— Jenna, eu não... olha, eu não acho que seja uma boa ideia. — Você falou a muito contra gosto. Aquilo nem deveria precisar ser dito, na sua opinião.
— (S/a), serão só três dias. — Jenna te seguiu até a cozinha, segurando-se para não comentar sobre o quão fofa você estava, com aquela barriga e os pés inchadinhos. — Sem contar que você tem os meus pais, a Marília, os meus irmãos. Se algo acontecer, eles podem te ajudar até eu chegar. — Ela argumentou, fazendo você desviar o olhar da geladeira e virar-se para ela.
— Faça o que quiser. — Você disse calma, piscando lentamente, e voltou sua atenção para o pote de morangos que era seu alvo desde o princípio. — Você insistiu para eu dar minha opinião e eu dei. — Deu de ombros, levando os morangos para cima da bancada e indo atrás de um pote.
— Se for para você ficar chateada, eu não irei. — Ortega apoiou o quadril na porta da cozinha e ficou observando seus movimentos. — Mas todo mundo sabe o quanto isso é importante para uma carreira. — Ela argumentou.
Você não poderia discordar, Jenna havia sido convidada para dar uma palestra, num dos maiores congressos de cardiologia do mundo, e você estava feliz por isso, mas estava frustrada por ela se ausentar na reta final da gravidez.
— Tão importante que te fez esquecer até que seus filhos estão para nascer. — Você resmungou, abrindo uma lata de leite condensado e despejando metade nos morangos que você havia pegado.
— Isso não é verdade. Você está sendo dramática. — A morena disse, chateada, e você trincou os dentes, contendo sua vontade de rebater. Não podia se estressar.
— Okay, Marie. Eu já lhe disse: faça o que você quiser. — Você repetiu, agora chateada. — Eu estou cansada, irei para o quarto. — Avisou, passando por ela para chegar na escada. — Feche a porta se for sair.
Seu pedido foi feito no meio das escadas, sem olhar para a reação de Jenna. Desde que você havia descoberto a gravidez, vocês dormiam juntas. Parte porque ela se preocupava, já que vocês moravam longe e, se você passasse mal de madrugada, ela demoraria a chegar, e parte por comodismo.
Apesar de estarem toda noite sob o mesmo teto, algumas vezes no seu apartamento, outras no apartamento de Jenna vocês não tinham passado da fase "amigas coloridas", tanto que Jenna tinha alguns rolos no início, mas você não tinha saco para isso e preferiu apenas manter o lance casual de vocês.
Ortega respirou fundo, antes de trancar a porta da frente e apagar as luzes, subindo para o quarto de frente para o seu, o quarto dos gêmeos. Era um quarto simples, você não via motivos para gastar tanto em um ambiente onde as crianças só ficariam durante a noite.
Jenna olhou em volta e sorriu. Era bom imaginar que em alguns dias duas pessoas, que eram partes iguais dela e sua, estariam naquele ambiente. Ela sentou na poltrona que vocês haviam escolhido juntas, pensando no quão confortável era estar ali e se perdeu nas expectativas e pensamentos.