Na cor dos seus olhos - Yeonbin

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-Amarelo... - Soltou em sussurro para si mesmo enquanto tentava parar de tremer. Com dificuldade, pegou sua caixinha que havia caído, a abriu e colocou suas novas lentes com cuidado para não acordar Soobin. Olhou para ele mais uma vez antes de passar pela porta do quarto.

Caminhou devagar pelo corredor sentindo o chão frio de madeira sob seus pés e desceu as escadas, sentindo agora o macio carpete marrom que cobre toda a sala. Ao contrário da sua casa, aquela é aconchegante e familiar, o verdadeiro tipo que se parece com lar. Deve ser por isso que acabou se descuidando com as lentes ao pegar no sono tão rápido poucas horas atrás. Se sentiu confortável demais, ainda mais com Soobin ao seu lado.

-Você já vai? - A voz do senhor Choi lhe fez parar antes de abrir a porta. Ai caramba. Já são pouco mais de dez horas, é claro que os pais de Soobin já teriam acordado.

-Sim, meu carro estragou aqui perto, preciso achar alguém para arrumar e como não sei o problema, talvez demore.

-Vamos até ele, posso trabalhar o dia todo em um escritório, mas entendo um pouco de carros também. - Deu um sorriso simpático indo em sua direção e olhou para os sapatos que estavam em suas mãos.

-A. - Tentou calça-los o mais rápido possível - Claro.

Quando chegaram ao carro, o senhor Choi mal olhou o painel e já se dirigiu até o motor, começando a mexer em tudo ali e ele realmente parecia saber o que estava fazendo, então Yeonjun apenas ficou quieto ao seu lado.

-O Soobin já havia me falado de você. - Soltou do nada, ainda com a cabeça abaixada mexendo no motor.

-Falou? - Seu coração voltou a acelerar novamente. Amarelo.

-Sim, no início ele te achava de idiota metido. - Riu.

-O que? - Acabou rindo também porque ele conseguia imaginar Soobin chegando em casa bravo e falando exatamente aquelas palavras. Ele realmente não facilitou para o amigo quando se conheceram.

-É verdade, era até engraçado vê-lo estressado. Foi a primeira vez que ele parou de ficar trancado no quarto e falou sobre algo desde que nos mudamos para Seoul. - Soltou um suspiro, mas não de cansaço, parecia que na verdade ele estava se preparando para o que falaria a seguir - Ainda me culpo por tê-lo arrastado para cá comigo, mesmo que tenha sempre pensado no melhor para nossa família. Então obrigado por você ter aparecido e tirado ele do sério, meu filho nunca falou tanto de algo ou alguém antes. - Não sabia o que responder, escutar aquilo só fez suas emoções ficarem mais bagunçadas - Pronto, seu carro vai funcionar agora.

-Já? - Lhe olhou surpreso, ele fez parecer fácil pelo pouco tempo que gastou para arrumar.

-O problema desses carros novos e caros é que qualquer fio que solta eles param de funcionar para você ter que levar em uma oficina e te cobrarem uma grana. Tenta ligar. - Indicou com a cabeça para que ele ligasse e assim o fez. Entrou esperançoso e deu partida na chave, o carro imediatamente ligou como se tivesse acabado de sair da fábrica.

-Uar! Você é incrível, senhor Choi. - Falou empolgado por ter seu carro funcionando novamente e o mais velho riu.

-Não foi nada. - Deu um tapinha no capô- Dirija com cuidado.

-Onde você estava? - Seu pai lhe abordou assim que passou pela porta. Só pode ser brincadeira. Continuou andando em direção a escada sem responder nada e seu pai lhe seguiu - Te deixo com o carro para que não apronte e isso inclui você não virar a noite na rua.

-Não dormi na rua, dormi na casa de um amigo.

-O novato que você vive colado?

-Como você sabe quem é ele? - Lhe encarou.