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Cole Sprouse

Os dias que se seguiram foram de observação. A polícia estava andando em círculos como ratinhos em labirinto, não conseguiam avançar de jeito nenhum e estavam sendo pressionados pela mídia. A população estava eufórica, posts em redes sociais divulgando nomes e imagens de abusadores enchiam o feed de todos. Cada um queria que eu matasse alguém, o que me deixava um tanto aborrecido, pois não era a ovelha no rebanho daquelas pessoas. Eles não podiam fazer pedidos de assassinatos como se eu fosse uma empresa de delivery.

Eu saía todas as madrugadas com um dos carros de Lili, o que ela menos usava e que era mais discreto. Eu usava um moletom e um boné, sempre ia aos lugares que Ernest frequentava e já sabia toda a sua rotina semanal. Ele era advogado criminal, defendia merdinhas iguais a ele e os livrava da prisão.

Ernest trabalhava cinco dias por semana das oito da manhã às cinco da tarde e dormia na casa da noiva quase todos os dias. Pois é, eles não moravam juntos. No domingo ele ficava em casa e só saía para passear com o seu cão, um golden retriever jovem e agitado. À noite, ele recebia uma garota, sempre uma diferente todos os domingos. Prostitutas, pude reconhecer. Uma vez merdinha, sempre um merdinha.

Passei duas semanas entrando na casa de Ernest todos os dias enquanto ele estava trabalhando. Não tinha câmeras de segurança, ele era um cara bem desorganizado, mas limpo no geral. Depois do terceiro dia que invadi, seu cachorro – que descobri se chamar Marlon – já não latia para mim e até vinha me receber balançando o rabo e se apoiando nas patas traseiras para me cumprimentar.

Meu plano estava quase todo pronto e é claro que eu tive a ajuda de Lili para montá-lo. Eu teria que mudar o meu modus operandi. Ao invés de simplesmente rapita-lo, eu iria deixar falsas pistas de que Ernest fugiu do país para não se casar e viver a sua vida livre das exigências de seu pai. Seria fácil porque ele realmente estava sendo obrigado a se casar com a filha do governador por puro interesse de seu pai, a quem Ernest sempre foi extremamente obediente. Deu para descobrir isso pelas trocas de mensagens que vi ao invadir seu notebook e a linguagem corporal de ambos nas fotos de família.

Seria naquela noite, então eu comprei algumas passagens de avião confusas usando a conta de Ernest. Ele era péssimo com senhas e eu estava acostumado a lidar com sistemas de segurança, já que invadia o da polícia civil atrás de próximas vítimas. Todas os vôos aconteceriam ao longo da semana, com o primeiro saindo da cidade dali a três horas.

Subi até o quarto dele, peguei algumas malas e coloquei a maioria das coisas dentro delas, além de um pouco de dinheiro e objetos que eu julguei serem importantes para ele. Deixei as malas dentro de um dos armários para pegar depois.

Ouvi o carro de Ernest chegar e me escondi no banheiro da sala. Estava usando luvas cirúrgicas e segurava uma seringa com um forte anestésico que paralisava todo o corpo, incluindo as cordas vocais. Essa era a melhor parte em ter uma médica ajudando com isso.

Ouvi o homem entrar resmungando ao telefone com alguém.

— Ok, Sarah, podemos fazer esse jantar. Vai estar feliz se eu concordar!? — berrou irritado. — Se eu ficar com cara de bunda não quero você reclamando sobre isso depois, ouviu?

Era a sua noiva e pelo visto ele não mudou muito o modo de tratar suas parceiras.

— Eu te ligo depois. Tá, tá. — ouvi quando ele bufou e arremessou o celular em algum lugar. — Cacete, que mulher chata! Pelo menos quando nos casarmos vai ser mais fácil controlar aquela boca barulhenta.

Reaper ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗOnde histórias criam vida. Descubra agora