𝟷.𝟷𝟿 ☽ 𝐸𝑡é𝑟𝑒𝑜, 𝑞𝑢𝑎𝑠𝑒 𝑓𝑎𝑛𝑡𝑎𝑠𝑚𝑎𝑔ó𝑟𝑖𝑐𝑜

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Há um cachorro faminto e selvagem no fundo da minha garganta

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Há um cachorro faminto e selvagem no fundo da minha garganta.

Ele está com tanta raiva do mundo e das mãos que o alimentam,

e quando abro a boca ele late, late, late,

assustando e afastando todos.

(Desconhecido)

𓅐


Han Jisung adentrou na escuridão com a confiança de quem já a conhecia como a palma de sua mão.

Todavia, Bang Chan estava certo de que Han, assim como ele próprio, nunca havia estado ali antes. Pelo menos, não presencialmente, pensou ao vê-lo quase tropeçar na sutil elevação que havia entre a porta e o interior vasto de um loft industrial iluminado apenas pelas três largas janelas que percorriam a parede oposta à porta.

Felizmente, por ter cômodos integrados, era fácil verificar com apenas um olhar - da pequena cozinha até o espaço com sofá e TV próximos às janelas - que Felix não se encontrava ali. Jisung desceu os dois degraus que levavam do balcão da cozinha até o espaço mais largo que seria a sala, acendendo as luzes pelo seu caminho até uma das pouquíssimas portas do recinto, o banheiro.

Chan, silenciosamente, também desceu. Agora, com o cômodo iluminado por luzes artificiais, não pôde ignorar os rastros esporádicos de sangue. Ele os seguiu a passos firmes, com o coração comprimido em seu peito.

— Ele não está no banheiro, então deve...

Han não completou, seu olhar inquieto pousou sobre o Detetive parado em frente às portas duplas de correr que funcionavam quase como uma parede, uma luz azulada escapando pelos vidros turvos delas.

A luz expandiu-se no momento em que as portas foram abertas, revelando o quarto banhado em uma galáxia de azul escuro e pontos arroxeados. Seria lindo, as cores vibrantes e pontos estelares que advinham do pequeno projetor ligado no chão, se apenas há poucos metros dele não estivesse um corpo desacordado.

— Merda!

Han Jisung passou por ele com passos apressados, antes mesmo que ele pudesse desviar o olhar da garrafa vazia de soju caída ao lado de algumas peças de roupas. Chan observou, tenso, o Facilitador colocar-se de joelhos ao lado de Felix, virando seu corpo de barriga para cima enquanto suas mãos desesperadamente alcançavam o rosto sardento irresponsivo. Da soleira, só era possível ver a parte superior do corpo do Emissário, mas o olhar esporádico de Han para a direção ocultada pela cama deixava claro que o problema estava em algum lugar dos membros inferiores.

— Felix? — Han o chamou, dando-lhe tapinhas sonoros na bochecha, após ter afastado os fios loiros do rosto úmido de suor. — Felix!

As sobrancelhas de Felix se franziram e seu rosto pendeu desajeitadamente para o lado oposto à voz que falava com ele.

Solivagant • chanlixOnde histórias criam vida. Descubra agora