Já posso eu fugir deste lugar...
Onde todos são amadores
No que fazem, no que são
Onde o Sol nasce continuamente no Leste
E se vai, estafado e só, no OesteOnde o futuro é conhecido
E o passado uma dádiva
Onde os olhares são gritantes
E as palavras não dizem nadaOnde a natureza é sequestrada,
a bela arte é assassinada
E sob tal lamento não há nada a se inspirar:
Pois ar te faltaOnde as rosas são maçantes
E as cartas, descartadas
Onde o amor se é coragem
E tal coragem, injustiçadaOnde o medo é sabedoria
E a sabedoria é medo
Logo, o diferente se torna imundo
Onde os mundanos são espelhosOnde se pisca e o tempo passa
Onde o tempo passa e não se pisca
Pois a morte é a tal certeza
Impedindo quaisquer arriscasOnde em museus há multidões
E em corações há museus
Onde as cores só são vistas no preto e branco
Uma vez que visto tanto pranto, a visão se esvaeceuOnde não há Sonho Americano:
O tal sucesso absoluto que nunca nasceu
Pois se sonha numa realidade triste
Onde nos sonhos morreu até MorfeuOnde tudo já não é mais
E tudo o que ganhamos é um pequeno momento
Em um intervalo de tempo
Que vem e se desfaz
Lembrando-nos, em memórias,
De como é bom
Aquele momento fugaz...