one shots byler

moon dance

Uma noite de folga após casados;

🌙

A noite estava fria, com o vento forte batendo rudemente nas janelas, cantando de forma ameaçadora, como nos antigos desenhos de terror em seus castelos mal-assombrados, como em Gasparzinho, com a Lua brilhando fracamente mas se fazendo conhecida por detrás das nuvens escuras da quase madrugada.

O som da TV estava baixinho, mas no silêncio compartilhado, o casal conseguia escutar muito bem os diálogos do filme, já praticamente decorados em suas mentes. Não estavam prestando tanta atenção assim no filme, para serem sinceros.

Will estava produzindo uma leva de quadros que entrariam em vendas na sua pequena lojinha compartilhada logo logo, tendo de correr contra o tempo para finalizar todos desenhos e traços nas telas antes em branco, agora coloridas como os sonhos do Wheeler. Will Wheeler. Já tinha se acostumado, mas o pensamento sempre lhe causava um formigamento confortável na boca do estômago.

Mike estava finalizando sua trilogia de romance, sua primeira tentativa de colocar romances românticos em suas histórias, e por incrível que pareça, estava sendo aceito de braços abertos pelos apaixonados que se encontravam em suas palavras.

No meio de tanto trabalho, ainda tinham de cuidar de suas duas filhas, agora ambas com cinco anos de idade, o auge da bagunça e dos "por que?" eternos que confundiam as mentes dos pais despreparados, ainda aprendendo a serem pais, não existe um manual, de qualquer forma. Era difícil, um desafio e tanto, mas estavam mais do que contentes e orgulhosos de suas pequenas, sempre sorridentes, inteligentes, educadas e adoráveis. Claro, tinham seus momentos de choro inacabável e birra comum, mas que crianças não tiveram suas fases?

E naquela noite, após cobrirem suas garotinhas e beijarem suas testas, suspiraram, cansados, e trocaram um olhar conjunto, se entendendo sem a necessidade de palavras.

"Que tal sexo?"

"Olhe para você, não vamos aguentar dois minutos."

"Filme?"

"Soa melhor."

"Pipoca?"

"Na cozinha."

Mike concordou, roubando um rápido e divertido beijo de seu marido, correndo para a cozinha, tentando ao máximo não fazer barulho.

Após a adoção das pequenas, raramente tinham momentos sozinhos. O que não era totalmente ruim, era mágico saírem como família, almoçarem entre risadas e assistirem filmes ouvindo os comentários das garotinhas que não entendiam nada muito bem, mas prestavam atenção com a devoção de filhas que tentam agradar seus pais.

Mas, sentiam falta dos momentos íntimos que antes tinham em abundância. Dos beijos em qualquer canto, do sexo também em qualquer lugar que lhes desse vontade, das maratonas de filmes complexos, dos momentos silenciosos tão apreciados, apenas aproveitando a presença um do outro.

Mike surgiu na sala com um pote de pipoca enquanto Will já o esperava no sofá, enrolado em sua coberta forrada, que já iria fazer aniversário de três anos, mas ainda dava para o gasto. Sorriram, tão acostumados com o ato, mas sempre sentindo como se fosse a primeira vez, sentados no sofá com suas paixões, com toques casuais que agora estavam em suas rotinas.