II. Idiota Bonitão

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ANGELA

Após a minha pergunta, Andrew apenas anui e eu desvio o olhar, frustrada. Eu sinto que ele me analisa e agora percebo a merda que fiz em simplesmente afastar ele... poxa, Andrew nunca foi um cuzão comigo, seus amigos sim. Temos coisa de cinco anos de diferença de idade, e eu me apaixonei quando tinha dez anos e éramos vizinhos.

Não somos mais vizinhos e eu não tenho mais dez anos, então isso ficou para trás.

- Angel... por que não atendeu minhas ligações? - Suspira e segura minha mão, atraindo minha atenção novamente. - A situação podia ser outra, até porque, eu te lembraria da pílula ou a gente falaria sobre essa noite, e ela precisa ser dita e não esquecida.

- Olha, Andrew, eu não esperava que fosse esquecer algo tão importante depois de ser tão imprudente. - Bufo, olhando para sua mão ainda na minha minha, ele fazendo um leve carinho na mesma. - O que aconteceu foi um erro.

- Eu fui contra a minha palavra, Angela... - Torce o lábio. - mas aqui estamos agora, e não tem como voltar atrás. E é impossível não ser meu ou eu ir embora agora. Vamos resolver isso juntos.

A atitude de Andrew não me surpreende tanto, ele sempre teve princípios. E quando anjos sussurraram em meus ouvidos há alguns meses que Andrew iria ter um bebê com alguém, eu não pensei que esse alguém seria eu, ele tinha uma namorada na época - mesmo que os dois estivessem em aparente crise. E eu me pergunto como vou dizer isso a Annette e Beatrice, como vou me organizar no trabalho, como vou organizar as coisas no pequeno apartamento que divido com elas e como vou me resolver com a fibro.

- Você pode ficar no meu apartamento... se quiser, é claro. A minha governanta pode ajudar nesse... começo conturbado de gestação.

O olho instantaneamente, um pouco indignada. Ele só pode estar de brincadeira com a minha cara, eu não vou ir pra casa do meu lindo e ligeiramente fofo porém mulherengo ex vizinho/ex paixão platônica. Não tem cabimento... e eu posso não saber como vai caber um bebê no cubículo que eu moro e que muito provavelmente vou passar os dias sozinha se ele me der algum atestado, mas recorrer a Andrew dessa forma, é demais pra mim.

- O que...? - Ele questiona, aparentemente confuso, analisando minha fisionomia.

- Eu não vou ficar no seu apartamento aguentando as mulheres que vai levar pra lá. - Disparo, emburrada.

- Eu não levo mulheres pro meu apartamento, na verdade, eu ando trabalhando tanto, que eu não sei o que é sexo desde o dia em que transamos. - Retruca, desconcertado.

- Conta outra, Russell!

- Garfield, querida Angel, Garfield. - Ele pigarra, torcendo o lábio. - Já me chamam de Russell o dia todo, o meu nome do meio é sem dúvidas menos... formal.

- Enfim... eu não vou pro seu apartamento.

- Então eu vou ser obrigado a avisar Annette e mandar alguém com você para ajudar. - Ele sorri, colocando as mãos no bolso do jeans, eu cruzo os braços a frente dos seios enquanto um grande bico se forma em meus lábios.

- Andrew... - Murmuro, me sentindo um pouco encurralada.

- Angel... - Ele me imita. - vamos lá, a escolha é sua.

O seu excesso de zelo me causa uma sensação estranha, um leve frio na barriga. Eu sonhava em ser próxima dele até a minha adolescência, e ter uma proximidade desse tipo agora me deixa um pouco embasbacada, eu realmente não sei lidar e não sei o que esperar. E ir pra casa dele me deixa receosa mas encarar Annette me deixa mais, porque ela é um cão chupando manga quando quer.

Droga.

- Tudo bem, eu vou... mas. - Paro, o mesmo erguendo uma sobrancelha. - somente se eu pegar atestado.

- Fechado. - Ele anui, ainda sorrindo.

Idiota bonitão, argh.

🍒💛🍒

ANDREW

Eu estou um pouco nervoso, pois não sei o que esperar dos meses seguintes e... dos anos seguintes. Mas ao mesmo tempo, estou feliz, com um enorme frio na barriga, eu só estou preocupado com a desmiolada da Angela. Ela tirou uma semana de atestado, porque segundo o doutor, ela tem grandes chances de ter uma crise agora devido ao estresse e os últimos acontecimentos, e também baseado em como ela está se sentindo fisicamente e emocionalmente. Ela parece amuada enquanto lê as recomendações que ele imprimiu caso ela esqueça de algo, e eu não sei o que fazer nesse momento... ela pode ser afastada do trabalho dependendo de como for, e ela ama trabalhar. Então o clima foi um pouco pesado enquanto buscávamos suas coisas, pesou um pouco mais enquanto ela avisava Annette dos dias que ia passar fora mas que explicava melhor depois, e agora indo pra minha casa... está quase palpável.

- Eu vou ter que parar com o antidepressivo... - Ela quase sussurra e eu me forço a entender.

- Vou fazer o possível pra não sentir um efeito tão negativo por conta disso. Eu prometo. - Respondo mesmo não tendo certeza se ela falou comigo ou consigo mesma, ela apenas anui lentamente, parecendo ainda mais cabisbaixa.

Angela sempre foi temperamental, absolutamente dona de si e tem um cruzado de direita de dar medo, eu nunca esqueço do dia em que ela quase deixou uma garota em coma de tanto dar socos, os médicos disseram que foi por muito pouco e tinham medo da garota demorar a acordar. Eu sei disso porque a garota era amiga de um antigo conhecido, e por essa razão, eu evitei Angela por quase um ano... e eu me arrependo, ela foi muito provocada até fazer aquilo, e me contaram que ela ficou um pouco chateada com a minha atitude porque apesar de não ser mais apaixonada por mim, me queria como amigo.

E eu não sei se isso mudou.

- Estamos chegando. - Ela permanece calada enquanto guarda o papel na mochila e se aconchega no banco, parecendo exausta.

Eu suspiro e volto meu olhar para a rua, fazendo a penúltima curva antes do apartamento. Eu já deixei avisado para minha governanta, Yvette, preparar o quarto de hóspedes com o maior zelo e deixar algo pronto para Angela caso ela esteja com fome quando chegarmos ou até mesmo depois, eu vou dar tudo que ela e meu filho ou filha precisarem, eu não vou vacilar com ela agora. Não vou.

- Chegamos... - Murmuro enquanto adentro a garagem, estacionando.

Olho pelo retrovisor após não obter resposta, e reparo que a mesma caiu no sono. Ela estava mesmo cansada, penso comigo enquanto dou um leve sorriso e saio do carro, abrindo a porta traseira e retirando o cinto da mesma e a pegando no colo em seguida, ela se aconchega e dorme tão tranquila... tão linda. Eu beijo sua testa e subo com ela, Yvette me ajuda a abrir as portas e fecha a persiana enquanto deito Angela com cuidado e retiro seus sapatos, a cobrindo na sequência. Dou alguns passos para trás e a observo ainda um pouco bobo e em êxtase.

Ela realmente parece um anjo.

O Pai Do Meu Bebê 《ANDREW GARFIELD FANFIC》Onde histórias criam vida. Descubra agora