Salvação.

𖤐...Febre

Permaneço ao lado dele durante toda a noite, esperando ele acordar. Usando a roupa que eu havia pego, o cobertor estava com Sirius então usei apenas o meu roupão para me cobrir, a noite demorou para passar e parecia uma eternidade. Ao amanhecer, escuto meu nome ser chamado diversas vezes antes que a porta da garagem seja aberta, vejo minha tia e meu pai. Ambos preocupados.

-Estamos a uma hora procurando por você, Morgana! -Minha tia falou de modo sério, brava. -Foi você que fez aquela sujeira na cozinha, garotinha?

Ignoro ela, não querendo responder pois ela está sendo rude demais. Meu pai veio até mim e logo parou ao ver Sirius.

-Você passou a noite aqui, Morgana? -Papai perguntou de forma calma, ele ainda parecia cansado. -Yū, pode voltar para cozinha que eu resolvo as coisas aqui com a minha filha.

Meio contragosto, minha tia saiu dali murmurando que eu não tinha educação e nem sequer modos. Ela estava brava somente com a sujeira, e não com o fato de que eu sumi.

-Papa, eu sai para caminhar e encontrei ele jogado na rua sozinho. A mãe dele também morreu por conta de homens maus, ele estava machucado e eu o ajudei. -Respondi de modo orgulho.

Sirius estava com as patas cortadas, tive que fazer pontos nele. Ele não poderá andar até eles fecharem, por isso preciso ficar ao lado dele caso ele sinta dor, fome ou sede.

-Morgana, foi bonito da sua parte querer ajudar ele, fico feliz em saber que você preferiu ajudar um animal machucado do que deixar ele morrer...porém, você não pode sair de noite enquanto estiver caindo uma tempestade. -Ele respondeu ficando na minha altura, tento não tremer em sua frente mas foi impossível. -De noite, estava frio e chovendo. Você dormiu na garagem e sem um cobertor, vai ficar resfriada.

-Eu estou bem, papai! -Murmurei, sua mão foi até minha testa.

-Você está com febre. -Ele respondeu de modo preocupado e pronto para me pegar no colo, toda aquela falação e agitação havia feito Sirius acordar e soltar um pequeno uivo de dor.

-Ele acordou, papai! Está com dor, não quero deixar ele aqui sozinho. -Respondi de modo firme. -Se tentar me pegar, mordo a sua mão até sair sangue.

Ele soltou uma pequena risada, enquanto colocava as mãos na cintura e me olhava de forma pensativa. Sua atenção foi para o kit de primeiros socorros que estava jogada no chão.

-Vou ligar para o meu amigo veterinário, ele vai cuidar do Sirius. E você, vai tomar o seu café da manhã e tomar remédios. Depois vai direto se deitar. -Ele falou usando seu tom sério, ele só usava quando eu me recusava a ir para a escola.

-O veterinário não vai querer levar ele para longe de mim? Ele vai ficar bravo pois eu tratei dos ferimentos, vai chamar a polícia e eu não quero ser presa. -Respondo temendo aquilo.

-Ele é um antigo amigo de faculdade, não vai denunciar ninguém para a polícia. -Ele respondeu enquanto me pegava no colo.

Olho para Sirius, ele parecia estar melhor do ontem. Mas ele ainda sente dor, ainda mais depois que o analgésico terminou. Vai ser bom um veterinário profissional ver ele.

-Volto daqui a pouco, amiguinho. Não precisa sentir medo, eles não são homens maus. São bonzinhos! Esse daqui é o meu pai. -Falei olhando para o animal, para deixar ele sossegado. Sirius olhou para mim e para meu pai, entendendo minhas palavras.

Sirius ficou mais calmo, abaixou sua cabeça e voltou a dormir.

-Podemos ficar com ele? Eu cuido dele. -Falo deitando minha cabeça em seu ombro. Sinto sono. -Papai, ele não tem mais uma mãe, algum homem mau matou ela. O coitado vai ficar sozinho na rua se eu não cuidar dele.

-Qual é o nome dele?

-Sirius.

-O Sirius irá dormir junto com você em seu quarto, porém, você vai ser a responsável por ele. Toda bagunça que o Sirius fizer, vai sobrar pra você limpar. -Ele respondeu andando para fora da garagem e entrando na casa, passamos pela tia Yū que limpava isso chão com o pano.

Nem notei que eu havia sujado tudo de barro, irei me desculpar mais tarde com a minha tia, por mais que eu não seja tão próxima a ela, não é certo fazer isso. Ela está sendo tão gentil deixando nós ficarmos aqui.

-Prometo cuidar bem dele. O Mikey e o Jones vão gostar do Sirius, eles podem vir aqui mais tarde? -Perguntei fechando meus olhos, sentindo dor de cabeça.

-Sim, vocês podem fazer um piquenique no quarto, vai chover em breve. Sua tia nem vai ligar em ter aqueles dois aqui, se quiser pode até convidar aquele analfabeto. -Papai respondeu agora em tom choroso, como se estivesse segurando o choro.

-O Baji vai estar ocupado hoje, ele fez um amigo novo. -Respondi. -O nome do garoto é Kazutora, nome bonito. Vou conhecer ele na segunda.

-Mas um pirralho pra turminha? Céus, o Shinichiro e o Wakasa vão enlouquecer tendo que cuidar de tanta criança. -Papai falou me colocando encima do futon do nosso quarto.

-Não damos muito trabalho assim, só o Mikey que faz bagunça. -Falei. -Ele tem uma irmã nova, a Emma. Eles querem que eu seja a amiga dela. Mas eu não gosto dela, ela fica me olhando e não diz nada.

Papai colocou um termômetro em mim.

-Emma Sano? Fiquei sabendo um pouco sobre ela, não se preocupa, você está estranhando no começo mas vai se dar bem com ela. -Ele respondeu enquanto pegava o celular do bolso. -Vou ligar para o meu amigo, fique com isso até apitar.

-Ok. Depois que ele vier, você pode trazer o Sirius até aqui? -Perguntei e ele concordou com a cabeça.