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Lili Reinhart

O plano era simples. A maioria dos quartos daquele hospital funcionavam eletronicamente, poderiam ser abertos ao mesmo tempo na sala de controle, eu só tinha que arranjar um jeito de entrar lá e abrir todas as portas sem ser notada, o que também era fácil já que eu era amiga de todos os funcionários, incluindo os guardas. Passei aquele mês criando uma rotina onde eu levava uma garrafa de café para a sala de controle e ficava papeando com os dois guardas responsáveis pelo local. Não seria difícil ir até o painel sorrateiramente e acabar abrindo tudo.

Por que soltar todos os pacientes? Para criar uma distração. Estariam ocupados demais tentando controlar os outros loucos – muitos agressivos e agitados – e não iriam perceber Cole vestido de médico por entre as pessoas. Ele iria até o estacionamento onde eu havia deixado meu carro em um ponto cego do local com o porta-malas aberto. Sairíamos de lá sem nenhum problema.

O único empecilho era saber como iríamos abrir a porta do quarto de Cole, já que era um dos que não funcionava eletronicamente. Mas logo ele conseguiu resolver isso e me garantiu que teria a chave e a roupa de médico pelas mãos de outra pessoa que não fosse eu, diminuindo mais os riscos de ter o meu nome na lista de suspeitos. Ele teve que seduzir uma das enfermeiras, algo que não foi difícil para ele e que, devo confessar, me incomodou. Apesar disso eu me mantive focada no plano e deixei minhas emoções de lado.

— E ela disse isso mesmo? — eu ri de algo que o guarda Paul dizia. — Sua ex é muito desnecessária.

— Eu estou dizendo, estou certo! — ele disse batendo no ombro de Marcus para se provar. — Ainda bem que temos uma pessoa mais sensata nesta sala. — falou se referindo a mim.

— Viu, Lili? Alimentou o ego do cara. — Marcus revirou os olhos.

Eu sorri e tomei um gole do meu café observando enquanto eles se distraíam em uma discussão amigável. Eu estava encostada contra o painel, sutilmente levando minha mão até os fios abaixo dele. O fio mais grosso abria as portas eletrônicas, incluindo os portões principais do prédio. Alguns loucos fugiriam, mas isso deveria ser relevado pela minha consciência por enquanto.

Com a minha unha, eu fui apertando, puxando e tentando quebrar o fio. Finalmente consegui rompê-lo. Demorou cerca de quarenta segundos até começarmos a ouvir um burburinho no corredor.

— O que é isso? — franzi a testa e fui até a porta. — Parecem gritos. — ergui minha mão até a maçaneta.

— Oh, merda! — Paul berrou olhando as câmeras de segurança. — Doutora, não abra a...

Eu abri antes de ele terminar a frase e dei de cara com um paciente que estava em pé do lado de fora e começou a me encarar como uma estátua de cera. Dei um passo para trás quando ele avançou, mas ele conseguiu me empurrar e eu caí em cheio no chão.

— Mas que droga! — Marcus berrou e partiu pra cima do paciente, o algemando e levando-o dali.

— Para a sua segurança, todos os médicos e enfermeiros por favor evacuem o prédio pelo corredor principal da ala norte. — Paul avisou no alto falante. — Lili, você vai ter que sair. — falou enquanto me ajudava a levantar.

— O que diabos aconteceu!? — tentei forçar uma cara de pânico.

— Vai ficar tudo bem. Talvez tenha sido algum erro no sistema, mas vai ficar tudo bem. — garantiu. — Por favor, ala norte. Lá está vazio por enquanto, seja rápida.

Eu apenas assenti e saí da sala correndo em direção à ala norte. Não apenas eu, mas dezenas de enfermeiros e médicos estavam correndo por ali, desesperados para chegar ao estacionamento, pegar seus carros e ir embora.

Reaper ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗOnde histórias criam vida. Descubra agora