IX. Água de Coco, Azeitonas e Beringelas

49 6 0
                                    

ANGELA

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

ANGELA

Nem duas semanas após a conversa no carro e... que giro de trezentos e sessenta graus absurdo. Eu estava animada apesar dos pesares, Thomas e eu estavámos trabalhando para Andrew porém, a gestante aqui, estava de "atestado" por conta de uma contaminação estomacal após ingerir um pastel de procedência duvidosa. 

Me lembro bem de acordar de madrugada após meu telefone tocar, estranhei absurdamente o fato de ser minha sobrinha ás três da madrugada, mas ainda assim, me sentei na cama e atendi.

- Bea...?

- Tia Angie! - Ela exclamou, eufórica. - Você não vai acreditar.

- O que, princesa...? Me conte... - Bocejei, me encolhendo ligeiramente, sentia minha garganta seca e a sensação de corpo quente e dolorido. Eu estava de calça de moletom e uma camisa do Andrew e ainda assim parecia pegar fogo.

- Mamãe pegou um gato! Ele tava chorando e fez xixi no meu edredom, então tô limpando tudo, mas ele é bem fofo.

- Que legal, princesa... 

Meu olhar vagou pelo quarto enquanto apoiava a mão livre na cama, sustentando com pesar o peso do meu corpo. Por um instante, me desconectei da Terra, olhando para meus pés ligeiramente inchados no breu do quarto. Ouvia a voz de Bea ao longe e uma ligeira movimentação da cama ameaçava meu equilíbrio.

Fui trazida de volta a realidade com o toque de Andrew em meu ombro, que me fez arquejar e me encolher ainda mais, o celular escorregando da minha mão enquanto meu corpo pendia diretamente para aquele aconchegante e gelado abraço.

- Angel, cê tá queimando! - Ele exclamou, sendo o balde de água fria pra pobre lesada em seus braços. O bico se formando em meus lábios involuntariamente enquanto ele constatava o óbvio. - E tá com dor... princesa. - Seu suspiro foi pesado enquanto ajeitava meu corpo na cama.

Eu estava exausta, meu estômago começava a doer e o sono me dominava. Eu não ouvi mais nada, apenas prestava atenção em seu rosto bonito enquanto ele acendia o abajur e ligava para Victor, eu deixava o sono me abraçar apesar da bela visão de um abdômen definido e a feição ligeiramente desesperada. Que bela visão.

Eu voltei a realidade pela manhã, sendo medicada por Victor enquanto queria apenas dormir. Meu estômago estava simplesmente rejeitando qualquer alimento, apenas água de coco parava no mesmo e por um dia inteiro foi o que me sustentou. Meu corpo esfriava e superaquecia em velocidade absurda enquanto minha pressão se mantinha oscilante, Andrew não saiu do meu lado por um momento sequer, acordava e dormia e ele parecia apenas ter trocado a posição ou o programa de tevê, a olheira cada vez mais marcada em seu rosto bem delineado. 

No dia que se seguiu, acordei determinada a vomitar meus órgãos, a prensa no meu estômago parecia tão torturante e angustiante que eu jurava que meus órgãos realmente iriam se despedir do meu corpo nessa brincadeira.

Me ergui trópega da cama e me direcionei ao banheiro, indo para o chão com certa lentidão mas ainda assim o impacto dos meus joelhos com o piso me fizeram chiar de dor e leve agonia. Pela primeira vez Andrew não estava presente enquanto eu hiperventilava, abraçando o vaso sanitário recém lavado por Yvette. Porém, os passos apressados de Andrew soaram na escada após eu tossir um pouco, não sendo capaz de sustentar nem mesmo o peso da minha cabeça sob meus ombros, a jogando por cima do meu braço direito.

- Angie? Angela!? 

Seu desespero cortou meu coração mas, antes mesmo de eu responder, me senti ser erguida pelo mesmo. Meu corpo embatendo contra o seu enquanto desatava a chorar tentando lhe explicar o motivo do pranto, embolada. Eu ouvia sua tentativa de me acalmar de forma distante enquanto pousava meu corpo na cama, balanceando a temperatura... a sensação de frescor me acalmou quase de imediato, o sono me envolvendo em um breu tranquilo. 

Acordei envolta de seus braços, meu estômago parecia mais leve e minha boca aguando por sentir cheiro de... azeitona. Me ergui com lentidão, sendo seguida por Andrew, que colocou a mão em meu pescoço no automático, parecendo checar a temperatura. 

- Andy... - Murmurei, manhosa. - quero azeitona. - A confusão preencheu seu rosto, sendo substituída em instantes por um sorriso genuíno.

-Pra já, minha rainha.

Ele disse com ternura, beijou meus lábios carinhosamente e pulou da cama, descendo de samba canção em busca das minhas azeitonas, o que me fez sorrir... eu sou sortuda pra caralho.

E agora, cá estou eu, comendo azeitonas e beringelas ás três da tarde enquanto assisto Friends. O clima chuvoso estava me deixando preguiçosa... e minha baixa imunidade também. Andrew estava deitado sob minhas pernas enquanto me observava a cada dois minutos para checar que eu ainda estava perfeitamente bem e me alimentando.

- Que loucura esses dias, hein.

- Nem me fale. - Murmura em resposta, o cansaço aparente. - Tá se sentindo melhor? É só o que quer comer, princesa?

Sua atenção se desvia para mim, sua púpila dilatada e um leve sorriso. Me analisando com ligeira cautela. Eu sorrio travessa enquanto lambo meus dedos, anuindo.

- Só que... eu preciso de tomate.

- Mas como essa grávidinha tá saudável. - Ele ri, se sentando devagar e se espreguiçando. - Vou pedir para entregarem algumas coisas aqui em casa, mais verduras e tal, Victor disse que pode te ajudar. E mais umas garrafas com água de coco.

Meus olhos encheram d'água pela preocupação aparente em seus olhos castanhos. Deixo o pote de lado e engatinho em sua direção, me sentando em seu colo e o abraçando com minhas pernas. Suas mãos me seguraram com firmeza e soltei um sorriso manhoso, passando a língua pelos lábios enquanto finalizava, abraçando seu pescoço.

- Acho que... amo você... - Murmuro, o enchendo de beijinhos. Seu olhar se iluminou, me olhando com atenção.

Tão natural quanto a brisa da manhã ou o pôr-do-sol. Lá estava ele. Sorrindo pra mim. Eu já o amava, e a sensibilidade liberava esse sentimento há muito aprisionado. Eu não precisava que se declarasse de volta... mas estar no caminho para me amar era o suficiente. Me tratar como o cristal que eu era, era mais do que o bastante pra mim. Eu estava bem e quase leve como uma pluma apesar do peso em meu ventre. Estava tudo... perfeito.

E esses olhos negros
E um sorriso marfim
Seria muita pretensão tê-los apenas pra mim?

O Pai Do Meu Bebê 《ANDREW GARFIELD FANFIC》Onde histórias criam vida. Descubra agora