Kitana bate com insistência na porta do escritório real, mas não recebe resposta além do silêncio. Raiden se aproxima da princesa com um ar de preocupação e pergunta com a mão no queixo:
— Será que sua mãe passou mal?
Kung Lao se aproxima um pouco e diz:
— Bate com mais força!
Jade chega ao local e faz questão de não ser percebida por ninguém, apenas observa a cena. De repente, os presentes foram surpreendidos com um súbito barulho na maçaneta da porta, e surge a figura de Liu Kang com o rosto empalidecido, como uma criança que fora surpreendida em uma traquinagem. E logo atrás estava a rainha que arrumava a tiara que insistia em querer sair de sua cabeça. Kung Lao fica curioso em saber o que os dois estavam fazendo naquela sala, mas não ousa perguntar, por ser um rapaz bem observador percebeu que o batom que ela usava estava um pouco borrado. Passou uma ligeira desconfiança em sua mente, mas não quis alimentá-la, resolveu ficar calado. Kitana fez uma expressão de garotinha curiosa e perguntou:
— Posso saber do que falavam?
Sindel não ousa a olhar para Liu Kang e o interrompe quando ele ia falar:
— Estávamos falando sobre o casamento de vocês, filha.
— Fico muito feliz em ver o meu amor a essa hora da manhã – disse Kitana beijando o rosto do noivo e pegando a mão dele e o convida para um passeio no jardim, Liu aceita de prontidão e não olha para trás para que ninguém desconfie do que aconteceu há poucos minutos atrás.
A rainha coloca alguns fios de cabelo por trás das orelhas e passa a mão ligeiramente em seus longos cabelos esbranquiçados, volta o olhar para Raiden e fala:
— Não me avisou que viria.
— Eu não costumo deixar avisado a minha vinda aos reinos – disse Raiden deixando escapar um sorriso – Mas se preferir eu mando um mensageiro para fazer isso...
— Não precisa – disse Sindel passando a mão no braço dele – É que fiquei surpresa da sua visita.
— Gostaria de conversar em caráter particular com sua majestade – falou Raiden se aproximando da porta do escritório – Se isso não for nenhum incômodo.
— De modo nenhum – a rainha fez um gesto para que ele entrasse – Entre, por favor.
Raiden entrou primeiro no escritório, seguido por Sindel que fechou a porta pedindo antes licença para o shaolin que acabou ficando do lado de fora. Kung Lao fez questão de não se importar se ficaria do lado de fora ou não, indo em direção a escada para se sentar e esperar o seu mestre sair da sala. Queria achar algo que pudesse afiar a lâmina de se chapéu para não ficar sem fazer nada. Logo, ele avistou Jade arrumava o seu cabelo fazendo um novo rabo de cavalo, ele ficou um pouco surpreso por não ve-la junto a Kitana, pois sabia que eram grandes amigas. Resolveu puxar uma conversa com ela.
— Oi Jade! – disse ele se aproximando da edeniana – Só te vi agora.
— Não tem problema – falou Jade sem encará-lo – Eu não queria ser notada.
— Por que está dizendo isso? Sempre vi você sorrindo e hoje está com uma cara de...
— De quê? De bunda?
— Não foi o que quis dizer. Desculpe-me. Mas que você está chateada, isso está.
Jade percebeu que estava sendo um pouco arrogante com Lao, estava se sentindo uma tola ao trata-lo daquela maneira. Para repreender a si mesmo pediu perdão ao shaolin, por estar o tratando de maneira tão rude. Ele deixou escapar um sorriso franco e deixou claro que não guardou ressentimentos com relação ao comportamento da guardiã. Tirou o chapéu que estava em suas costas e pediu passando os dedos levemente na parte metálica do capelo:
— Será que você pode arranjar algo para eu afiar a lâmina do meu chapéu?
A moça logo notou que o shaolin estava curioso em saber o motivo de ela estar chateada, não se fez de difícil e pediu para que ele a acompanhasse até a cozinha do palácio. Enquanto caminhavam, Kung Lao ficou olhando os quadros e estatuetas espalhados pelo largo corredor e deixou escapar algumas palavras.
