[EM REVISÃO]
❝O departamento de crimes violentos de Incheon era mais enfadonho do que o nome fazia parecer. Bang Chan não se importava, sendo isto um indício de que a taxa de homicídios da cidade estava mais baixa do que já esteve no passado que tod...
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Oh, a miséria
Todo mundo quer ser meu inimigo
Me poupe da compaixão
Todo mundo quer ser meu inimigo.
(Imagine Dragons)
𓅐
Felix estava de volta às suas roupas de Emissário.
Vestindo agora seu típico casaco preto com capuz, grande o suficiente para esconder a faca tática que carregava na bainha presa à sua coxa esquerda. Suas sardas eram novamente visíveis pela falta de maquiagem, mas também a mancha ocre do hematoma que desvanecia de sua bochecha.
Apesar da postura aparentemente despreocupada, com os pés postos sobre o painel do carro - mesmo após o Detetive ter-lhe chamado a atenção algumas várias vezes - e o rosto vazio de qualquer expressão, havia algo fermentando ali. Estava claro pelos seus ombros tensos e olhos em alerta, o Emissário parecia à beira de algo... Algo que Bang Chan não conseguia prever, o que apenas intensificava o desconforto dentro de sua caixa torácica.
Bang Chan não gostava daquele olhar, obsidianas vazias. Deixava-o inquieto, um sentimento horrível assentava-se em seus ossos.
— Você morava aqui? — perguntando-o, quebrando o silêncio com sua voz estranhamente rouca.
Eles estavam de volta à D9. Um pouco mais fundo no distrito do que sentia-se confortável. Ao passarem pela loja de conveniência ainda era possível ver o cabelo lavanda de Chenle atrás da caixa registradora, mexendo no celular com um sorriso no rosto. Parecia ter sido em outra vida desde que estiveram ali.
Chan olhou de soslaio para o Emissário ao seu lado que permanecia atipicamente quieto. Pensou, por um instante, que ele não tivesse o escutado e ponderou refazer a pergunta, mas optou por não fazê-la ao ver a forma quase audível com que o pomo de adão de Felix moveu-se, o canto de sua boca contraindo-se quase imperceptível em um sorriso afiado.
— Eu morei em muitos lugares e em lugar nenhum, Detetive.
— Mas deve haver um lugar que você chama de lar.
Dessa vez, Felix riu. Um som profundo e curto, zombador.
— Pessoas como eu não tem um lar, Detetive.
E que tipo de pessoa você é? Bang Chan desejou perguntar. Até mesmo assassinos convictos em sua maioria tinham um lugar para chamar de lar, como você não poderia ter?
Se fosse no início, quando haviam se conhecido, teria facilmente acreditado nas palavras do Emissário. Isso foi antes. Agora era difícil imaginar que ele poderia fazer parte do grupo de pessoas que não mereciam nem mesmo um lugar para chamar de lar.
