VI. Conflitos

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ANGELA

Eu voltei a dormir em instantes após Andrew descer, só acordei tempo depois com o mesmo me acordando com calma. Seu olhar não continha pena, apenas preocupação e carinho. Eu estava em um sonho e tinha medo de cair da cama do nada, sem aviso prévio ou cuidado, somente acordar com os meus problemas rotineiros, sem um bebê, sem sentir isso.

Eu nunca coloquei fé em Andrew, ele parecia inalcançável, simplesmente algo que eu nunca teria. Que nunca daria certo. Ele era um rapaz imaturo, e eu, uma criança. Eu sei que as coisas mudaram, mas eu imaginei que essa distância seria eterna e agora vendo ele se esforçando tanto para um avanço ou uma melhora, o seu cuidado... é pelo bebê? Por mim? Por ambos? Eu não sei, e isso me mata, me assusta, me oprime. Quando a esmola é grande, o pobre desconfia, e é o que tô fazendo. Desconfiando de tudo e desacelerando o máximo que posso sempre, e mesmo vendo esse banquete feito para mim e seu sorriso de orelha a orelha tudo que consigo fazer é... desacreditar.

AUTORA

- Angie... - Ele murmura e a mesma o olha, coçando os olhos.

Angela estava aérea e sonolenta, e isso era perceptível. A mesma estava em uma lentidão absurda e Andrew tentava compreender e colocar a culpa no recente episódio, apesar da preocupação. A sua vontade agora era ter Victor ou alguma enfermeira ali cem por cento do tempo, mas sabia que isso forçaria a paciência da pequena morena no último e ele poderia perder todo avanço que obteve até aquele momento. Eles tinham seus problemas, alguns parecidos. Jeitos e trejeitos a ultrapassar e até mesmo Andrew se perguntava se queria aquilo pela ideia do bebê ou por Angela... qual era razão do rumo que havia tomado?

- Angie, princesa... come um pouquinho... já é cinco horas da tarde e você nem mesmo tomou café. - Ele volta a murmurar, segurando sua mão.

- Andy... - Ela sussurra, o olhando enquanto tombava a cabeça pro lado.

- Diz, princesa... - Sorri soltando sua mão e pegando o prato, misturando a comida com a colher.

- O que... o que somos...? - Ela parecia tão desgastada e exausta, sua pergunta continha calma e inocência e mesmo assim Andrew paralisou por instantes, a olhando.

- Eu quero que seja minha namorada, Angela, mas estou indo com calma pois entendo que é algo inusitado... algo que você precisa digerir. Não só você, na verdade. - Suspira e a morena anui lentamente, ainda mais aérea.

Pessoas podem ter energias compatíveis ou se darem extremamente bem, e terem problemas no quesito convivência. A convivência é traiçoeira, ela geralmente se banha a conflitos mesmo que tudo fique bem no final, ela ainda consegue ser dolorosa e frustrante na maioria das vezes. Ambos tinham receios, e um dos receios de Angela era o fato de não querer depender de alguém novamente, o fato de que se ele se tornasse algo pra ela, pudesse precisar dele por ser doente e sentir isso era cruel para o seu coração. Já Andrew... ele tinha medo de não conseguir suprir o que ela fosse precisar, das expectativas serem pesadas demais, ter sempre controle de tudo e ir de embate com uma senhora controladora e dona do mundo lhe deixava com o pé atrás.

Qual era o rumo certo a se seguir?

🦋✨️🦋

No Dia Seguinte

Angela sai do elevador e suspira, estava pensativa desde a conversa que havia ouvido de Andrew e Victor, a preocupação de Andrew e as precauções que ele não passou a ela... ele a deixou no escuro e quando percebeu isso, ficou chateada. Não era sua intenção ouvir, mas ele achou que ela estava dormindo e a mesma apenas permaneceu calada e com a respiração compassada, não sabendo o que sentir referente a isso.

- Angel. - O mesmo disse sorridente enquanto se curvava para beijar os lábios avermelhados da morena de um metro e meio, que forçava um sorriso, retribuindo. - Não devia ter vindo trabalhar hoje... está se recuperando ainda.

- Eu aguento o tranco, Andy.

O tranquiliza, tombando a cabeça para o lado. O mesmo torce o lábio parecendo discordar e abre espaço para a mesma entrar no carro, fechando a porta após sua entrada. Angela colocou o cinto e olhou para Andrew que entrava no motorista. Ele parecia tenso mas ao mesmo tempo estava alegre, tranquilo.

- Andy... - Murmura, o mesmo a olhando enquanto colocava o cinto. - podemos conversar?

- Claro. - Anui, olhando para frente enquanto liga o carro, dando partida. - Sobre o que?

- Sobre ontem.

- Ontem... qual parte exatamente de ontem, Angel? - A lança um olhar rápido e significativo, a fazendo suspirar. - Eu já tenho objeções o bastante sobre você estar aqui sendo que ontem mal se aguentava em pé.

- Eu trabalho sentada, as dores estão aceitáveis. - Bufa, e antes que ele pudesse protestar enquanto lhe lançava um olhar de indignação, ela continuou. - Eu sei que é uma situação complicada... eu tenho fibromialgia... eu tô ferrada. - Passa a mão no cabelo, se sentindo perdida.

- Angela... eu... nós podemos contratar os melhores médicos, sei lá, vai dar certo. - Suspira, estava desconcertado mas acalmar a gestante com tantos hormônios em guerra parecia o melhor a se fazer agora.

- Nós!? Eu não posso nada! Eu gasto pra caramba com isso... meu Deus, meus antidepressivos vão pro espaço, eu nem tinha pensado nisso! - Exclama, colocando as mãos no rosto, exasperada.

- Eu! Eu então, eu contrato, eu pago por tudo! - Rebate, mordendo o lábio inferior com força.

- Essa história tá bem bonita, hein... - Sussurra enquanto se abana com as mãos, ligando o relógio e medindo a pressão, batimentos e oxigenação. - eu mal tenho onde cair morta, a Annette vai me matar...

- Angela... - Murmura, parando no acostamento. - deixa eu cuidar de vocês. - Segura seu rosto com delicadeza, olhando em seus olhos.

- Não posso deixar que banque tudo...

- Pode sim... vou ligar pra alguns médicos... - para de falar, suspirando. De abrupto. Sentia que não iria tomar um rumo agradável se insistisse naquele momento. - vamos almoçar? Está na hora, gravidinha. - Sorri fraco, beijando a ponta de seu nariz, a mesma a anuir com velocidade.

- Eu preciso comer... - Murmura, as bochechas ligeiramente espremidas pelas mãos de Andrew.

- Então... minha casa... nossa casa. - Andrew sorri, com Angela acompanhando seu sorriso.

- Nossa casa.

O Pai Do Meu Bebê 《ANDREW GARFIELD FANFIC》Onde histórias criam vida. Descubra agora