ANGELA
Quando olho no espelho no dia seguinte, tenho certeza que devo ter sido atropelada por um caminhão enquanto dormia. Eu escovo meus dentes e depois me arrasto até o box e tomo um banho longo, sem pressa alguma, me sinto pesada.
- Angel? - Ouço a voz rouca de Andrew próximo do banheiro, eu apenas me encolho ligeiramente. - Está tudo bem?
- Sim... eu já vou sair. - Desligo seu chuveiro chique e me enrolo na toalha. Respiro fundo e me preparo psicologicamente para prosseguir.
- O café está pronto... você demorou. - Sua voz soa do outro lado da porta entreaberta. - Está tudo bem mesmo? Você geralmente é incrivelmente tagarela pela manhã.
- Está tudo bem, Andrew...
Enrolo meu cabelo em uma segunda toalha e saio do banheiro devagar, sinto seu olhar me seguindo enquanto me dirijo até o closet e pego uma roupa confortável para aproveitar minha folga.
- Você está estranha. - Ele murmura enquanto cruza os braços e se encosta no batente da porta.
- Não estou não.
Me seco e me visto devagar, me apoiando. Meu corpo está pedindo socorro e, pelo visto, Andrew notou. O mesmo se aproxima e me ajuda, seu olhar pesando sob mim.
- Você não tá nada bem. - Ele constata e me pega em seus braços, eu faço um bico involuntário enquanto o mesmo me leva até a cama, me deixando deitada na mesma. - O que você tem, Angie? - Ele murmura, me olhando com atenção, eu apenas encolho os ombros. - Não me faça ligar para alguém... por favor, me diga, estou preocupado.
- Dores... muitas... - Mordo o lábio com força, descontente em falar sobre isso.
Eu me lembro bem... de tudo. Me lembro que as coisas foram difíceis para meu psicológico nos últimos anos. Eu perdi minha mãe para a leucemia à três anos, fui diagnosticada com fibromialgia à quatro logo após me ver livre de um relacionamento abusivo. E eu me lembro de como as atenções se voltaram para mim quando quem sempre precisou foi minha mãe, eu me lembro de como as restrições e o combo de coisas negativas estava me destruindo, eu me tornei uma boneca de porcelana aos olhos deles, eu nunca quis sua pena... e após a morte da minha mãe, Annette e eu ralamos para nos organizar, para manter tudo, enquanto eu recebia olhares de pena e é tudo que eu menos quero... pena.
- Angela? - Ele estala os dedos em frente aos meus olhos e eu o olho absolutamente aérea. - Eu vou chamar um médico... o... o... Victor, o doutor Victor.
Ele corre para fora do quarto, voltando pouco depois com o celular no ouvido, falando com quem presumo ser Victor. Ele parece absolutamente descontente enquanto fala com ele, sua voz é tão distante enquanto me aconchego no cobertor. Tudo gira e me sinto nauseada, pisco algumas vezes desconfortável e a última coisa que vejo é Andrew caminhando em minha direção.
ANDREW
Desespero. Foi o que eu senti. Estava passando para Victor a situação e... ela estava ali, piscando devagar e mais pálida que o normal, eu a chamei mais de uma vez e ela não respondeu. Então ela simplesmente apagou e meu sistema quase deu pane, eu não sabia o que fazer, pela primeira vez na vida eu estava no escuro. Eu sempre soube o rumo que deveria tomar mas, naquele momento, eu só soube gritar por Victor pensando se o mais viável era levá-la ao hospital ou esperar o médico de confiança da minha família.
Victor chegou em dez minutos, ele subiu as escadas correndo, acompanhado por Yvette, enquanto eu segurava a mão de Angela, perdido.
- Andrew, distância... por favor. - Ele murmurou e se aproximou, me empurrou levemente após eu não me mover e só então eu me afastei ligeiramente, como acordado de um transe mas com meus olhos fixos em Angela. - Ela vai ficar bem. - Ele diz e a examina minuciosamente, até olhar para mim e suspirar. - Que diabos, você disse que ela tem fibromialgia, não é? - Anuo. - A linha de tratamento devia estar mais firme devido a possível pressão que anda carregando, uma... carga pesada demais. Fora cuidados com alimentação ou exercícios que acredito que ela não esteja tendo. Na gestação, os sintomas podem se agravar e creio que seja isso que está acontecendo.
Suspiro e simplesmente anuo, ele descreve detalhadamente o que ela deve evitar e os cuidados que deve tomar. Depois me receitou medicamentos leves nesse momento, e eu anotando tudo mentalmente enquanto olho para Yvette vez ou outra.
- Ela é quase de porcelana agora, Andrew... cuidado.
Ele me diz antes de descer acompanhado por Yvette, eu me sento e pego o celular, cancelando meus compromissos. Meu dia será dela e... ela merece isso. Mesmo que eu não saiba o que somos ou o que seremos, ela merece alguém que trate ela da melhor forma possível, alguém que a ajude a cuidar da sua dor. Eu queria isso quando minha mãe faleceu ano passado... queria alguém que me ajudasse. Alguém que segurasse a minha mão. E mesmo sabendo que ela tem Annette ou Thomas, eu não sei o quanto eles são presentes nesse ponto. O quanto ela os permite ajudar.
Eu não vou deixar Angela na mão.
Me deito ao seu lado e velo seu sono, perdido em pensamentos. Ela tinha espasmos vez ou outra e não sei exatamente quanto tempo passou até ela acordar após um espasmo mais forte, um pouco assustada, olhando em volta perdida.
- Angie... shh... - A abraço e ela ofega, me apertando de volta. - tá tudo bem.
- Andrew... - Ela choraminga. - minha garganta tá seca...
Anuo e beijo sua testa antes de descer e buscar água para ela, subo e encontro a mesma sentada, seus braços tremem enquanto ela mantém seu peso. Suspiro e sento ao seu lado, a sustentando com um dos meus braços e a ajudando a tomar água com a mão livre, ela bebe devagar e eu a ajudo a deitar novamente quando ela termina, colocando o copo no criado-mudo.
- Melhor? - Faço carinho em sua bochecha, ela anui. Olho no relógio de cabeceira e depois para ela novamente. - Vou pedir para Yvette preparar seu almoço...
- Culinária brasileira... - Ela murmura e eu anuo, sorrindo. - arroz, feijão...
- Ok. Eu vou te surpreender hoje, prometo. - Beijo sua bochecha. - Tudo para minha gravidinha preferida.
- Não tem outra, Garfield... - Ela ri fraco.
- Mesmo que tivesse... você é minha 01. - Sorrio e vejo ela corar, bagunço seu cabelo e levanto. - descanse, eu te chamo quando o tira gosto estiver pronto.
Ela anui e eu desço novamente, indo falar com Yvette. Angela me deu um baita susto hoje.
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O Pai Do Meu Bebê 《ANDREW GARFIELD FANFIC》
FanficAngela González é uma jovem de 24 anos com TDAH, autismo leve e fibromialgia que acaba engravidando de sua antiga paixão platônica, Andrew Garfield, em uma social organizada pelo mesmo. Um vínculo eterno é criado trazendo dramas e dilemas para a vid...