Capítulo 14 - Má sorte de Mônaco

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- Como eu ajudei você? Mal tivemos tempo de nada e agora você está me falando que vai se mudar a Paris...

Angel ficou em silêncio encarando o piloto.

- Não sei se gosto disso - Charles continuou.

- Não gosta de que eu esteja saindo de um buraco e indo a caminho da fama?

Charles ficou em silêncio e andou de um lado para o outro no quarto com o dedo indicador no queixo.

- Venha morar aqui, comigo.

O queixo de Angel caiu levemente.

- O-o que? - a garota se repreendeu mentalmente por gaguejar.

- É - Charles sorriu - Venha morar aqui, comigo. Foda-se, eu pago o que precisar. Passagens de avião ou de trem a Paris, como quiser ir, eu pago, mas esteja aqui quando eu voltar de viagem, esteja comigo quando eu perder uma corrida e quando eu vencer.

Angel sorriu. Não conseguia acreditar que Charles estava tão facilmente na palma da sua mão - e ela também na dele.

- Você quer que eu venha morar com você? - Angel repetiu para si mesma - Eu, que vou sair às onze da noite para voltar só de manhã? Tem certeza disso?

Charles negou com a cabeça.

- Você não vai mais voltar para aquele lugar - Charles saiu do quarto.

Angel fez uma careta e riu, sarcasticamente.

-É... Charles, eu não sei como funciona na Fórmula 1, mas na vida real, em uma boate de strip, as coisas não funcionam assim - Angel se lembrou de quando ela fugiu de Henriette, mas aquela situação era diferente.

- Monaco é minúsculo e eu não conheço direito os donos dessa boate, não sei do que são capaz - Angel se recostou no balcão da cozinha.

Charles fez uma careta ao abrir a geladeira.

- Pelo o que você já passou? - Charles encarou Angel com uma caixa de suco de laranja na mão.

Angel negou com a cabeça.

- Já passou, não quero falar sobre isso...

- Então, vai morar comigo?

Angel ficou em silêncio encarando Charles, pensando em como aquilo era loucura.

- Nos conhecemos a pouco tempo, Charles. Tem certeza disso?

O piloto deu de ombros.

- Se não tivesse, não chamaria. Parece certo, Angel...

A garota suspirou e pensou em Esme, depois pensou em como seria maravilhoso morar naquele apartamento com aquela cama confortável, uma TV na sala, comida na geladeira, sem ouvir gemidos ou sentir cheiro de cigarro.

- Está bem, eu moro com você...- Angel sorriu para Charles que colocou o suco de laranja em cima do balcão para envolver a garota pela cintura.

Angel sorriu enquanto o piloto a envolvia, ela não queria se apaixonar por Charles, Angel repetia para si que não estava apaixonada por ele. Angel não confiava nele, não confiava em ninguém - apenas em si e um pouco em Esme.

A culpa de Angel ser desconfiada era de seu pai que foi embora, quando ela tinha dezesseis anos. Enquanto Angel crescia, via seu pai beber até não se aguentar em pé, mas antes do homem cair, ele batia na mãe. No dia seguinte, ele acordava dizendo que ia mudar e depois fazia tudo de novo. Até que um belo dia, o homem foi embora e começou uma nova vida - com uma nova família, onde tudo era perfeito.

Angel não fazia questão de saber onde o pai estava, o que estava fazendo ou com quem morava, ela não gostava nem mesmo de lembrar da existência dele. Se não confiava em Charles, mesmo parecendo certo, a culpa era do Sr. Beaumont.

Fools | 1 | Charles LeclercOnde histórias criam vida. Descubra agora