"estou preocupada
com você",
foram as palavras
que saíram da boca dela
ao ouvir, por fim,
meu pedido
de socorro.mas é que eu sei bem
que essa preocupação,
acompanhada de "me promete..."
só se importa com meu corpo.ela queria se certificar
de que poderia abraçar
a minha carne amanhã,
ou seja, queria se certificar
de que a minha dor
não se expandiria
para o meu corpo.senti uma pitada de raiva
naquele momento porque
percebi que ela amava só meu corpo,
pois se amasse quem eu era
saberia que eu estava morta
há muito tempo
e que o caixão
não significava nada.olhei em seus olhos,
chateada com o egoísmo
de não deixar a minha alma descansar
por querer manter meu corpo aqui,
e falei: "não se preocupe,
amanhã você me verá"
acabei com a preocupação dela
que, obviamente, não era relacionada
ao meu sofrimento.amanhã você me verá,
poderá me abraçar
e sentir a frieza
do meu corpo oco
que pede,
uma última vez,
por socorro.– por que ela não enxerga?
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poesias que nasceram da dor
Poesíaquando a dor aparece, o que resta é a poesia. talvez você esteja quebrado e se identifique com alguma página. eu, como poetisa, tento descrever a sua dor através da minha própria dor. ps: cuidado, o livro pode causar alguns gatilhos.