Salvação.

𖤐...Assassinato

𓆩ʚ𝐌𝐎𝐑𝐆𝐀𝐍𝐀 𝐍𝐈𝐒𝐇𝐈𝐊𝐎𝐑𝐈ɞ𓆪

Emma parecia tímida, estava triste. Shinichiro me contou como ela havia se tornado a irmã dele do dia para a noite.

Emma foi abandonada pela família. Decidi ser amiga dela apenas por isso, pois foi abandonada pelas pessoas que deveriam cuidar e amar ela. Emma parece ser alguém legal e não merecia isso.

Só...não estou gostando do jeito que o Manjiro está tratando ela. Não tem necessidade de ficar abraçando ela toda horas!

Os minutos se passaram de forma rápida, Emma parecia bem desconfortável e não quis conversar muito comigo. Ela saiu correndo e se escondeu em algum lugar do Dojo.

-Acho que ela não gostou de mim, só gostou do Manjiro! -Respondi fazendo uma careta de desgosto com aquilo.

-Ela só está desconfortável, acabou de conhecer a nova família. É muita coisa para a cabecinha dela raciocinar. Dê um tempinho a ela e você irá ver como a Emma é legal. -O Shinichiro respondeu enquanto fazia carinho em minha cabeça.

Ela não parecia nem um pouco desconfortável ao lado do Manjiro. Mas tudo bem, irei esperar ela se acostumar comigo.

Se passar meses e a Emma não quiser ser a minha amiga, os Sanos não vão deixar mais eu ficar com eles? Vão me expulsar? Não, não preciso ter esses pensamentos bobos, o senhor Sano jamais iria me proibir de ir na casa dele.

-Shini, quando os seus amigos vão vir me ver? Estou saudades deles. -Perguntei.

-Eles estão ocupados ultimamente, todos arrumaram uma namorada. -Shinichiro respondeu coçando a nuca.

-Todos estão namorando, menos você! -O Manjiro falou rindo da cara do irmão.

-Não se preocupa, daqui a pouco você arruma uma namorada cega. -O tranquilizei.

-Cega?

-Sim, só uma pessoa cega poderia namorar com você. Se quiser namorar com aquela loira peituda que está sempre dando foras em você, precisar trocar de roupas. As vezes, eu acho que você se troca no escuro. -Respondi de forma rápida, Manjiro concordou com as minhas palavras.

-As vezes me pergunto porquê ainda converso com vocês dois. -Shinichiro respondeu enquanto começava a se afastar. -Vou ir ali fora fumar, fiquem aqui sem brigar, entendeu?

-Sim! -Falamos em uníssono enquanto observamos o Shinichiro se afastar.

-Vamos brincar de pega pega enquanto não chega o horário do treino. -Manjiro falou animado enquanto colocava a mão em meu ombro. -Ta com você!

Retiro o kanzashi do meu cabelo, meus cabelos logo caíram em meu rosto. Guardo o objeto dentro da bolsa que eu sempre trago junto comigo nos treinos, depois disso pego um lacinho de cabelo e amarro em um coque. Tenho que retirar o Kanzashi do cabelo pois ele pode acabar machucando alguém sem querer.

Antes de começar a correr atrás do meu melhor amigo, sinto uma dor horrível no peito, sinto vontade de chorar. Nunca tive uma sensação tão horrível como agora, me viro para o lado pois tive a certeza que alguém tocado em meu braço, mas...não havia ninguém.

-Manjiro! -gritei seu nome enquanto começava a correr atrás dele, tento esquecer.

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Me sinto nervosa, seguro a mão do Shinichiro. Ele estava me levando embora para casa, terei que ficar com a vizinha até minha mãe chegar do serviço. Eu odeio ter que ficar com ela, aquela mulher tem cinquenta anos e vive com mais de setenta gatos. Ela é maluca, da última vez ela me deu um bolo mofado para comer.

Passei uma semana mal da barriga por conta dela. Aquela mulher deveria estar presa por tentativa de assassinato! Ela tentou me matar com o bolo mofado...

Assim que o Shinichiro soltou minha mão para que pudesse abrir a porta de casa, solto um suspiro surpresa ao notar que a maçaneta estava suja com dígitos de...sangue, retiro rapidamente o Kanzashi do meu cabelo, pronta para atacar quem seja ali dentro. Não é horário da minha mãe voltar, meu pai chega em casa as sete da noite e eles sempre deixam a porta aberta, não há chaves de emergência escondidas em algum lugar do lado se fora.

Sinto ansiedade crescer em meu peito, como se algo estivesse errado.

-Shinichiro...a porta está aberta...-Murmurei parando enfrente a porta, o Sano já estava prestes a ir embora quando parou e se virou confuso em minha direção. -Shiiiu, fique aqui. Pode ter um ladrão lá dentro, ligue para a polícia agora!

-Morgana! -Ele me chamou, mas apenas ignorei e abri a porta devagar sem tocar na maçaneta, seguro o palito afiado em minhas mãos pronta para defender o meu lar.

"Toujours Luth, Morgana" a frase de meu pai martelava em minha mente me encorajando a entrar. Sinto um calafrio percorrer meu corpo ao notar que a entrada da casa, estava suja de sangue.

Dessa vez não consigo segurar direito o Kanzashi em minhas mãos, elas tremem sem parar. Tem algo de errado, de quem é esse sangue?

Adentro a cozinha primeiro, nada. Não havia nada, nada além de uma bagunça enorme. As panelas estavam jogadas no chão, a geladeira estava aberta e os produtos empalhados.

-Céus...-Shinichiro murmurou ao meu lado, ele estava me seguindo em silêncio. -Morgana, vamos esperar a polícia do lado de fora.

Ignoro ele, meu ouvido estava zumbindo e eu tentava manter a calma. De quem é esse sangue? De quem? Tem bastante sangue no chão, não é de alguém machucado...de quem é esse sangue?

Entramos na sala, sinto vontade de vomitar ao ver a cena. Pisco diversas vezes, as gotículas de água salgada se formando em meus olhos. Desejo estar em um sono, quero que isso seja um sonho. Não é verdade, não é. É um pesadelo.

O Kanzashi que estava em minhas mãos caiu no chão.

Dou alguns passos para frente, minha visão borrada. Me abaixo, toco em seu pulso tentando achar algo. Mas é óbvio que não tem, veja só o estado dela! Olhe o que fizeram com a minha mãe, coitada...coitada, porquê fizeram isso?

Minhas mãos mancharam de sangue no momento em que retirei seus cabelos de seu rosto, seus olhos ainda estavam abertos. Vejo eles com atenção, seus olhos azuis estavam sem cor, os fecho com cuidado. Meus olhos vão para o seu pescoço.

Céus...os bandidos estavam com tanta raiva.

-MORGANA! -Shinichiro gritou em desespero enquanto fechava meus olhos e me virava com tudo. -PORRA! eu falei que tínhamos que esperar a polícia. Garota teimosa!

-M-mamãe...-Murmurei sentindo os braços do Shinichiro se envolverem em mim, ele me pegou no colo e para isso, teve que destampar meus olhos.

Ele correu para fora da casa comigo, continuo observando tudo, a minha mãe...está morta.