✔| 𝓘𝐍𝐒𝐈𝐃𝐄 𝐎𝐔𝐓 ‹𝟹 sally face

today is THE day.

Ontem foi supostamente o dia em que Jane iria para o presídio falar com Sal. Hoje ela me daria notícias e eu estou extremamente nervosa quanto a isso, com certeza ela contaria o que não tive tempo, ou até mesmo coragem de dizer a ele.

Nesse meio tempo, aconteceram coisas que, sinceramente, não me surpreendo por estar quase fazendo parte do meu dia a dia. Jake trouxe pessoas estranhas para casa sem a minha permissão e eu as expulsei com um cabo de vassoura, encheu Candy de comidas gordurosas e me trancou para o lado de fora da minha casa. Não adiantava trocar as fechaduras das portas, pois ele sempre conseguia uma cópia. O ápice foi quando Adelaide pediu demissão, eu implorei pra que ela ficasse, mas ela disse que não aguentava mais ser dispensada enquanto estava vindo para cá. E agora, cuido de Candy, totalmente sozinha. Jake aparece quando dá na telha e some por vários dias, não me importo, acho que é melhor para nós dois. Agora, virei mãe "solteira" novamente, embora já fosse, ainda recebia um certo apoio de Adelaide. Mas agora estou completamente sozinha, de novo.

Mas houve uma que me deixou surpresa: O fato de Candy estar se afastando de mim aos poucos. Ele sempre fora muito apegado a mim. A última vez que dormimos juntos foi há um dia atrás, agora ele se esconde em seu quarto, me evitando. Desconfio que seja Jake, mas até mesmo quando ele não está aqui, ele permanece sozinho, sempre sentando na cadeira oposta a minha quando vamos fazer alguma refeição, evitando sempre me olhar. O garoto tem cinco anos, não acho que isso seja normal.

— Vamos lá, querido, você tem que comer. — Insisti em seu almoço, frango grelhado com brócolis. Por incrível que pareça, ele não tem muita frescura para comer, mas dessa vez eu estava ficando irritada com suas atitudes.

— Quando papai vai chegar? — Revirei os olhos e empurrei o prato para a sua frente.

— Ele não vem. — Disse friamente enquanto perfuro alguns brócolis para fazê-lo comer e deixei o garfo na frente de seu rosto, esperando que ele pudesse abrir a boca para pegar pelo menos um. — Vamos, abra a boca.

Ele negou com a cabeça e eu suspirei fundo.

— Coma pelo menos o seu frango? — Pedi de forma gentil e ele negou, revirei os olhos com sua atitude. — O que você quer então?

— Vou esperar o papai trazer a minha comida. — Cruzou os braços. — Não quero frango com brócolis, é nojento. — Me mostrou a língua e eu arregalei os olhos assustada com a sua atitude.

Nunca passou pela minha cabeça o que vou fazer agora, portanto, suspirei fundo e tomei todas as coragens do mundo para fazer isso.

— Christopher. — Falei seriamente. — Vá para o seu quarto e só saia de lá quando eu mandar. — Me doeu o coração. Nunca precisei ser bruta com ele dessa forma.

— Por quê?! — Perguntou irritado.

— Anda! — Falei entre dentes, quase rosnando.

Ele me encarou feio e empurrou a sua cadeira de forma brusca para poder se retirar da mesa, ele andava rápido como se já quisesse fazer isso há muito tempo. Seus pés calçados por uma meia antiderrapante de coelho batiam fortemente contra o piso até que se virou na direção da porta de seu quarto e fechou a mesma bruscamente.

Eu estava preocupada com a mudança repentina de personalidade de Candy. Ele costumava ser um menino tão dócil e meigo.

Passado alguns minutos desde o ocorrido, a campainha da minha casa toca e eu me levanto rapidamente. Olho pelo olho mágico e vejo uma figura familiar loira. Assim que abri a porta ela me encarou com uma expressão de peixe morto e eu logo arqueei a sobrancelha.

— O que houve? — Ela colocou o dedo na minha cara como se me impedisse de falar. Parecia bêbada. — Jane! — Chamei sua atenção.

— Oi. — Ela disse acordando do mundo da lua.