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Lili Reinhart

Nossa primeira noite ali foi tranquila. Nenhum vizinho deu as caras, o que foi ótimo. Ainda não estávamos no clima para forçar a socialização mesmo que soubéssemos que teríamos que fazer isso em algum momento. As notícias sobre o incêndio fatal na minha antiga casa estavam a mil por hora no estado do Texas.

Meu irmão estava sendo assediado por jornalistas, mas não saiu de casa desde que tudo aconteceu. Da família de Cole, apenas seu pai e sua irmã falaram com a mídia. Ambos disseram estar desolados, mas que já esperavam que a vida dele teria um fim em breve. Melanie estava tão mal que nem foi capaz de aparecer em algum momento.

E o que o Cole disse quando lhe mostrei os vídeos? "Ótimo, deu certo". E continuou se concentrando no quadro que pintava em seu estúdio recém montado. Não que eu estivesse esperando alguma empatia, mas talvez um "que pena que eles se sintam assim" fosse ser algo um pouco mais normal.

Na manhã seguinte, eu resolvi tomar um pouco de sol enquanto meu agora marido finalizava sua obra. Ele pintava um retrato meu como disse que faria. Ainda naquela semana, o apresentaria à Savannah Wilson, dona da galeria de artes que havia se interessado em conhecer os talentos de Cole após eu enviar o falso currículo com muitas experiências e cursos renomados no ramo artístico.

Eu vestia um desses vestidos de verão de malha fina, longo e com um lascão na perna. Ele era branco com estampa de girassóis, tinha um decote com um bojo que acentuava os meus seios e alças finas. Para completar, eu usava óculos escuros enquanto lia um livro. O sol estava forte, mas não tanto a ponto de ser prejudicial para a minha pele. Por que minhas vestimentas merecem ser destacadas? Bom, parece-me que elas chamaram a atenção do vizinho, que não parava de me olhar por entre as frestas da cerca.

Achando aquilo divertido, eu passei meu pé pela minha perna bem no meio do lascão do vestido, deixando minha coxa de fora. Ri quando o ouvi tropeçar em alguma coisa e resmungar um palavrão. Olhei sutilmente na direção da cerca, por cima dos óculos como se só então tivesse notado que ele estava ali. De repente comecei a ouvir alguém subindo o que parecia ser uma dessas escadas dobráveis. E aí esse alguém apareceu no topo da cerca. Não era exatamente o vizinho que me vigiava, mas o filho dele.

— Bom dia, senhora Thompson. — ele sorriu.

— Bom dia. — sorri também.

— Meu pai acha que não deveríamos incomodar vocês ainda, que devemos dar um tempo para que vocês se adaptem e não se assustem com toda a energia dessa vizinhança, mas eu não consegui aguentar, tinha que dizer um oi. — ele parecia gentil.

— Oi, vizinho. — eu ri de leve. — Eu sou a Lili.

— Eu sei.

O olhei com estranheza.

— Não me leve a mal. Falei com o seu marido ontem à tarde, ele acabou dizendo o seu nome.

— Entendi. E qual é o seu nome?

— Thomas.

— É um prazer conhecê-lo, Thomas.

— Pra mim também. — sorriu de canto, desviando sutilmente seus olhos para as minhas pernas. — O que a senhora está lendo?

— Ah, por favor, senhora não! — dei risada. — Acho que eu não sou tão mais velha do que você.

— Eu também acho que não. Você é ótima. Quer dizer... Você parece ótima. — pigarreou.

— Oh, obrigada. E quantos anos você tem?

— Vinte e dois. E você?

— Não se pergunta isso para uma mulher. — brinquei. — Mas digamos que quando você nasceu eu estava descobrindo como era ter seios.

Reaper ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗOnde histórias criam vida. Descubra agora