ESSE É O FELIPE?

31 5 4
                                    

RAFAEL

- Onde está o teu ficante? - Ricardo me perguntou e fiquei reflexivo de quem ele falava, o que quase me fez rir - quer dizer, o teu discípulo! - isso sim, me fez rir, o que era meio loucura, quase nunca eu e Ricardo estamos totalmente de boa e lá estávamos nós sentados no balcão da boate bebendo juntos, a gente até era amigo, só que ao mesmo tempo não era! Ainda não tinha entendido direito...

- Quando eu cheguei, sem querer vi ele transando num carro com Luka - ri mais com o garoto - meu deus, desde que perdeu a virgindade tá assim - já fazia muitas semanas que isso tinha acontecido e Felipe me contou mais ou menos, ele não era o tipo de amigo que te conta todos os detalhes, ele dá mencionadas aqui e ali e você tem que segurar sua curiosidade.

- Ele é flex, né? - Ricardo refletia e de fato era, eu nem sabia como teve coragem de ser o passivo logo de cara com Iago, ele me disse que queria perder o medo de uma vez, só que pelos poucos detalhes que obtive foi horrível, ao menos ele estava lá se divertindo por aí e pelo visto o ficante da escola tinha melhorado.

E com muitos caras... Estava quase tão pior quanto eu.

- Você e essa sua pergunta... Você chega nos cara tudo assim, muda! Chega a ser broxante - o acusei e ele riu, acho que a gente estava bêbado.

- É que quase nunca acho um ativo - ele deu de ombros e revirei os olhos com esse menino meio babaca e estranho, eu não o entendia... - mas me conta... Ele nunca fofoca direito pra mim!

- É sim, mas acho que com Luka não deve dar muita vontade de ser o ativo - é... Eu estava bêbado e do jeito que Ricardo ria também - uai, fica com o Felipe se tá com essa dificuldade - falei a contragosto, eu não gostava muito que os dois ficassem, eu não confiava tanto assim nele.

Não era ciúmes... Era porque Ricardo tinha algo que eu não compreendia.

- Pode ser, da última vez que ele me deu uma chance foi perfeito, entendo porque queira ficar o beijando sempre - ele sorriu meio orgulhoso, era só um boquete e ele já tava assim, já Felipe nem ligou. Mesmo assim, não julgo Ricardo tanto assim, afinal era Felipe.

- Vai nessa - reclamei e ele deu de ombros.

- Mas nunca fez nadinha com Felipe? - o garoto me perguntou curioso.

- Pior que não - balancei a cabeça - tipo, é divertido beijá-lo e tal - nossos beijos diminuíam a cada saída - só que eu prefiro conversar com ele e tal, acho que é pra a gente ser amigo, eu sei disso, ele sabe disso, só aconteceu assim e por mim tudo bem - sorri mais.

- Como assim? - ele enrugou a testa

- Não falaria isso pra Felipe, obviamente não quero assustá-lo, mas desde o primeiro dia que o vi aqui, soube que a gente seria amigo! Foi divertido ajudar ele e o provocar, mas fico muito feliz com uma amizade real, tá indo aos poucos! Não ligo se a gente parar de se beijar - me sentia leve.

- Cuidado, Rafa... Esse menino de qualquer forma tá no armário, não é como a gente, mês que vem volta pra capital pras férias e não vai falar contigo, duvido que se lembre quando ver os outros amigos - Ricardo me alertou.

- Eu sei, - ri um pouco - eu vou viajar, nem vou vê-lo, mas eu sei! Ele não tá preparado pra se assumir para os pais e nem amigos próximos, se fosse qualquer outro garoto eu estaria arrasado, só que algo me diz que devo esperar! Não vou forçar, no momento a gente é amigo normal, mas sei que vai chegar um dia que vamos ser próximos - falei confiante, eu acreditava muito nessas sensações.

- Você é estranho - fui criticado e dei de ombros rindo - acho que é nossa primeira conversa normal - ele refletiu.

- É verdade - fiz a gente brindar - não deve durar muito...

Contos de Itomé (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora