aconchegante, vestiu seu casaco para andar pela na vizinhança. Sua casa está uma bagunça e com muito barulho dos seus pais ajeitando os móveis, precisava sair um pouco.

Tirando o fato de alguns motoqueiros quase lhe atropelar - na calçada- enquanto andava, o bairro é bem calmo. Teve que se encolher no casaco algumas vezes, o dia está bem frio. Avistou uma lojinha de conveniências no meio do caminho que fica na esquina da outra rua e pensou que cairia muito bem chocolate quente àquela hora, então atravessou rápido fugindo do vento.

-Olá! No que posso ajudar? – Escutou uma garota gritar assim que passou pela porta.

-Oi, vocês vendem chocolate quente? – Perguntou meio sem jeito enquanto olhava em volta até avistar a tal garota, que estava arrumando uma das prateleiras.