Seus olhos encararam o relógio digital no cantinho da tela. Você resolveu que três e meia da tarde era uma boa hora para dar uma pausa no expediente. Essa era a parte boa de ser uma designer gráfica autônoma: você fazia o seu próprio horário. Após desligar o computador, você começou a organizar seu escritório.
Guardou todas as folhas de papel, canetas e lápis coloridos, grafites, borrachas e tudo o que você usava para fazer seus rascunhos manuais. Porque, apesar de toda a tecnologia de ponta que havia em seu escritório, você preferia colocar as ideias no papel antes de se enfiar no mundo das telas. E essa preferência agradava demais uma certa garotinha, que amava furtar suas canetas e lápis coloridos.
Assim que seus pés pisaram fora do seu ambiente de trabalho, seus tímpanos foram agraciados com a trilha sonora de Frozen, uma aventura congelante. A música tema de Anna e Hans tomava conta do ambiente calmo que sua casa costumava ser.
"É meio doido... o quê?
Você finaliza meus... sanduíches.
Era o que eu ia dizer!
Não conheci ninguém com meu
Jeito de pensar.
Juntos... outra vez! (...)".Iryna, sua pequena filha de quatro anos, amava aquela animação e assistia toda e qualquer vez que tivesse oportunidade, mesmo que ela já soubesse todas as músicas de cor.
Você andou até a sala, vendo as duas mulheres que você mais amava no mundo deitadas no sofá, completamente enroladas em um cobertor, enquanto comiam pipoca e bebiam suco. Você resolveu fazer com que notassem sua presença.
- Qual é, não dá para casar com alguém que acabou de conhecer. - Seu tom de voz provocativo fez Wanda te encarar com uma sobrancelha levantada. - O quê? Ela acabou de conhecer ele! - Você apontou para a televisão, fazendo a sokoviana soltar um riso fraco, acompanhado de um aceno negativo.
- Nós casamos, literalmente, depois de três semanas de namoro (s/n). - Maximoff argumentou.
- Foram quatro. - Você a corrigiu.
- E faz diferença? - A mais velha questionou risonha.
- É claro que faz! - Seu tom saiu nitidamente indignado.
- Uma semana a mais, ou a menos, não faria você me conhecer mais do que conhecia, amor. - Wanda revirou os olhos. - E o máximo de informações que você tinha sobre mim eram: 1- O meu nome é Wanda; 2- A minha cor favorita é vermelho; 3- Eu sou uma bruxa; e 4- Eu fiz parte dos Vingadores. - A sokoviana listou, enquanto você andou até elas.
- E precisava de mais alguma coisa para eu me apaixonar completa e perdidamente? - Você questionou como se aquilo fosse o óbvio de se acontecer, fazendo a ruiva rir fraco. - Certo, mas o que a Anna sabe do Hans, além de que ele é um rico bonitão, não tão bonitão? - Suas sobrancelhas arqueadas, em puro convencimento, fizeram sua esposa rolar os olhos. - Você concorda comigo, não é bebê? - Você brincou, acariciando a barriga de Wanda.
- É um filme de criança! - A Maximoff argumentou tediosa.
- Iryna, minha filha. - A pequena, que carregava esse nome em homenagem à sua falecida sogra, lhe encarou rapidamente. - Por favor, amorzinho, se você for tirar algo de inspiração nesse filme... por favor, se inspire na rainha fodona do gelo. - Você suplicou.
- (S/N)! - Wanda te repreendeu pelo palavrão.
- Desculpa, eu quis dizer, a rainha fantásticazona do gelo. - Você sorriu amarelo e a menina te olhou risonha.
- Não preciso de um príncipe, mamãe. - Sua filha disse confiante. - Eu tenho você e a mama, para me proteger sempre. - Iryna abraçou Wanda e te puxou para participar do abraço. Fazendo vocês duas sorrirem.