⚠️Aviso de gatilho: drogas, violência explícita, TEPT e dissociação.⚠️
Felix estava de volta às suas roupas de Emissário.
Vestindo agora seu típico casaco preto com capuz grande o suficiente para esconder o canivete que carregava no coldre preso à sua coxa esquerda, coturnos pesados em seus pés e luvas que não cobriam seus dedos, mas cobriam suas mãos. Suas sardas eram novamente visíveis pela falta de maquiagem, mas também o hematoma esverdeado desvanecendo em sua bochecha.
Apesar da postura aparentemente despreocupada, com os pés deliberadamente sobre o painel do carro -mesmo após o detetive ter-lhe chamado a atenção algumas várias vezes- e o rosto vazio de qualquer expressão ou emoção por todo o caminho, os ombros sutilmente tensos e olhos focados ao seu redor pareciam deixar o garoto à beira de algo... Algo que Bang Chan não conseguia prever e que apenas intensificava o desconforto dentro de sua caixa torácica.
O Detetive não gostava daquele olhar, obsidianas vazias. Deixava-o inquieto, um profundo sentimento horrífero expandia-se em seu âmago.
— Você morava aqui? — perguntando-o, quebrando o silêncio com sua voz estranhamente rouca.
Já haviam se passado mais de meia hora desde que chegaram na cidade vizinha, Wonju. Apesar de ser apenas um pouco mais de duas horas de Incheon, Bang Chan nunca havia visitado, sendo próximo demais da floresta de Eodum para seu conforto.
Apertando o couro do volante entre seus longos dedos, olhou de soslaio para o garoto ao seu lado que permanecia atipicamente quieto. Pensou, por um instante, que o garoto com sardas não tivesse o escutado e ponderou refazer a pergunta, mas optou por não fazê-la ao ver a forma quase audível com que o pomo de adão de Felix moveu-se, o canto de sua boca contraindo-se quase imperceptível em um sorriso afiado.
— Eu morei em muitos lugares e em lugar nenhum, Detetive.
— Mas deve haver um lugar que você chame de lar.
Dessa vez, Felix riu. Um som profundo e curto, mais zombador do que de fato genuíno.
— Pessoas como eu não tem um lar, Detetive.
E que tipo de pessoa é você? Bang Chan desejou perguntar. Até mesmo assassinos convictos em sua maioria tinham um lugar para chamar de lar, como alguém como Felix não poderia ter? Se fosse no início, quando haviam se conhecido, ele teria facilmente acredito nas palavras do garoto, mas agora era difícil imaginar que ele poderia fazer parte do grupo de pessoas que não mereciam nem mesmo um lugar para chamar de lar.
Agora, esse pensamento fazia o sentimento de inquietação em seu peito intensificar-se.
Bang não perguntou, todavia, optando pelo silêncio pelo resto do caminho enquanto tentava não pensar demasiado nas razões do garoto ao seu lado.
— É aqui.
O aqui em questão era um fliperama, com sua fachada repleta de sinais néon desligados e uma placa vermelha indicando que ainda estavam fechados. Não parecia ser o tipo de lugar que uma gangue escolheria como fachada, algo que o Emissário parecia concordar se a expressão subitamente intrigada em seu rosto fosse qualquer indício. De qualquer forma, o garoto parecia certo sobre o lugar pois saiu do carro assim que Bang Chan o estacionou.
Com um longo suspiro, o rapaz assegurou sua arma no coldre e saiu atrás do Emissário, esperando que não tivesse que usá-la em um final de tarde tão tranquilo quanto aquele.
— Estamos fechados — disse, indiferentemente, o rapaz uniformizado que passava o esfregão no piso encardido — Malditas crianças.
Não havia mais ninguém no local de tamanho razoável, Bang Chan notou olhando ao redor, apenas máquinas de jogos e o funcionário - Minseok, dizia a placa de identificação no seu peito- mal humorado que estava claramente cansado da clientela o suficiente para nem se preocupar em erguer o olhar para saber com quem estava falando.
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Solivagant • chanlix
Fanfiction[EM REVISÃO] ❝O departamento de crimes violentos de Incheon era mais enfadonho do que o nome fazia parecer. Bang Chan não se importava, sendo isto um indício de que a taxa de homicídios da cidade estava mais baixa do que já esteve no passado que tod...