Carne e Osso (Ennard FNAF x Leitor Masculino

Cão Raivoso

Ele não tinha muita ideia de quem era. Não havia lhe dado um nome ainda. 

O jovem tinha cabelos longos e castanhos, chegando a um pouco mais de seus ombros. Eles eram...bagunçados, mas isso combinava com ele. Seu rosto era esguio e definido, com duas linhas suaves nas suas bochechas, mostrando um pouco o formato de seu crânio. Seus olhos eram compridos e não muito abertos, talvez por experiências de vida, talvez apenas por cansaço, com suas íris sendo protagonista, junto com suas olheiras que não eram destaque, mas que também não podia ser desprezada. Seus lábios não eram muito carnudos, e sua pele era branca, sem muito bronzeado e por isso levemente pálida. Seu nariz era fino, pouco pontudo e longo. 

Ele não tinha muitos pelos e não era muito forte ou sinônimo de masculinidade. Seus braços eram longos e suas pernas também, mas não eram finas, não chegavam no extremo da desnutrição. Seu queixo não era grande: Era definido e seu maxilar poderia ser comparado a um V, mas ainda era humano e não como garotos de desenhos japoneses e com olhos do tamanho de uma bola de golfe. Ao invés disso, ele era bonito.

Nenhuma palavra era dita, porque (S/N) não conseguiu dar pra ele alguma voz ainda. Era apenas eles, o vento e a paisagem do campo plano com alguns relevos aqui e ali. Parecia que ambos estavam hipnotizados, com seus olhos mal piscando devido a atenção que um tinha pelo outro. 

Será que o jovem a sua frente o via de forma diferente? Ele parecia um pouco chocado, mas estava de certa forma feliz de maneira controlada, sua surpresa e felicidade encoberta por feições frias. Um sorriso cresceu no rosto de (S/N), e também cresceu no jovem desconhecido na sua frente. (S/N) se remexeu na sua cama. 

A luz solar já espreitava pelas cortinas do quarto. As arvores que antes impediam a luz de chegar em definitivo no quarto não impedem mais. Já era manhã, ou melhor, tarde. Por mais que os raios de luz ameaçavam invadir as orbes cristalinas cobertas por sua pele, o jovem ainda estava deitado em sua cama, até o telefone tocar e começar a vibrar quase ao ponto de pular. Ele não estava sonhando, havia acordado fazia algumas horas... mas resolveu gastar seu tempo fantasiando sobre alguém que não existe,  era perfeito demais para a sua realidade... porém poderia viver, mesmo que fosse apenas em sua cabeça, mesmo que fosse miserável de sua parte. 

Ele abre os olhos. Olha para o relógio, vendo que era seis da tarde do dia 4 de Fevereiro. O restaurante foi inaugurado e a dúvida inflou o seu peito. Estava atrasado? Sua cabeça começava a trabalhar, já sem as algemas do calor da sua cama e dum pós-sono agradável... ele era um guarda noturno, por isso dormiu tão tarde, por isso havia acordado mais cedo do que ele havia preferido e por isso estava tão confuso de seu telefone estar tocando à essa hora. 

A lembrança de que seria o primeiro de 5 dias ou mais de trabalho como um guarda, e também o fato de estar ignorando uma ligação de seu possível chefe assustava-o o suficiente para ele acordar totalmente. O telefone estava vibrando fortemente enquanto a música padrão tocava e começava a perturba-lo. Em um movimento rápido, suas costas se ergueram, assim se sentando na cama. Um suspiro de alivio ao compreender que finalmente atenderia a ligação, e que sua ansiedade já estava diminuindo. 

Seu dedo pressionou lentamente o famigerado botão verde. A mensagem "conectando" apareceu, e o cronômetro da ligação se iniciou. Antes de sequer poder pensar em dizer "alô", (S/N) ouviu gritos desesperados de seu chefe, em pânico.

- Cara, pelo amor de deus! Você tem que vir agora, eu preciso de mais alguém urgentemente! Um dos animatrônicos sequestrou uma criança! Ele....ela simplesmente puxou a criança para dentro dela!! - A mensagem chegou aos ouvidos de (S/N) e foi processada. Pavor, desespero, (S/N) não sabia o que estava sentindo. Sua pele começou a perder a cor, calafrios e falta de ar. Alguém morreu no seu trabalho. Seu pai levou sua irmã para o restaurante.