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Lili Reinhart

Comecei a colocar o meu plano em ação. Os relatórios que estava fazendo sobre as sessões de terapia eram bem diferentes da realidade. Neles, eu dizia que existia uma espécie de empatia em Cole, que ele tinha traumas e que esses traumas haviam desencadeado um transtorno mental bem diferente de psicopatia e que poderia ser tratável. Talvez Cole odiasse que eu o colocasse como louco em meu diagnóstico, mas era necessário para alcançar a sua liberdade.

Alegar demência naquele caso não o tiraria de sua pena perpétua, mas o transferiria para uma prisão hospitalar. Uma clínica psiquiátrica para detentos. Eu sabia exatamente para qual eu iria transferi-lo e pediria para acompanhá-lo e tratá-lo lá. Era um lugar onde eu trabalhei por muito tempo, conhecia como a palma da minha mão, sabia todos os horários de todos os funcionários. Seria fácil fugir de lá. E depois que Cole fizesse o que eu queria, estaria à própria sorte, porque eu não o ajudaria mais a se esconder.

Mantendo o meu disfarce de psiquiatra profissional, eu cumpri o papel de ir visitar a família adotiva de Cole. Eles eram ricos, tinham uma casa enorme e seu próprio mordomo, que me recebeu assim que cheguei. Como o Cole podia odiar tanto aquilo?

Primeiro eu conversei com Matthew e Melanie. Eles me falaram sobre como Cole sempre foi frio, mas pareceu mudar depois de ter começado a fazer terapia. A verdade era que o grau de psicopatia de Cole parecia ser tão alto que ele conseguia enganar até seu próprio terapeuta, como certamente fez no passado. A mim ele não enganava simplesmente porque não queria, mas poderia caso desejasse.

Depois de seus pais, foi a vez de falar com Camila, a irmã. Vale ressaltar que todos os três aparentavam estar muito abalados e tão melancólicos que até eu tive vontade de chorar só de olhar em seus rostos.

— A gente costumava se divertir bastante. — ela disse. — Só era esquisito quando ele dizia certas coisas... — desviou o olhar.

— O que ele dizia? — perguntei.

— Bom... — suspirou. — Houve uma vez em que nós estávamos sentados na beira da piscina e o papai estava cortando a grama do jardim. O Cole me perguntou o que eu achava que aconteceria se o cortador de grama passasse sobre a cabeça do papai. E essa foi só uma das coisas que me assustaram.

— Seu pai disse que ele acordava no meio da noite e ia até o quarto de vocês.

— Sim. — assentiu. — Ele ficava olhando a gente dormir. Perdi as contas de quantas vezes me assustei ao acordar no meio da noite e ver ele parado em um canto me encarando como a porra de um espírito. Mas ele fazia isso bem mais com o papai. Ele ficava horas olhando o papai dormir. Era como se estivesse o vigiando.

— O Cole tem problemas paternos que vêm da sua família biológica, você deve saber.

— Meus pais foram informados sobre isso quando o adotaram, mas ele parecia uma criança normal no início. Achamos que se déssemos muito amor e carinho ele ficaria feliz e se sentiria seguro aqui. Eu acho que o Cole nunca se sentiu seguro. — entristeceu-se. — O pior é que achamos que ele estava bem, ele estudou, se formou, começou uma carreira. — uma lágrima rolou por seu rosto. — E de repente nossas vidas viraram de cabeça pra baixo.

— Eu sinto muito. — coloquei minha mão sobre a dela.

— Seu diagnóstico é o que irá decidir a pena dele, certo? — sem esperar resposta, ela agarrou minhas duas mãos e me olhou com súplica. — Sei que meu irmão fez coisas ruins, mas ele não é um monstro. Ele teve boas intenções. Por favor, não deixe que o matem. — sua voz estava embargada. — Eu imploro...

— Eu tenho que ser sincera com o meu trabalho. — me mantive séria. — Seu irmão terá o destino que precisa ter, independente de qual for. — fui dura.

Reaper ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗOnde histórias criam vida. Descubra agora