Douglas despertou, sentindo leves tapas em sua bochecha, e com um clarão que ardeu os seus olhos sob as pálpebras.
Ele resmungou algo incompreensível, até para ele mesmo, e os tapas cessaram.
--- Este aqui acordou! - ouviu uma voz masculina --- Consegue abrir os olhos, garoto?
--- Hmmm... - reclamou. Sua cabeça doía.
--- Consegue... Abrir... Os olhos? - o homem perguntou pausadamente.
O menino não respondeu, mas lentamente foi abrindo os olhos. Ele piscava as janelas oculares várias vezes, incomodado com a forte luz perto de mais de seu rosto.
--- Apaga isso. - sua voz saiu rouca e arrastada.
A claridade foi substituída pelo escuro e ele sentiu-se mais a vontade para abrir os olhos.
--- Quantos dedos você vê?
O homem lhe apresentou 4 dedos erguidos, mas Douglas não conseguia responder. A sua cabeça doía demais, não lhe permitindo raciocinar direito.
--- A minha cabeça... Dói. - sussurrou.
--- Vou te tirar daqui e na delegacia conversamos melhor.
--- De-delegacia?
--- Você e os seus amigos estão sendo acusados de invasão domiciliar. Os vizinhos ouviram barulhos e gritos; chamaram a polícia.
--- Meus amigos... Meus amigos...
Parecia que Douglas estava delirando. Seus olhos não paravam quietos, girando para todos os lados.
--- Venha comigo. Consegue levantar?
O garoto viu uma mão grande estendida e a segurou. Sentiu o corpo ser puxado com força e logo estava sob os pés. Ele não conseguiu identificar onde estava, apenas deixou ser guiado por aquele desconhecido.
Chegaram num carro, e quando a porta foi aberta, Douglas entrou sem questionamentos. Era nítida a sua desorientação. Ele caiu no sono, no mesmo instante em que o motor do carro roncou, entrando em movimento.
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Como da primeira vez, Douglas despertou com leves tapas no rosto, mas desta vez não tinha clarão, então rapidamente ele abriu os olhos, deparando-se com o seu amigo Lucas lhe encarando. Os olhos castanhos lhe analisavam, curiosos e divertidos.--- Achei que nunca mais fosse acordar. - falou com um sorriso sapeca.
--- Onde estamos?
--- Na delegacia. - era a voz de Sophia.
--- Sophia?
Lucas saiu de sua frente, e ele pode ver a garota sentada do outro lado - do que ele pode perceber - da sala.
--- A própria.
--- Mas... O que... O que... O que estamos fazendo aqui?
--- Pergunte ao babaca do Lucas.
--- Eu não forcei ninguém a entrar naquela casa. Cada um foi por livre e espontânea vontade. - Lucas se defendeu.
Sophia suspirou irritada.
--- A minha mãe vai me matar.
--- Eu pensei que você estava morta. Quer dizer... Eu vi você morrer. - disse Douglas.
--- Tá louco? Estou bem viva. Ainda né, não sei o que será de mim quando a minha mãe chegar aqui.
--- Você viu ela morrer? - Lucas perguntou.
--- Sim! Você a matou!
--- Eu?!
--- Que papo de drogado é esse, Douglas? - questionou, Sophia.
--- Não... Não é papo de drogado. Não é possível que só eu vi aquelas coisas.
--- Que coisas?
--- Naquela casa amaldiçoada! Vocês dois foram possuídos por um demônio! Primeiro você, Sophia. E depois você, Lucas. Você matou ela quando ela estava possuída! - falou exasperado.
--- Amigo, acho melhor você descansar um pouco. Esta noite mexeu com a sua cabeça.
--- Não! Não, não, não, não, não! - choramingou --- Por favor, digam que estão brincando.
--- Não estamos. - Sophia respondeu.
Douglas estava a ponto de surtar. Não queria aceitar que tudo o que aconteceu naquela casa foi apenas coisa da sua cabeça; foi tudo muito real. Real de mais para não ter realmente acontecido.
Ele ainda conseguia sentir o medo, o pânico. A sensação tenebrosa que era estar naquele lugar.
--- O que aconteceu, então?
--- Estávamos explorando a casa numa boa. E a polícia chegou. Eu tentei fugir, mas fui capturado. Não sei o que houve com você e Sophia. Encontrei vocês aqui.
--- O cara falou que os vizinhos ouviram barulhos e gritos.
--- Sim, eu vi um rato e gritei. Lucas foi tentar me ajudar e fez mais barulho do que deveria. E é por isso que estamos aqui. - Sophia explicou, emburrada.
--- Você é tão culpada quanto eu. - Lucas acusou a amiga.
--- Não aconteceu nada disso. Eu não lembro. Eu não ouvi você gritar, Sophia. Eu que gritei, porquê vi um demônio! - Douglas já estava altamente irritado.
--- Da última vez que o vi, você estava comendo uma barra de chocolate, sentado na escada. Talvez o açúcar tenha bagunçado com o seu cérebro - Lucas foi até Sophia e sentou ao lado dela --- Descanse, Douglas. Quando a polícia chegar, saberemos qual será o nosso destino.
Douglas não poderia explicar como, mas os seus olhos começaram a pesar e um sono forte o tomou. Ele tentou lutar contra, tentou controlar as pálpebras, mas o cansaço estava mais forte do que ele.
Entretanto, antes que ele fosse nocauteado pelo sono repetino, pode jurar que os olhos de Sophia e Lucas brilharam.
Brilharam intensamente azuis.
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Não Olhe Para Trás (conto de terror)
Horor🥇Primeiro lugar na categoria terror. [Concurso Galáxia] 🥇Primeiro lugar na categoria conto. [Concurso Lua Produções] 🏅Classificação única na categoria terror. [Concurso Imagination] Numa aventura perigosa, Sophia, Douglas e Lucas desafiam a própr...