Todos precisam de espelhos para se lembrarem de quem são

45 1 0
                                    

A criatura olhou para a TV a sua frente. O cômodo emanava uma energia e sinergia nostálgica para o palhaço. Desde locais que tivera boas memórias em sua casa, desde locais onde memórias melancólicas se residiam, com Chris sendo uma figura presente e carimbada em todas elas. A criatura suspirou.

Na TV, o aparato mais atual daquela espelunca morta, passava em imagens e numa linguagem verbalizada todos os protestos contra a Fazbear Entertainment... difamação e ódio nas redes sociais... ações caindo... um abismo sem fim. Mas ainda não era suficiente, havia mais lenha mofada para queimar. Sua fumaça tóxica e nojenta entraria no nariz de todos e iria fazer mal a todos, coisa que demorou tempo demais para acontecer. Por mais que fosse tarde, que fosse mais tarde do que nunca. A criatura sentiu pena. Não bastava esse esforço do povo, e pensou o quão deprimente era a ideia de que tudo isso estava apenas em suas mãos. Que assombroso era, todo um povo na mão de um messias.

A criatura vira a casa da família Afton. Sua família. Viu seu quarto, o quarto de Elizabeth... o quarto de seu pai, o mais solitário e morto de todos. Era uma enorme cama, com um tecido bem cuidado, com um branco puro, manchada por atrocidades e laços cortados. Eles, viram o guarda roupa do pai, com algumas características e nostálgicas roupas roxas. O homem de roxo, uma lenda que ninguém gostaria de ir fundo. As mãos da criatura tremeram. Seu corpo estava descansado, mas não o suficiente. O frio era um incômodo quase suportável, mas a mentalidade de que tudo isso iria mudar daqui à poucos momentos. Sua mão grande apertou o controle e o desligou.

O jovem alto andou para a sala de jantar, vendo um envelope aberto e uma foto da família quando tudo era mais normal e menos anormal. Seu eu mais jovem usava a máscara, mas ela estava um pouco mais acima, mostrando seu rosto juvenil e cabelos, além de mais sobre sua fisionomia, mais invejável para sua pouca idade na época. E ao lado estava seu pai, com sua carranca estoica de sempre e não muito empolgante. A criatura pegou a foto, e a rasgou em pedaços finos e compridos. Graciosamente o papel recortado à mão voou graças à um ar que passara naquele instante. Calmamente os papeis desciam e desciam... e chegou num ponto que, sem fazer barulho algum, a foto rasgada pousou no chão.

Michael veio a mente dos dois. Seus dentes se rangeram, com uma ansiedade sobre o futuro aumentando. Ele estava descansando e cansando sua mente cada vez mais de preocupação e medo, com medo dele não voltar. Sua face devia estar pálida, com seu corpo pequeno em comparação a criatura tremendo... se agarrando ao travesseiro, em um estado quase doente. Chorando em silêncio, para aliviar o caos que furava sua mente e carne. Um enorme pico de repulso atingiu a criatura. Seus olhos se afiaram. Ele precisava sair, eles precisavam acabar com isso agora. Seu querido e doce anjo estava esperando-o com pavor e preocupação, e uma tremenda vontade de voltar cedo para tal anjo fez o grande corpo da criatura começar a correr em direção à pizzaria.

Nas sombras a criatura corria. Seus dentes afiados estavam doendo de tanta tensão em sua mandíbula. Seu cansaço era descontado nesta tensão. A viagem passava rápido, porque o corpo deles moviam-se sozinhos por seu instinto insano, protetor e predatório. Era uma corrida contra o tempo, para ambos os lados. Seus corpos e almas estavam cansados por essa guerra, e sabia que, naquela maldita pizzaria... haveria armadilhas. A criatura de duas personalidades não sabiam quais, mas sabiam que William era astuto.

A mente da criatura era preparada com motivação e disciplina, com um toque de respeito ao inimigo para não tomar decisões tolas, um toque de raiva para os fazer lutar contra o perigo, toques de tristeza para reflexão sobre o perigo e também medo para se afastar do perigo caso necessário. Dias eram tempo demais, pelo menos o bastante para montar uma gaiola de depressões e de pavor, coisa em que o Homem de Roxo sempre fora especialista. O caos de anteontem havia alertado a mídia, e os executivos da Fazbear questionados eram. Michael, astuto e esperto, enviou o pacote com provas com uma carta escrita a mão. Por mais absurdos que os fatos fossem, os acontecimentos relevantes do último mês levariam detetives e policiais a abrirem um olho para aquilo, e foder de vez com tudo que era burocrático.

Carne e Osso (Ennard FNAF x Leitor MasculinoOnde histórias criam vida. Descubra agora