IV. Não é Justo

122 14 0
                                    

A frustração de Angela é notável, em conjunto com seu choque. Ela pigarra e passa a língua pelos lábios - e que lábios - antes de soltar sua leve indignação e descrença agora visíveis.

- Oi...? Não pode ser, se ele ruir, o prédio inteiro vai ruir também.

- O seu apartamento é o único que está com um certo vazamento, logo, é a única que oferece riscos. - Ele explica, paciente. - Ele precisa de uma reforma completa e vai sair por volta de uns 70 mil... podemos começar?

- Merda. - Ela murmura, massageando as têmporas. - Andrew... - Sussurra, me olhando.

- Tá esperando o que? Pode começar. - Digo e olho Angela, sorrindo. O engenheiro apenas anui e vai em direção a sua equipe.

- Eu não tenho como te devolver esse dinheiro. - Ela suspira e vai pro quarto, pegando uma mala no guarda roupa e colocando roupas secas.

- Em algum momento eu pedi pra que me pagasse? - Questiono, a ajudando.

- Mas é o mínimo, 70 mil não é troco de pão. - Suspira, pegando os chinelos.

- Depende de qual padaria você está comprando... - Sussurro, a observando.

- Eu ouvi. - Ela bufa e levanta a mala pequena, indo para a saída. Ela se despede do moreno que me lança um aceno de cabeça e desce rapidamente.

- Enfim... vamos pra minha casa?

- O que? Não. - Ela me olha e franze o cenho, irritada.

- Por que não? Afinal, você é minha namorada. - Sorrio de canto, a observando parar, me olhar e colocar as mãos na cintura.

- Você nunca pediu. - Retruca, fazendo um leve bico.

- Você assumiu o posto antes mesmo de eu dar conta.

- Assumi? - Ergue uma sobrancelha.

- Sim. - Me aproximo e selo seus lábios, ela retribui e dá um sorriso discreto.

Ela calça os chinelos e desce as escadas, puxando a mala. Eu a sigo e pego a mala, levando, ela apenas me olha descontente.

- Eu consigo, Andrew.

- Eu sei que consegue. - Dou de ombros e vou até o carro, abro o porta malas e ponho a mala lá. Angela cruza os braços e entra no carro, emburrada. Eu fecho o porta malas e entro também, a olhando. - Ah, qual é... - Ela ignora e eu suspiro, ligando o carro e dando partida. - vai ficar com raiva?

- Me deixa, Andrew.

- Sério, Angela?

- Eu tô cansada. - Ela resmunga, e eu a olho rapidamente, vendo ela encostada na janela.

- Dia puxado? - Mordo o lábio.

- Sim.

- Sabe que seria mais tranquilo para você se aceitasse ser minha secretária, nem precisaria de entrevista.

- Isso não é justo, Andrew.

- Nada é. Mas eu te considero competente. E você é a mãe do meu filho e minha garota.

- Fala sério, Andrew... você disse que nunca ficaríamos juntos e agora já diz que sou sua namorada. - Ela bufa e sinto seu olhar me queimando enquanto eu simplesmente suspiro, olhando para frente. - As coisas não funcionam assim e não são tão fáceis quanto você acha que são.

- Você que complica demais as coisas, Angela. Custa aceitar o que tenho a te oferecer? - A olho rapidamente, vendo seus olhos marejados. Por que ela vai chorar?

- Custa. Claro que custa, já que o que tem a me oferecer muda toda a minha vida de uma vez, sem um pause pra respirar. - Ouço ela suspirar. - E você só está fazendo isso porque estou esperando um filho seu... e, sinceramente, nem sei se isso é bom pra sua imagem ou reputação.

Eu não consigo dizer absolutamente nada após isso, porque em partes, ela tinha razão, eu queria Angela por perto. Queria meu filho ou filha por perto. E não sabia como ia encarar os sites de fofoca mas estava pensando nisso... eu iria dar um jeito. E eu gosto de Angela, eu gosto do seu sorriso, acho sua voz uma melodia bonita, e até gosto da sua teimosia. Mas talvez eu realmente esteja indo rápido demais, precionando ela com algo que eu nem sabia se queria ou precisava até tudo acontecer, até eu não tirar ela da minha mente e descobrir que vamos ter um bebê. Até Angela voltar pra lidar com meu coração mal assombrado...

Depois disso, nos calamos, e eu termino o percurso até em casa em silêncio, encucado com nossa conversa. Chegamos em pouco tempo, respiro fundo e olho para o lado, só para ver uma Angela dormindo no banco do passageiro. Realmente, a capacidade dela em dormir no percurso é impressionante, mas deve ser pelo trabalho e os... hormônios.

- Angie... - Sussurro, sorrindo de canto e colocando uma mecha de cabelo para trás de sua orelha.

Saio do carro e dou a volta, indo até o lado do passageiro e pegando a mesma em meus braços. Ela se aconchega e eu a levo até o quarto, a deitando com cuidado. Me alongo e volto para o carro, e no tempo de descer e pegar a mala, Angela não está mais na cama.

- Angie? - Chamo, olhando em volta.

- Andrew... - Ela murmura coçando os olhos, parada na porta do banheiro. - toalhas? Preciso de um banho.

Sorrio e vou até o banheiro, pego no armário e dou a ela. Da semana que passou aqui, ela não precisou separar uma toalha, eu já tinha feito isso, mas creio que Yvette tenha colocado para lavar. E ela acabou vindo dormir comigo após quatro dias aqui, então...

- Obrigada. - Pigarra e me olha por alguns instantes. - Com licença. - Me dá um leve empurrão em direção a saída do banheiro.

- Ah, qual é... - Olho ela, fazendo bico.

- O que?

- Vem cá...

- Eu vou tomar banho, Andrew. - Ergue uma sobrancelha.

- Não tem nada aí que eu já não tenha visto.

- Licença. - Reforça, parecendo irritada e eu reviro os olhos, saindo do banheiro e deitando na cama. - Eu vi, hein. - Diz soltando um riso nasalado e fechando a porta.

Suspiro e passo a mão no rosto, ouvindo o som do chuveiro. Pensar no seu corpo nu me dá... uh. Fico um tempo deitado até Angela sair enrolada na toalha e com outra no cabelo.

- Posso pegar uma camisa sua...? - Pergunta, sorrindo sem jeito.

Mas que pergunta! Nem parece que já passou uma semana aqui e eu já a declarei minha garota.

- Claro...

Respondo devagar, tentando disfarçar minha leve indignação. A mesma anui e vai pro closet, voltando pro banheiro, pendurando a toalha e indo até a cama. Minha camisa se torna um vestido nela. Sorrio e abro os braços para ela, que deita e se aconchega em meu aperto. Eu a abraço e a beijo com carinho. Ela retribui devagar e se aninha em mim. Dormimos em pouco tempo, abraçados.

O Pai Do Meu Bebê 《ANDREW GARFIELD FANFIC》Onde histórias criam vida. Descubra agora