SEM "ÉLPIS"...

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Felipe

Por que eu sou assim?

Depois de tantas mensagens e discursos de Iago, eu fiquei com ele de novo... Eu sei que pode até parecer confuso, porque até tenho outros caras, mas eu fiquei com ele, me sentia até mal não ficando.

Era tão estranho.

Nada fazia sentido.

Depois de um jogo super importante e todos irem embora dos vestiários, realmente deixei ele me beijar... Não sei, porque fiz isso.

Mas eu fiz. E foi um beijo tão apático, nem senti nada...

E para piorar, pela segunda vez alguém entrou lá e foi Victor, só que dessa vez ele calmamente olhou pra minha cara e saiu sem dizer nada, enquanto eu disfarçava minha mão tremendo. Algo que fiz durante toda essa semana após aquele dia em sua casa...

Vê-lo me deixava nervoso.

Eu sabia que não estava bem, mas eu faria o quê?

Felizmente parecia que estava tudo bem, afinal Victor não disse nada! No final das contas ele tirou de mim o que queria... Eu não tinha mais nada para oferecer.

Iago sorriu sem ligar e eu meio desligado o acompanhei até em casa, o que gerou em sexo, mas... Não parecia que eu estava lá.

Será que eu ia voltar a ficar normal?

Os beijos até voltavam, mas ver Victor me preocupava, felizmente viria as férias em semanas e eu daria um pause a isso. Simplesmente fingir que esse drama não existia e ficaria no problema do meu melhor amigo.

Acho que fingir que minha vida não existe pode ser uma boa ideia.

Iago não me fazia sentir nada e xingar Victor parecia fácil e complicado. Poderia fazer, mas aguentaria quanto tempo?

Aquela noite com Iago foi estranha, nem sei explicar. Nem parecia eu. Nem que eu estava lá.

Estava até pensando em nem voltar à boate depois. Por que eu fiz isso? É ridículo, talvez seja melhor passar despercebido de novo.

Veria mais uma vez os garotos, mas só...

Melhor esperar a poeira baixar, já faria 18 e superaria aquilo...

Iago gostou e voltou super feliz comigo pra escola no dia seguinte, minha avó nem sonha que eu dormi fora de casa. Assim eu estava meio estático querendo apenas que o semestre acabe logo.

Mas então, enquanto eu andava para a sala, aconteceu...

- Felipe, é verdade que você é gay? - uma garota perguntou fazendo uma careta pra mim, ela sempre me dava um pouco do lanche dela, quase amiga, na verdade acho que queria me pegar, então não considerava, mas no momento me olhava com um certo nojo.

E o meu rosto? Nem sabia reagir.

Claro, tinha uns garotos que estavam sabendo de mim e dando em cima... Eu não dava tanta atenção, ainda mais que não era exatamente fofoca, como eles diziam queriam na "brotheragem", não iam sair divulgando, sinceramente ridículo, eu não gostava tanto assim disso. Só que pra ela chegar e dizer isso é porque algo saiu do meu controle.

O que estava acontecendo?

- Quê? Não - mal respirei pra responder e queria morrer por isso.

É simples, mas às vezes negar quem a gente é, adoece... Não é sobre hoje, é sobre todos os dias.

Contos de Itomé (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora