Capítulo Dois :O Homem devoto

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— Tio Jaime? Chamou a primeira princesa, Thyri, a garota já estava alguns anos mais velha após a morte de seu pai, e desde a morte do homem, a garota pode ter a certeza de que o único homem que de fato cuidava dela era o segundo príncipe e tio, príncipe Jaime Braganzah. Mesmo sendo considerada, por muitos, um prodígio no campo de batalha, Thyri se sentia protegida, como se fosse sua filha. — Tio Jaime!

— Você não deveria entoar tais profecias se nem mesmo você acredita, Galandiel. Disse o homem em transe.

A voz forte da garota fez com que o homem despertasse de sua meditação e olhasse ao redor, se familiarizando com o ambiente. A garota pareceu um tanto impaciente e cética, mas, ao mesmo tempo, confusa com as palavras de seu tio, afinal, com quem ele falava? Devido à natureza pacífica e religiosa do homem, era comum vê-lo meditar, porém, suas meditações pareciam estar cada vez mais o colocando em um sono profundo e mais estranho que o habitual. Pelo menos era o que a mente da menina acreditava.

— Quem é Galandiel?

Príncipe Jaime era um homem gentil, entre os irmãos, era o homem mais calmo e pacifico que alguém pudesse conhecer. Sua natureza dócil o deixava bastante manipulável nas mãos de pessoas ruins. Jaime sorriu um sorriso paternal para Thyri, se dando conta de sua presença e ignorando sua pergunta.

— Pequena Titi, perdoe-me por deixá-la sozinha, eu perco a noção do tempo quando me encontro com Deus. Disse o homem com um sorriso soturno em seus lábios, a garota conteve-se em não revirar os olhos, de fato, não era uma pessoa de crenças, e muito menos acreditava em uma existência divina que permitisse a maldade humana, no entanto, era justamente por seu tio ser um homem de fé que fazia a garota se espelhar a ser uma soberana misericordiosa e sábia, se e somente se, um dia conseguisse subir ao trono como uma mulher, a primeira mulher rainha daquele reino, Thyri desejava que fosse uma parcela do grande homem que o segundo príncipe era, mesmo sendo um devoto.

— Acabei de vir da torre, daquela torre... está ficando cada vez pior, os criados morrem ao chegar perto dela, todos têm medo e eu não os culpo, eu tive que deixar comida e água para ela diariamente, tio, ela estava há um mês sem comer, porque os criados não queriam deixar sua comida no quarto, ninguém tem coragem de subir, se eu for para o continente dos selvagens lutar com...

— Não, não permitirei que a leve daqui. Interrompeu o homem, a garota ficou em dúvida se ele falava dela ou de sua prima que vivia presa na torre, afinal, não iria sugerir que levasse uma garota de 8 anos para um campo de batalha, na verdade, iria sugerir uma morte pacífica e gentil para uma garota amaldiçoada e sem amor, normalmente para todos, o segundo príncipe era um clérigo de atitudes calmas e voz branda, mas sempre que Thyri e somente ela, começasse a querer tirar a filha de Alexander do castelo, Jaime sempre se mantinha firmemente contra aquela decisão, o homem pareceu distante.

— Então vamos matá-la, acredite, eu não quero... mas aquilo não é vida, o senhor precisava ver como ela está, depois que... o senhor não entende, ela é só uma criança, não merece passar por tanta crueldade... um mês tio, ela ficou um mês sem comida, não sei como sobreviveu, talvez ela seja um demônio, onde o senhor estava que não a salvou? Matá-la é um ato de misericórdia.

Apesar de está visivelmente incomodado com as palavras da garota, Jaime nada disse, apenas pegou a tocha na qual a garota carregava, e andou de forma rápida até o altar do deus do Fogo Eterno, despejando um pouco de óleo, o homem colocou fogo e o altar brilhou, as imagens fantasmagóricas que refletiam e faziam sombras na catedral, deixaram a garota com um sentimento esquisito de que estavam sendo observados.

— Visito a pequena Gwendolyn todos os dias, sei que eu deveria visitá-la mais, mas temo que meu pai ache que estou conspirando para usurpar o trono e obter a menina como apoio político, ser filha de Alexander pode obter apoio, apesar de todos a detestarem por um destino que nem mesmo ela previu, por culpa de suas escolhas mundanas. A garota franziu as grossas sobrancelhas, os olhos azuis claríssimos a deixaram com uma expressão de impaciência e confusa, estava cada vez mais difícil ter uma conversa normal com o segundo príncipe. — Mas de fato, negligenciei seus cuidados, não sabia que estava há tanto tempo meditando... acredito que a maldição de meu pai esteja crescendo... como se fosse uma praga se espalhando e reduzido uma pessoa a um corpo moribundo.

A Guerra dos Arcanjos e a Princesa dos DemôniosOnde histórias criam vida. Descubra agora