— Pensei que você estaria com Kitana quando nós chegamos.
Jade o olhou de relance, soltou o ar que tinha nos pulmões devagar e disse:
— Eu e Kitana tivemos uma discussão essa noite e... Desde então não nos falamos.
— Poxa vida! – disse Lao em tom de lamento – Eu acho a amizade de vocês muito bonita, não podia acabar com uma discussão... Boba.
Jade não queria expor o teor da discussão da noite passada, por receio de ele ir comentar com Liu, afinal eles eram quase como irmãos e pensou que não existiam segredos entre eles. Não saia da cabeça de Jade a feição amedrontada de Kang, como se estivesse algo ilícito com sua majestade.
Entre os dois reinou um silencio profundo. Eles chegaram à cozinha e Jade pegou o afiador de facas que estava em cima de uma das pias, entregando em seguida para Kung Lao, que logo começou a afiar a lâmina de seu chapéu.
(...)
— Eu só queria saber se há alguma instabilidade em seu governo, majestade – disse Raiden que segurava um copo com licor que fora oferecido pela rainha.
— Bem – disse Sindel se encostando a sua mesa – Há alguns rebeldes que não concorda com o retorno de Edênia, mas está tudo sobre controle. Tenho soldados os contendo.
— Isso é bom – falou enquanto caminhava pela sala – Mudando de assunto, eu queria saber sobre o que você e Liu conversavam.
Sindel sentiu um medo em seu interior. "Será que Raiden desconfia de algo?" pensou em seu íntimo. Ela respondeu:
— Era sobre o casamento dele com minha filha.
— Ah sim! É que pensei que você estava com algum general ou governante de outro reino e estava em uma conversa muito séria.
— Por que diz isso?
— Pela porta estar trancada e você demorar para abri-la.
— É que... Eu estava longe da porta.
Raiden não desconfiava do sentimento mútuo entre Sindel e Liu Kang, apenas fez essas perguntas por pura curiosidade.
(...)
Enquanto Lao passava o afiador em seu chapéu, Jade conseguia ver pela janela a princesa passeando de mãos dadas com Liu Kang. Queria tirar aquela suspeita de traição de sua cabeça. Ao ver toda aquela cena naquela manhã, a sua repulsa por Liu aumentou mais, mas tinha medo de transparecer isso para alguém. Poderiam pensar que ela estaria com inveja da amiga de ter um namorado. Lao estava sentado em um banco e perguntou a ela:
— O que tanto você vê?
Jade se assustou quando Lao perguntou, pois estava muito concentrada em seus pensamentos. Ela respondeu:
— Não é nada de importante. – ela voltou-se para o shaolin – Você é bem curioso hein?
Kung Lao sorriu e disse:
— Pessoas misteriosas me deixam curioso.
— Eu sou misteriosa para você?
— Você está escondendo algo de mim, tem medo que eu saiba não é?
— Ai Lao! Afie o seu chapéu e me deixe quieta.
— Eu sei que você está preocupada com Kitana e o relacionamento dela com Liu – disse Lao se levantando e colocando o chapéu em suas costas, encostou a mão no ombro da guardiã – Eu também estou preocupado com Liu Kang.
Jade voltou-se para o shaolin, um pouco desconfiada e perguntou:
— Por que essa preocupação com ele?
— Pela primeira vez ele desobedeceu a um dos monges da academia Wu Shi e veio até aqui. Ele não é assim.
Jade ficou feliz em seu intimo, pois sentiu que alguém falava a mesma língua que a dela. Estava disposta a falar o que pensava sobre Liu Kang.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Crime da Rainha
FanfictionDepois da derrota de Shao Khan, Sindel traz Edenia de volta tornando-se rainha. No dia da sua coroação Kitana lhe apresenta Liu Kang como seu futuro esposo, mas o que Sindel não contava é que se apaixonaria por seu próprio genro. A rainha se vê entr...